terça-feira, 20 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
CONCORDÂNCIA DO VERBO PARECER
Numa locução verbal (combinação de dois
verbos: auxiliar + v. principal) as flexões de tempo, modo, número e pessoa se
dão nos verbos auxiliares; o chamado principal (ideia da ação verbal), não
flexiona e é sempre empregado numa de suas formas nominais.
Entretanto, nas construções formadas pelo
verbo parecer + infinitivo, pode-se flexionar o verbo
parecer ou o infinitivo que o
acompanha:
Flexionando o Verbo Parecer (construção
corrente)
●
As paredes pareciam
estremecer.
●
Os astronautas parecem duvidar do que viram.
●
Os astros parecem
caminhar no firmamento.
●
As
certezas pareciam ser incertas.
●
As borboletas parecem
bailar.
Flexionando o Infinitivo (construção literária)
●
As
paredes parecia estremecerem.
●
Os astronautas parece duvidarem do que viram.
●
Os
astros parece caminharem no firmamento.
●
As certezas parecia
serem incertas.
●
As
borboletas parecia bailarem. ®Sérgio.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
O ACRÓSTICO
São composições
poéticas, nas quais, as letras iniciais, de cada verso, formam uma ideia, uma
frase, uma palavra ou um nome. Quando se juntam as letras, tem-se o acróstico
propriamente dito, que se lê na vertical, de cima para baixo ou no sentido
inverso.
Fazia bem em me
dizer
E grata lhe
ficaria
Razão porque em
verso me dizia
Não ser o
bom-bom para si...
A não ser que na
pastelaria
Não lho queiram
fornecer
D’outro motivo
não vi
Ir tal levá-lo a
crer.
Não sei mesmo o
que pensar
Há fastio para o
comer?
Ou não tem massa
pr’o comprar?!
Peço porém me
desculpe
Este incorreto
poema
Seja bom e não
me culpe
Sou estúpida, e
tenho pena
O Sr. é muito
amável
Aturando esta...
pequena...
(Poema de Ofélia Queirós dedicado a Fernando Pessoa)
Se a combinação das
letras se processa no meio dos versos, tem-se o acróstico mesóstico; se no fim, o teléstico.
Quando as primeiras letras formam o alfabeto, tem-se o abecedárius ou o acróstico
alfabético. Se o nome é formado da primeira letra do primeiro verso, da
segunda do segundo verso, da terceira do terceiro verso, e assim
consecutivamente, tem- se o acróstico cruzado.
O acróstico foi
praticado na Antiguidade pelos escritores Gregos e Latinos e na Idade Média
pelos monges. Cícero, escritor e filósofo romano, afirmava que os Oráculos
Enigmáticos eram organizados em acróstico. No Velho Testamento,
podemos encontrar um acróstico, no salmo
118. Na Idade Média, os poetas o empregavam para ocultar, discretamente, o
nome da bem-amada. Em português o acróstico apareceu no Cancioneiro Geral
(século XVI) e foi praticado por Camões no soneto CCIX, cujo primeiro verso é
"Vencido está de amor meu pensamento". No Barroco chegou a ser uma
verdadeira mania.
Já foi feito acróstico
em prosa, com as letras do começo de cada parágrafo.
O acróstico não passa
hoje de um exercício lúdico, isto é, de um jogo, de um divertimento. Entre nós
tem sido cultivado esporadicamente, sem maior interesse literário.®Sérgio.
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
BARDO: O TROVADOR DO REINO UNIDO
Atualmente o termo "bardo" é usado como sinônimo de
"poeta". Entretanto, originalmente, esse vocábulo significava – entre
galeses, irlandeses e escoceses – a espécie de poetas e cantores, que
empregavam o talento para elogiar os príncipes e reis, celebrar feitos de
guerra e conservar a memória das classes aristocráticas. Alem disso,
elaboravam, às vezes, poesia de cunho satírico. Não seria sem razão dizer que o
"bardo" correspondia ao "trovador" da poesia trovadoresca.
