sábado, 30 de março de 2013

DOCE LEMBRANÇA


A AFLIÇÃO DE ADOLF HITLER - Notas Biográficas

Rudolph Binion (psicohistoriador) em seu livro Hitler Entre os Alemães (1984)¹, considera que o ódio de Hitler pelos judeus teria sido motivado por um incidente ocorrido em sua infância: a morte de sua mãe. Nascido em Braunau, na Áustria, Hitler era o quarto filho de Klara, que perdera os três primeiros, pequeninos ainda, pela difteria. Cinco anos depois de Adolf nascia Edmund, que também morreria (de sarampo), e finalmente Paula, que cresceria junto com Adolf. Klara, em vista da má sorte com os filhos homens, agarrou-se tremendamente ao pequeno Adolf, que ela, também, temia perder. Mãe e filho viviam numa associação afetiva.
Quando Klara desenvolveu câncer de seio, a aflição tomou conta da vida de Adolf. Desesperado, ele decidiu contratar o Dr. Edmund Bloch, famoso médico judeu, de honorários elevados. Este médico deixou como testemunho jamais ter visto um jovem tão transtornado com a já esperada morte de sua mãe. Bloch propõe usar, como única medida para tentar minorar o terrível sofrimento de Klara, a aplicação de gaze embebida em iodo sobre as feridas cancerosas; deixando bem claro que tal medida poderia envenenar a paciente. O jovem Hitler insistiu em que tal tratamento fosse realizado e, de fato, Klara morreu da intoxicação provocada pelo iodo; na verdade, o iodo apenas abreviou o curso de sua morte, muito próxima e inevitável. Hitler sentia-se culpado desta morte e por ter permitido o tratamento. Desde então, passou a nutrir um tremendo rancor pelo médico e, evidentemente pelos judeus. ®Sérgio.
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1- BINION, Rudolph. Hitler Entre os Alemães. Northern Illinois University Press, 1984. Northern Illinois University Press, 1984.

sexta-feira, 29 de março de 2013

A HERESIA GREGA

Em 500 a. C., o filósofo grego Anaxágoras concebeu a teoria de que o Sol é uma massa de pedra ardente, do tamanho pouco maior que o território da Grécia.
Foi preso, acusado de heresia. Para os gregos o Sol era resultado do passeio do Deus Hélio pelo céu, a bordo de uma carruagem com cavalos que soltavam fogo pelas narinas. ®Sérgio.
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Fonte: A Luz da Ciência e da Fé, Revista Veja, 9 de março de 211; p. 84.

quarta-feira, 27 de março de 2013

DANTE E VIRGÍLIO NO INFERNO

A cada dia entro em meu estúdio cheio de alegria; à noite, quando a escuridão me obriga a deixá-lo, mal posso esperar pelo dia seguinte. Se eu não pudesse devotar-me à minha amada pintura eu seria um pobre coitado.
Este quadro representando Dante e Virgílio no Inferno (1850), pintado por William-Adolphe Bouguereau, pintor francês, (1825–1905), foi inspirado em uma cena de A Divina Comédia de Dante Alighieri, situado no oitavo círculo do Inferno (o círculo de falsificadores e falsários), onde Dante, acompanhado por Virgílio, assiste a uma luta entre duas almas condenadas: Capocchio, um herege e alquimista, é atacado e mordido no pescoço por Gianni Schicchi que tinha usurpado a identidade de um homem morto, a fim de reivindicar sua herança de forma fraudulenta. Gianni Schicchi se joga em Capocchio, seu rival, com fúria através de músculos, nervos, tendões e dentes. Ao fundo, vê-se um demônio sorrindo para Dante e Virgílio, contemplando-os, parece deliciar-se com todo o cenário de eterna angústia, sofrimento e terror. Em redor deles, os que sofrem as respectivas consequências de suas existências materiais voltadas todas para a violência. Há amargura e força nesta tela. ®Sérgio.

segunda-feira, 11 de março de 2013

A PARÓDIA

A crítica literária moderna reconhece em Don Quixote de La Mancha a maior paródia (grego, paróidía) de todos os tempos. Ao parodiar as peripécias do romance de cavalaria, Cervantes criticou a vaidade, a presunção do gênero e criou a nova linguagem da ficção. De caráter lúdico (divertido) ou ideológico e conteúdo crítico mais ou menos explícito, mas, sempre presente, a paródia é a recriação cômica ou imitação burlesca (cômica) de uma obra. Um dos livros do escritor Mário de Andrade, por exemplo, recebeu o título de A Escrava que não era Isaura, numa referência cômica ao romance de Bernardo Guimarães, A Escrava Isaura.
A paródia é, geralmente, confundida com a sátira, a paráfrase e a alusão. Entretanto, é possível estabelecer uma distinção entre esses gêneros:
A sátira , por exemplo, censura um texto preexistente, mas não o deforma. A paráfrase desenvolve, ou seja, reescreve um texto preexistente, sem censurá-lo, não imita. A alusão faz, somente, uma referência indireta a um texto preexistente.
Observe, a seguir, o fragmento do poema Canção do Exílio (à esquerda), e a paródia (fragmento) escrita pelo poeta Murilo Mendes:
Nossos céus têm mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Nossas flores são mais bonitas,
Nossas frutas mais gostosas,
Mas custam cem mil réis a dúzia.
Aí quem me dera chupar uma carambola de verdade.
Embora conserve o tema de Gonçalves Dias, Murilo Mendes corrompe e modifica o conteúdo, transformando a exaltação de Gonçalves em ironia-crítica, criando, assim, uma paródia. ®Sérgio.

sábado, 9 de março de 2013

A PERSONAGEM OU O PERSONAGEM?

