segunda-feira, 14 de março de 2011

HOMENAGEM À POESIA

Há quem ache que a poesia é coisa ridícula e inútil. Acham-na, até, nociva à vida porque envenena as almas, os sentimentos e as ideias. Dizem: "Estamos saturados de poesia"! Nada mais falso.
Falso, porque a poesia,
Ao contrário, estimula a circulação de ideias.
É crescimento da espiritualidade.
É a mais nobre,
E a mais bela expressão da vida intelectual.
É profunda;
É contraditória;
É enigmática;
Como é a própria vida.
Traz em si todos os encantos;
Os encantos mais sutis e fugitivos.
O encanto dos sentidos,
Do luar,
Das estrelas,
Do oceano,
Da aragem perfumada,
Da vida.
É relâmpago e é trovão;
É vendaval e é brisa;
É noite e é madrugada;
É luta sangrenta e é dor;
É balsamo e é consolo;
É luar e é suspiro;
É voo de pássaro.
Ampara os oprimidos,
Anima os fracos,
Açoita os tiranos,
Amansa os instintos,
E embeleza a vida.
E quando tudo o mais se desfizer;
Quando desaparecerem para sempre as nações,
Será ela,
A poesia,
Que recolherá e guardará a alma do povo extinto. ®Sérgio.
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Inspirado no texto O Calvário do Poeta; in O Elogio da Mediocridade, de Amadeu Amaral (1875-1958), poeta, folclorista, filólogo e ensaísta.