Lá pelo século VI, alguns brados emigraram para a Betranha francesa,
levando seus poemas e canções. Ora prestigiados, ora em desgraça, conseguiram
se mantiver até o século XVIII, então reduzidos a condição de vagabundos ou
mendigos. ®Sérgio.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
CONCORDÂNCIA DOS VERBOS: FALTAR, BASTAR E SOBRAR
Esses verbos concordam normalmente com o sujeito. Portanto:
● Faltam dois minutos para a meia-noite.
● Falta um minuto para a meia-noite.
● Sobraram muitos doces e salgados na
festa.
● Bastam duas crianças para a casa virar
do avesso.
● Basta uma criança para a casa virar do
avesso.
● Faltam poucos minutos para bater o sinal
de saída.
● Faltam duas semanas para terminar a
competição.
● Falta uma semana para terminar a
competição. ®Sérgio.
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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
RITUAL PARA REVERTER UM PERÍODO RUIM
Um amigo atravessava um período bastante negativo. Estava mergulhado numa
série de problemas sem mais saber como emergir deles. A coisa estava tão feia
que ele estava topando qualquer coisa para se salvar. Ele já estava quase
apertando o nó da corda quando alguém lhe passou um ritual, que, segundo ele
foi "tiro e queda" na reversão do período ruim. Se você também atravessa
um período negativo, aí vai a receita do meu amigo:
Prepare o Seguinte
Material:
Uma vela branca em um suporte.
Um incenso de patchulli.
Um cobertor.
Um sino.
O Ritual
Encha uma banheira ou bacia (grande) de água com um pouco de sal. Acenda a
vela e entre na banheira ou na bacia. Permaneça na banheira o tempo necessário
para relaxar. Concentre-se na lavagem de todas as vibrações negativas. Depois,
saia da banheira, seque-se e vista uma túnica ou roupão. Segure a vela com uma
mão e o sino na outra. No sentido horário visite todos os cômodos da casa,
badalando o sino enquanto caminha. Erga a vela diante de cada janela, porta e
espelho e em seguida toque o sino, dizendo:
— Trevas! Fujam deste sino e desta vela, que entre o equilíbrio e vá
embora a escuridão.
Coloque a vela no suporte, acenda o incenso e espalhe a fumaça lentamente
sobre o seu corpo. Deite-se em uma posição confortável e enrole-se no cobertor,
deixando apenas o nariz e a boca descobertos, para permitir sua respiração.
Feche os olhos. Relaxe completamente e deixe-se levar às profundezas da
terra. À medida que afunda, derrame sua infelicidade e seus sentimentos
depressivos na Mãe Terra e no Senhor da Floresta. Se você sentir vontade de
chorar, chore, pois lhe fará muito bem.
Agora esvazie sua mente de qualquer pensamento. Deixe seus sentimentos
fugirem ao controle da mente consciente, deixe rolar o que tiver que rolar...
Você sentirá então, o abraço da Mãe Terra e a escuridão e a depressão de
seu interior começarão a se desintegrar. Uma paz profunda tomará conta de todo
o seu ser.
À medida que sente estar dirigindo a mente para pensamentos mais positivos,
comece a se livrar do cobertor. Mas saia lentamente de dentro dele, como se
fosse um bebê nascendo para um novo mundo. Uma vez livre do cobertor, estique
os braços e as pernas. Não se espante se estiver rindo ou chorando de emoção, é
bem normal.