Em português, quase todas as palavras terminadas em [-agem] são do gênero feminino: a ramagem, a abordagem, a folhagem, a aparelhagem. Entretanto, no caso da palavra personagem, atualmente, você tem três opções de uso. Vejamos:
1. Como Sobrecomum Masculino - serve para ambos os sexos, mas só tem a forma masculina. Portanto, se optar por esse tipo de substantivo uniforme, você deve usar sempre a forma masculina, ou seja, o personagem, independente de ser homem ou mulher: o personagem Jeca Tatu, o personagem Bentinho, o personagem Iracema, o personagem Capitu: João e Maria são os personagens de um conto de carochinha.
2. Como Sobrecomum Feminino — serve para ambos os sexos, mas só tem a forma feminina. Se a opção for esta, deve usar sempre a forma feminina a personagem, também, independente de ser homem ou mulher: a personagem Jeca Tatu, a personagem Bentinho, a personagem Iracema, a personagem Peri.
   João e Maria são as personagens de um conto de carochinha.
3. Como Comum-de-Dois — quando distinguimos o masculino e o feminino pelo termo que o antecede: [o], [a], [teu], [tua], [esse], [essa] personagem. Assim, vamos usar a personagem quando mulher e o personagem quando homem: o personagem Hamlet, a personagem Aída.
   O personagem Visconde povoa o imaginário das crianças.
   A personagem Narizinho povoa o imaginário das crianças.
Observações:
1ª. Quando usar o termo personagem sem a definição de gênero, isto é, de forma abstrata, coloque-o no masculino (o personagem): Como ficarão os personagens (homens e mulheres) da oposição?
2ª. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, consideram personagem um substantivo de dois gêneros. ®Sérgio.

quarta-feira, 6 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

O TERRÍVEL CRONOS

Os titãs nasceram da união entre Urano, que representava o Céu, e Gaia, que seria a Terra. O poeta grego Hesíodo, que viveu no século sete a. C., narra o surgimento dos titãs, numa obra clássica chamada Teogonia:
Urano irritou-se, certa feita, com as injúrias que imaginava receber de seus filhos. Por isso decidiu encerrá-los no ventre de Gaia, a mediada que iam nascendo. Tendo de segurar em suas entranhas os turbulentos titãs e suportar ao mesmo tempo, o assédio insaciável e ininterrupto do marido, Gaia incentivou um de seus filhos, Cronos - o mais importante dos titãs e o mais jovem também - a decepar os órgãos genitais de Urano, fazendo com que este se afastasse dela. Gaia erguendo uma enorme foice de diamante entregou-a ao filho para que mutilasse os órgãos genitais do pai.
Cronos apanhou a foice e dirigiu-se para o local onde seu velho pai descansava. Ao chegar empunhou a foice e a fez descer abaixo da cintura do pobre Urano. Seus testículos, arrancados pelo golpe certeiro da foice, voaram longe e foram cair no oceano. Imediatamente foram soltos todos os outros titãs, irmãos de Cronos, que era agora o senhor de todo o universo. A partir de então, o mundo foi governado pela linhagem dos Titãs que, segundo Hesíodo, constituía a segunda geração divina.
Cronos se uniu a uma de suas irmãs, Réia, com quem teve seis filhos (os Crónidas): três mulheres, Héstia, Deméter e Hera e três rapazes, Hades, Poseidon e Zeus. Como tinha medo de que os descendentes desafiassem seu poder sobre o mundo, ele engolia todos os seus filhos. Esse medo era oriundo da praga que seu pai lhe lançara no dia em que o mutilara com a foice: "Do mesmo modo que usurpou o meu mando supremo, irá também perdê-lo pela mão de um dos seus filhos". Comeu todos exceto Zeus, que Réia, depois de entregá-lo aos cuidados das ninfas da floresta, enganou Cronos enrolando uma pedra em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a troca.
Após crescer e se tornar forte, Zeus resolveu vingar-se de seu pai, solicitando para esse feito o apoio de Métis - a Prudência - filha do Titã Oceano. Esta ofereceu a Cronos uma poção mágica, que o fez vomitar os filhos que havia devorado.
Com a ajuda dos irmãos, Zeus derrotou Cronos e outros titãs numa grande batalha chamada Titanomaquia, e passou a ser o grande chefe de todos os deuses gregos. Cronos e seus aliados foram presos para sempre no Tártaro, o mundo subterrâneo para onde iam os mortos. O abismo de Tártaro é tão profundo que seus recessos estavam tão abaixo de seus pés quanto o céu estava acima de suas cabeças. ®Sérgio.