● Tinha pegado os
documentos. (e não: pego)
● Ele
foi pegado
em flagrante. (e não: pego)
O problema é que, independente de qualquer reforma oficial, o português falado no Brasil
está sempre sendo modificado, moldado no dia-a-dia pelas necessidades dos
usuários. De modo que, por analogia com verbos que têm duas formas de
particípio, uma regular e outra irregular (pagar= pagado e pago), criou-se a
forma irregular pego (pêgo em algumas regiões e pégo em outras). Essa inovação concorreu
com a forma regular, até enfim substituí-la amplamente. Encontramos registros destas substituições em várias obras da
nossa literatura e nos estudos de muitos especialistas.
Hoje, no Brasil (em Portugal, somente a forma pegado é usada), a forma irregular pego está consagrada entre nós e
já é aceitável na língua padrão. Pode ser usada com qualquer verbo auxiliar
(ser, estar, ter ou haver):
● Ele
foi pego
em flagrante.
● Ele
tinha pego
(ou pegado) os documentos.
● Ele
foi pego, ela está pega,
ele será pego.
A forma pegado
só pode ser usada quando antecedida dos verbos ter ou haver:
● Ele
tem pegado, ele havia pegado, ele terá pegado.
● Ele
tinha (ou havia) pegado
os documentos.
Entretanto, há gramáticos ainda que
defendem só o uso de pegado. Pego
é tão inaceitável quanto chego
(particípio de chegar), que já se usa Dizem que ao usarmos a forma pegado,
estamos falando ou escrevendo corretamente. A forma pego é aceitável na fala
coloquial e incorreta em textos que exijam a língua culta formal. Segundo o
professor Cláudio Moreno¹, um dos defensores: "A língua que a gente usa é
como nossa vestimenta: bermuda também é roupa, e atende às necessidades básicas
do decoro; numa recepção, contudo, o paletó e a gravata sempre serão a opção de
quem quer se vestir bem". ®Sérgio.
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1 - O Professor Cláudio Moreno é formado em Letras com ênfase em Português e Grego pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desde 1969 é professor de
Português e Redação nos principais colégios de Porto Alegre.