Agora dê boas-vindas às mudanças que floresceram dentro de você, e salve-se quem puder! ®Sérgio.
domingo, 27 de novembro de 2011
ANTIGA LENDA CHINESA
Na hora de ir para o trabalho, um
lenhador dá falta do machado. Observa seu vizinho: tem o aspecto típico de um
ladrão de machados, o olhar os gestos e o modo de falar de um ladrão de
machados. Mas o lenhador encontra sua ferramenta, que estava caída por ali. E, enquanto torna a observar seu vizinho, constata que não se parece nem um pouco
com um ladrão de machados, nem no olhar, nem nos gestos, nem no modo de falar. ®Sérgio.
sábado, 26 de novembro de 2011
OS CABOCLOS QUE SE INVEJAVAM
Conta o povo, que viviam num lugar pequeno, muito
afastado dos centros mais civilizados, dois homens que se queriam muito mal. Os
moradores da região tentaram de tudo para fazê-los amigos; porém, como o ódio
era de coração, não durava neles a amizade que prometiam. Esse ódio, cada vez
mais forte, acabou incomodando o Criador. De maneira, que ele resolveu enviar a
Terra um de seus assistentes, a fim de inquirir ambos os homens, o melhor que
pudesse, para saber a causa de tanto ódio; porque sabendo o princípio do mal,
mais fácil se faria a paz.
O Criador logo tomou ciência de que era pura inveja
que cada um tinha dos bens e da fazenda do outro, porque nisto eram quase
iguais e abastadamente ricos; porém, cada um desejava ver-se acima do outro,
ainda que fosse à custa de ver o outro perdido e destruído. O mesmo mal que um
queria ao outro, lhe queria o outro a ele.
Desejoso de levar a paz a ambos, o Criador envia
outro emissário, que os encontra em pleno bate-boca e lhes diz:
— Sejam amigos e nosso Pai terá o prazer de lhes dar
tudo o que quiserem pedir do Reino dele. Porém, com uma condição: o que um
pedir, para não haver inveja, ao outro ele dará em dobro.
Eles, a primeira vista, aceitaram e agradeceram ao
emissário, crendo que cada um ficaria avantajado ao outro; porém quando caíram
na conta que, ainda que um pedisse muito, o outro receberia dobrado; nenhum
queria ser o primeiro a pedir, para não ficar com menos que o vizinho.
Tal situação irritou o Criador que desceu a Terra e
lhes ordenou que sorteassem a quem coubesse pedir primeiro. Feito o sorteio,
àquele que coube pedir, ficou um instante a meditar e depois prosseguiu, nestes
termos:
— Senhor, eu já sei o que hei de pedir e se cumprir
a sua palavra, ficarei contente e amigo do meu vizinho.
O Criador prometeu cumprir sem falta; então, ele se
pôs de joelhos, beijou-lhe a mão, e logo pediu:
— Senhor, tire-me um de meus olhos!
O Pai Eterno, espantado com o pedido, lhe diz:
— Jesus! E por quê?
E o homem tornou a dizer:
— Porque, conforme a sua promessa se me tirarem um
olho, hão de tirar os dois olhos dele; e assim, vendo este dano, eu me contento
e serei amigo do meu vizinho.
Pois é, a inveja é o diabo! ®Sérgio.
____________________
Nota Sobre o
Texto: Este conto foi inspirado em um “caso” que circulava na tradição popular
lusitana.
CASAS DE MADEIRA OU DE MADEIRAS
Raramente, mas muito raramente se
pluraliza o adjunto adnominal ligado por preposição:
●
Casas de madeira.
●
Árvores da praça.
●
Anéis de noivado.
●
Noites de tempestade.
●
Eram noites de inverno.
●
Os jogos de futebol foram suspensos até segunda
ordem.
●
Havia muitas casas de sapê.
●
Sabia muitas canções de natal.
●
Adoro pastéis de forno. ®Sérgio.
A SER OU A SEREM? - Verbos & Dúvidas
A forma correta é [a ser]. A razão é que, quando temos dois ou mais verbos se
referindo a um mesmo sujeito (locução verbal), só o primeiro deles deve
flexionar-se para concordar com o sujeito, ou seja, só ele é conjugado. É por
isso que se diz “Eles precisam ser mais humildes” e não “Eles precisam serem
mais humildes”. A flexão do infinitivo seria supérflua, já que está claro que
seu sujeito é o mesmo do verbo anterior:
● Os
débitos devem ser corrigidos.
● Eles
tendem a ser teimosos.
● Os
compromissos não podem deixar de ser
cumpridos.
