domingo, 23 de janeiro de 2011

CARTA DE UM MALUCO

Mãe querida,
Aqui tudo bem, o pessoal anda numa calma que só vendo.
Resolvi ser escritor.
É que me falaram que na internet pode se escrever de tudo. Que tem muitos malucos escrevendo artigos dos mais malucos possíveis. Então pensei: "Como sou um maluco beleza, acho que a internet não vai se importar de mais um maluco escrever sobre suas maluquices". Só não sei se vão ler os meus escritos. Mas aí, alguém falou: "Na internet, tem maluco para tudo o que é maluquice". Animei-me mais ainda.
Falei com o doutor sobre o assunto e lhe pedi para usar o computador. Ele até brincou comigo, dizendo: "Você está louco"! E eu lhe disse: "Não estou não, doutor! Continuo maluco". Mas ele insistia em dizer que eu estava louco.
Pois é, fiquei sem o computador. Então, estou lhe mandando meu escrito para que você peça a alguém para "botar" na internet.
Sobre o que eu vou escrever? Nem sonho! Sei! Vou escrever sobre um sonho que tive.
Sonhei que eu era louco... Não um louco como esses que eu vejo todos os dias aqui; não um louco como esses que passam todo dia pela porta de meu quarto.
Sonhei que eu era um louco... Mas não um louco como esses que eu vejo na televisão com o olhar perturbado e falso que crê transpassar o universo; falando coisas que nem eu acredito.
Sonhei que eu era um louco... Não um louco que diz “sou livre”, mostrando seus ferros... Não um louco que fala de outros loucos como se ele não fosse louco.
Sonhei que eu era louco... Mas não um louco como esse que mandou um homem plantar feijão no céu, quando os que têm aqui não tá dando nem para o povo.
Sonhei que eu era louco...
Na verdade, meu sonho foi bem pequeno e quando acordei chorei. E sabe por quê? Não sabe?
É por que sonhei que eu era um louco, mas... um louco... por você.
Do seu Maluco Beleza.