● O
caixa separou os produtos a ser
substituídos.
● O
filme veio a ser transformado num trunfo
valioso para todos.
● Estudou as obras a ser
utilizadas no exame do ENEM. ®Sérgio.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
JESUS ARVORIFICADO
Jesus pode não ter sido exatamente crucificado, mas sim, arvorificado.
É a teoria do arqueólogo Joe Zias, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Diz
ele que as vítimas dos romanos eram mais comumente crucificadas em árvores, pregando-se
uma tábua de madeira no tronco para prender os braços do condenado. ®Sérgio.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
PORQUE BARRABÁS?
No julgamento, a
multidão teria pedido que Barrabás (era costume da Páscoa, naquela época a
libertação de um condenado) fosse solto, em vez de Jesus? Porque, Barrabás era um tipo de sicário, ou seja, judeus que saiam armados de punhais para matar
romanos na calada da noite como uma forma de vingança pela destruição do templo
pelo imperador romano Vespasiano. Por isso, os sicários eram assassinos amados
pela população. ®Sérgio.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
CLEÓPATRA E O TAPETE
Conta Plutarco, num episódio lendário da
sua biografia dos Césares, que Cleópatra marcou um encontro com Júlio César,
quando este chegou ao Egito, no inverno de 48 a. C. – 49 a. C., a fim de lhe
dar um presente, que consistia num tapete. Este, ao ser desenrolado, mostrou
que a própria rainha estava em seu interior, coberta de joias, majestosa.
(Cleópatra tinha sido enrolada no tapete pelo seu servo Apolodoro). Mas, Stacy
Schiff, aurora de Cleópatra – Uma Biografia,
desmente essa versão explicando que o intuito da rainha sempre foi "a
sobrevivência, mais que a sedução". As histórias desta biografia baseada
em fontes da Antiguidade serão, em breve, personificadas por Angelina Jolie em
filme de James Cameron. ®Sérgio.
________________________________________
Schiff, Stacy. Cleopatra: Uma Biografia. Tradução de Jose Rubens Siqueira. Editora:
Jorge Zahar, 2011
domingo, 2 de outubro de 2011
A ALMA PENADA - Recontando Contos Populares
Conta-se que em uma
cidadezinha do interior, uma velha senhora - viúva de muito tempo - vivia em
companhia de um chipanzé que ganhara nos idos tempos em que era artista
circense. Certo dia, ela caiu doente, e a cada dia adoecia cada vez mais; já
nem saia mais do quarto, de modo que teve de ser amparada pelas suas comadres.
Vencida, afinal, pela enfermidade e pela velhice, entregou a alma a Deus,
confortada com a comunhão e a extrema unção realizada pelo padre da paróquia.
Enquanto as beatas
preparavam as cerimônias fúnebres e rezavam os últimos ofícios pela defunta, o
chipanzé, num canto do quarto, observava tudo com muita atenção. As comadres
amortalharam o corpo e o colocaram no caixão; veio o padre e, juntamente com a
irmandade religiosa, realizou as cerimônias de costume: fazer as orações pela
alma da defunta e cantar os hinos. Em seguida, o corpo foi levado para a
igreja, que ficava próxima, para que se desse o velório.
O macaco que durante a
encomenda do corpo não dera um pio, mas observara tudo; agora voltava a atenção
às coisas que o rodeavam. Começou a despejar as gavetas e a examinar o que
continham. Como tinha observado à defunta nos seus trajes mortuários; a forma
como tinha a cabeça coberta pela mortalha; o macaco começou a se vestir
exatamente do modo que presenciara. Mas, cansado da brincadeira, deitou-se na
cama, jogou por cima de si o lençol que cobrira a defunta e ali se deixou ficar
até adormecer.
A notícia se espalhou
mais que depressa pela freguesia e a comunidade correu, curiosa, para a igreja.
Dois incrédulos disseram que as comadres estavam "vendo coisas" e
resolveram ir ao quarto da falecida para desfazerem o mal-entendido. Como a
noite se aproximava, sentiram - apesar de demonstrarem indiferença - uma
sensação desagradável ao entrarem no quarto. Aproximaram-se da cama e sentiram
algo respirar por baixo do lençol; quando perceberam que o lençol se movia como
se quisesse saltar da cama, fugiram rua abaixo, numa correria despinguelada, até o interior da igreja.
Comprovada a existência
da alma penada, chamaram o padre e o caso lhe foi explicado. O padre bebeu uma
grande taça de vinho, ficou um instante a refletir e, então, pediu ao sacristão
para lhe trazer a grande cruz de madeira, a bíblia e o vaso de água benta.
Colocou a estola e julgando-se armado para afugentar aquela alma demoníaca,
seguiu com suas beatas para a casa da defunta.
Entoando os sete salmos
e orações, subiram as escadas. Ia o sacristão, por ordem do padre, à frente do
cortejo, com a cruz erguida. Quando chegaram à porta do quarto, apesar da água
benta que o padre vinha espalhando por todos os cantos, o cortejo se deixou
ficar para trás, enquanto o valente sacerdote ordenava ao sacristão que
avançasse. Aproximando-se da cama viram o chipanzé amortalhado, como se fosse
uma alma penada. Murmuraram algumas orações, agitaram a cruz durante algum
tempo, e nada da alma ir embora. Com vergonha de recuar, o sacerdote começou a
espalhar água benta em grande quantidade, gritando: “Vai-te embora satanás,
vai-te embora...” e tacou uma porção bem servida de água benta sobre o macaco,
enquanto o sacristão agitava freneticamente a cruz por cima da alma. O chipanzé
temendo ser cumprimentado com uma pancada da enorme cruz, começou a fazer
careta e a guinchar de um modo tão macabro, que o vaso sagrado caiu das mãos do
padre e o sacristão deixou tombar a cruz, fugindo, ambos, na maior carreira.
Tal era a pressa que o padre caiu por cima do sacristão, e, rolando escada
abaixo, estatelaram-se no piso da casa.
Ao ouvirem os gritos do
padre: Jesus! Jesus!... As beatas, que o aguardavam no jardim, correram ao seu
encontro. Perguntavam, enlouquecidas, o que tinha acontecido. Os dois olhavam
para elas, estarrecidos, sem conseguirem prenunciar uma palavra sequer. Por fim
o padre teve força suficiente para dizer:
— Minhas filhas, é
verdade, vi a falecida na forma de um feroz demônio...
Mal ele tinha acabado
de pronunciar estas palavras, desce, pela escada banhada de água benta, o
chipanzé envolto da cabeça aos pés num lençol branco. E o resto vocês podem
imaginar. ®Sérgio.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
A EXPRESSÃO "EM FUNÇÃO DE" - Estudos Gramaticais
Tornou-se comum o uso da locução
[em função de]
em frases
como:
●
Não fui jogar bola em função do calor.
●
Cheguei atrasado em função do trânsito.
●
Maria não foi
trabalhar em função da dengue.
●
Ele morreu em função de um tétano.
Acontece que [em função de] equivale a finalidade e não causa . O certo é
escrever ou dizer :
●
Ele vivia em função da família. (ele vive
para a família)
●
Sandra vive em função do dinheiro. (para o
dinheiro)
●
O político agia em função de seus objetivos. (para seus
objetivos)
No caso de significar [causa],
use: porém, em virtude de, por causa de,
em consequência de:
●
Não fui jogar bola em virtude do calor.
●
Cheguei atrasado por causa do trânsito.
●
Maria não foi
trabalhar em consequência da dengue.
●
Ele morreu em consequência de um tétano. ®Sérgio.
ELA TEM ALGUMA COISA DE BOA ou DE BOM? - Estudos Gramaticais
Embora os falantes de nossa língua tenham popularizado o termo
"alguma coisa de boa", a gramática estabelece que o adjetivo que vem depois da preposição [de] não
varia:
● Ela tem alguma coisa de
bom (e nunca de boa).
●
A moça ocultava alguma coisa de misterioso (e não de misteriosa).
Mas, atenção: Se, por
acaso, não houver a preposição, faz-se a concordância normalmente:
● Ela tem alguma coisa
boa.
● A moça ocultava alguma coisa
misteriosa.
Observação: Seguem a
mesma concordância: nenhuma coisa de, qualquer
coisa de, algo de, nada de e tudo
de:
● Ela tem tudo de
bom.
●
A moça não tem nada de misterioso. ®Sérgio.
__________________________________
Informações
foram retiradas e adaptadas ao texto de: Prof. Sérgio Nogueira, O Português do Dia a dia – Rio de
Janeiro: Rocco, 2004. Eduardo Martins,
Manual de Redação e Estilo – São Paulo: Moderna, s.d.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
A TIA
Seleta de Poemas
representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com
vocês as minhas preferências poéticas, ou homenagear autores que admiro.
A TIA¹
Eu tive uma velha tia,
Que um velho livro possuía;
Dentro dele era guardada
Uma folinha mirrada.
Também está mirrada agora
A mão que a colheu outrora.
Não sei o que a velha tinha,
— Chorava ao ver a folinha.
Anastasius Grün, pseudônimo de Alexander, conde de Auersperg, poeta e
prosador austríaco.
____________________
1 – In O Livro de Ouro da Poesia Universal. Trad.
Ari de Mesquita (org.). Tecnoprint, 1988.
domingo, 18 de setembro de 2011
A LENDA DA FORMIGA SAÚVA - Recontando Lendas Populares
Diz a lenda, que no tempo de dantes, havia uma formiga que ganhava a
vida costurando. E para ajudá-la, nas muitas costuras, ensinava a filha a
coser. Quando saía, deixava deveres de costura para a filha. A formiguinha,
porém, ignorava o trabalho e ia para o mato juntar uma porção de folhas que
trazia para casa. Então pegava a tesoura e começava a cortá-las.
Quando a mãe chegava e encontrava aquele montão de folhas cortadas,
agarrava a filha e lhe dava umas boas chineladas. E isso era todo o santo dia.
A formiga já não sabia mais o que fazer para corrigir a filha. Até que um dia,
muito zangada, pegou uma corda, amarrou-a pela cintura e a outra extremidade da
corda ao pé da mesa. Em seguida saiu para entregar umas costuras, trancando a
porta.
Tanto fez a formiguinha, tanto esperneou, tanto espinoteou que o nó da
corda foi lhe apertando, arrochando-lhe a cintura que quase a corta em dois
pedaços.
Quando sua mãe chegou e a viu naquele estado, com a cintura tão fina
por causa do arrocho da corda, teve pena da filha e soltou-a.
Mal se viu solta, a formiguinha sem mais conversa correu para o mato, e
toca a carregar folhas para cortar em casa. Sua mãe vendo que não ia conseguir
corrigi-la do mau costume botou-a para fora de casa, dizendo:
— Arre! Vai-te embora! Tua sina há de ser cortar folhas, até o mundo se
acabar.
Por isso é que a formiga saúva tem cintura fina, uma tesoura na cabeça
e só vive cortando folhas. ®Sérgio.
A LEGÍTIMA ARGUMENTAÇÃO
A legítima argumentação, tal como deve ser
entendida, não se confunde com o bate-boca estéril ou carregado de animosidade.
Ela deve ser, ao contrário, construtiva na sua finalidade, cooperativa em
espírito e socialmente útil. Embora seja exato que os ignorantes discutem pelas
razões mais tolas, isto não constitui motivo para que os homens inteligentes se
omitam de advogar ideias e projetos que valham a pena. (J.R. Whitaker. Apud Garcia Othon M.
Comunicação em prosa moderna)
sábado, 17 de setembro de 2011
OS ARISTOCRATAS E A PEBLE
Basta lembrar que os poetas líricos
elegíacos, os que cantavam liricamente a angústia e a tristeza na Antiga
Grécia, já dividiam os homens em duas categorias: os aristocratas, belos,
justos e virtuosos e a plebe, vil e feia. ®Sérgio.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
A LITERATURA ANÔNIMA
Em todas as
literaturas, iremos, sem dúvida, encontrar um número considerável de obras
anônimas, ou seja, cujo autor se desconhece. Especialmente as originárias de
tempos muito remotos, por terem um caráter oral e pertencerem culturalmente a
toda comunidade, e, por isso mesmo, não se atribuía importância à ideia de uma
autoria individual.
Não se conhece os nomes
dos autores das grandes epopeias populares da Idade Média, como, por exemplo, as
que relatam as lendas da mitologia germânica. Per Abbat, cujo nome aparece no
fim do Cantar de mio Cid, poema épico
espanhol, não é o autor da obra, mas sim copista dos manuscritos. Tampouco se
conhecem, nas literaturas orientais, os autores dos textos védicos (Sânscritos vedas) ou de As Mil e Uma Noites e, nas literaturas ocidentais, os de numerosos
hinos.
A partir do século XVI,
o anonimato visava não tornar conhecido o nome do autor; a intenção deliberada era
a de ocultar a origem da obra. O mesmo objetivo podia ser alcançado pela
atribuição da obra a um autor de nome livremente inventado - o pseudônimo.
Geralmente, um autor
principiante prefere o anonimato ou usa o pseudônimo, quando ainda não tem
coragem de se expor ao julgamento do público e da crítica, ou, então, quando
inicia novo estilo ou gênero, de cujo sucesso, ainda, não está seguro. Foi esse
o caso de Waverley, publicado
anonimamente por Sir Walter Scott (1771-1832), em 1814, dando origem a um novo gênero
de romance: o romance histórico.
Casos mais frequentes
de anonimato em literatura é a pressão da censura, da qual o autor espera
severas medidas. Um dos primeiros e mais famoso caso de anonimato por medo de
censura são as Letters of Junius
(Cartas de Junius), que, publicadas entre 1769 e 1772 no jornal londrino The
Public Advertiser, atacavam fortemente as tendências absolutistas do rei Jorge
III. Tais cartas são uma obra-prima de jornalismo político e um monumento da
prosa inglesa em sua fase classicista, do século XVIII. A identidade de Junius até
hoje não é conhecida e poderá nunca ser esclarecida, a menos que sejam
encontrados documentos que a estabeleçam de forma inequívoca. No entanto,
acredita-se que o autor das Cartas de Junius possa ter sido o político inglês
Sir Philip Francis (1740 – 1818).
Outra famosa obra
anônima é o Lazarillo de Tormes, primeiro exemplo de romance picaresco,
caracterizado por Benedetto Croce como uma espécie de epopeia da fome. ®Sérgio.
A RAPOSA E A ONÇA
Certa vez, uma raposa
caiu nas garras duma onça; mas, espertíssima como era, a raposa disse-lhe com
toda a tranquilidade:
— Dona Onça deve
certamente estar ciente de que Deus acaba de me nomear rainha desta floresta,
com a missão de governar todos os animais... E quer a senhora comer-me?! Que
ousadia! Quer desrespeitar o Todo-Poderoso?
A Onça não acreditou
nessa conversa. Como é que animalzinho tão fraco e tão magro como a raposa
poderia ser a rainha da floresta?
Percebendo a hesitação
da Onça, disse então a raposa:
— Não acredita? Mas a
ignorância não é crime, por isso não vou puni-la. Esta sua rainha sempre se fez
respeitar pela sua generosidade. Vamos fazer o seguinte: vou passar revista aos
meus súditos, e a senhora vai seguir-me e observar como eles me temem.
A Onça aceitou a
proposta, e lá foram os dois - a raposa à frente, toda arrogante, e a onça
atrás.
Vendo a onça, os outros
animais puseram-se em fuga, foi um "salve-se quem puder".
Mas a onça, sem
desconfiar de nada, acreditou no poder da raposa, pensando que todos fugiam com
medo da "rainha".
De modo que foi assim
que a raposa conseguiu livrar-se das garras da onça, e salvar-se da morte. ®Sérgio.
domingo, 4 de setembro de 2011
O HOMEM QUE AMPUTOU O TEMPO
Na noite de quatro de outubro de 1582, os
romanos foram dormir como sempre faziam, porém, na manhã seguinte, acordaram em
quinze de outubro, onze dias depois.
Entenda bem, os romanos não dormiram
"onze dias"; eles dormiram apenas uma noite e acordaram onze dias
depois.
É complicado não é?! Não dá nem para acreditar!
Porém aconteceu, mesmo. Quer saber como aconteceu?!
Pois bem, vamos à cidade de Roma no ano de
46 a.C. Por essa época, o calendário romano estava na maior bagunça. Tanto estava
que a primavera romana começava em novembro. Daí, o ditador romano Júlio César,
resolveu consertar a bagunça. Para começar, decidiu que o ano 46 teria 90 dias
a mais, criando um ano excepcional de 446 dias, numa tentativa de pôr as
estações em sincronia. Criou o ano bissexto - onde fevereiro, a cada quatro
anos, teria 30 dias, em vez de 29.
Tudo teria funcionado
muito bem, se os sacerdotes, interpretando incorretamente as determinações de
César, não tivessem resolvido criar um ano bissexto a cada três, em vez de a
cada quatro. Resultado: o calendário começou, novamente, a acumular uma
distorção de onze minutos a cada ano em relação ao ano solar.
Daí, por volta do
século XVI, como era de se esperar, o débito era de dez dias. A bagunça no
calendário era total. O início da primavera já estava quase coincidindo com o
Natal.
Isso incomodou demais a
Igreja Católica, pois a Páscoa (comemorada sempre no início da primavera que no
hemisfério norte começa a 21 de março) estava sendo empurrada no calendário,
porque, segundo as Escrituras, Cristo teria sido crucificado por volta de 21 de
março, e não próximo ao Natal. Alguém tinha que fazer alguma coisa!
É nesse ponto, que
entra em cena o papa Gregório XIII. Na ambiciosa tentativa de controlar o tempo
e o Dia da Páscoa, reuniu uma comissão, da qual fazia parte o renomado
matemático e astrônomo Cristóvão Clávio, e editou a bula papal que criou o atual
calendário cristão gregoriano.
Resumindo a história:
além das medias anunciadas, como por exemplo, a mudança do Ano-Novo de 25 de
março para 1º de janeiro, o papa simplesmente amputou 11 dias do mês de outubro
de 1582.
Assim, quem dormiu em
quatro de outubro acordou em 15 de outubro.
Não vá pensando você,
que o tempo foi controlado. Ainda há uma pequena diferença em relação ao ano
solar, de modo, que o início das estações continua a se afastar, lentamente,
das datas ideais. Até que alguém resolva nos envelhecer outros 15 dias. ®Sérgio.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
A QUADRILHA
A denúncia afirmava que, todas as
sextas-feiras, no edifício Minas Gerais, aptº. 99, por volta das 10 horas da
noite, várias pessoas de aparência suspeita entravam no apartamento e ficavam
até de madrugada. Que os sons que vinham de dentro do apartamento, eram os mais
discretos possíveis. As conversas eram quase murmuradas. Tudo era muito
suspeito.
Tendo em mente, apanhar a possível quadrilha
em fragrante, a polícia - em uma viatura - chegou de mansinho e encostou a uma
quadra do prédio, para não ser identificada; os componentes da patrulha
desceram da viatura, adentraram o edifício e seguiram para o apartamento
suspeito.
Foi tudo muito fácil.
A tropa de ataque, protegida pelas suas metralhadoras, subiu ao andar onde ficava
o apartamento; o chefe da patrulha bateu a porta, devagarzinho, para que não
desconfiassem. Abriram a porta e lá dentro estavam alguns casais jogando biriba
(buraco).
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