quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

PRA LAVAR A ALMA

(Essa é pra lavar a alma de todas as vítimas dos bundões que estragam a Internet! E vamos lá...).
Não diz que tem MSN, porque senão ele te pede
Se descobrir o seu Orkut, ele vai implorar "add"
Não passe jamais seu e-mail, nem deixe que ninguém lhe conte
Senão virão milhões de arquivos enormes e em Power Point.
Um bunda mole com banda larga,
É mais que um bunda mole:
É um bunda larga!
Você receberá corrente te prometendo um celular
Mensagens de falsos doentes pedindo pra você ajudar
Vídeos de dez megabits, que você já assistiu
Piadas que têm som de fundo, daquelas que só ele riu
Um bunda mole com banda larga!
Ele vive na Internet
De noite, à tarde, de manhã!
Ele é quem espalha vírus
Ele é quem espalha spam
O bunda larga...
Ele acredita em boatos, adora lições de moral
Te envia aqueles textos chatos sobre a injustiça social
Se agendar um protesto sobre um tema que lhe atrai
Ele espalha o convite, mas ele mesmo nunca vai!
O bunda larga...
Ele vive na Internet
De noite, à tarde, de manhã!
Ele é quem espalha vírus
Ele é quem espalha spam
Ele se acha informado
Ele se acha legal
Ele só sabe uma coisa:
Entupir caixa postal!
O bunda larga...
Um bunda mole com banda larga!
(Aê, bundão!)
Letra e Música: Os Seminovos (a melhor banda de rock do Brasil)

O SUPLÍCIO DO FOGO

"Os Reis Fernando e Isabel de Espanha entraram para a história por duas razões: o financiamento da viagem de Cristóvão Colombo e o apoio total às execuções em massa ordenadas por Tomás de Torquemada,  fins do século XV, em nome da Inquisição. Tomás de Torquemada, inquisidor-mor da Espanha, mandou para a fogueira, entre 1483 e 1498, nada menos do que oito mil pessoas acusadas de feitiçaria."
A AGONIA E MORTE
O escritor português Oliveira Martins (1845-1894), em História De Portugal (volume II) descreve, em todos os detalhes, o que foi o Auto de Fé (cerimônia em que eram executadas as sentenças do Tribunal de Inquisição) que teve lugar em Lisboa, no dia vinte de setembro de 1540:
Naquele dia, depois de longos meses de cárcere privado e torturas, dezenas de condenados iriam ter suas sentenças cumpridas na Praça da Ribeira. Desde as primeiras horas da manhã o «povaréu» já tomava a praça, onde também já se encontravam as mais importantes autoridades da corte e da igreja, inclusive o próprio Rei João III.
Os réus eram três mulheres condenadas por bruxaria, dois homens cristãos-novos (que se converteram recentemente a religião católica) e um médico acusado de feitiçaria. Terminada a leitura da acusação, os penitentes, os cristãos-novos e as bruxas foram absolvidos de serem queimados vivos. Gozariam o «privilégio de serem estrangulados» antes que seus corpos fossem devorados pelas chamas. Mas, o médico de São Cipriano, acusado de feitiçaria, seria queimado vivo. O rei, a corte, o inquisidor se retiraram e os sinos continuaram a dobrar, pausado e funebremente...
Os carvoeiros de alabardas (machados), os verdugos (carrascos) de capuzes e os frades de escapulário (representado por dois pedaços de pano bento, pendentes no peito, ligados por duas fitas, sobre os quais está escrito o nome da Virgem) e crucifixo na mão, ficaram junto dos condenados para queimá-los.
O povo cercou em massa o lugar das pilhas quadrangulares de lenha, com os olhos ávidos e cheios de cólera, contra esses réus e suas desgraças. Todos, menos o médico, morreram garroteados (estrangulamento sem suspensão do corpo do supliciado, que geralmente era mantido a um assento, preso a uma espécie de estaca, na qual, em altura adequada, se prendia a corda destinada ao estrangulamento) e depois foram queimados.
O médico-feiticeiro de São Cipriano, porém tinha culpa maiores e fora condenado a ser queimado vivo. Junto da pilha de lenha, o frade, com as mãos postas, pedia-lhe que por Deus, se arrependesse; mas ele com o olhar inquieto e agitado de louco, virava a cara e zombava. Subiu a pilha a correr, e do alto, sentado no banco, fazia caretas de escárnio e visagens (expressões) irreverentes. O frade batia nos peitos, a plebe rugia colérica. Os verdugos amarraram-no ao poste, e os carvoeiros acenderam a fogueira, que principiou a crepitar.
Os rapazes e as mulheres da Ribeira, salteando-o com paus e garranchos (anéis de metal com um gancho colocado na ponta da madeira), arrancaram-lhe um olho. Atiravam-lhe pedras, pregos e o que pudessem. Faziam-lhe feridas por onde escorria sangue: tinha a cabeça aberta e um beiço rasgado. Entretanto, a chama já começava a romper por entre os toros; e ele com as mãos, estorcendo-se, dava no fogo, querendo apagá-lo; quando via, com o olho que lhe restava, vir no ar uma pedra, mesmo amarrado, tentava desviar-se, para dela se livrar. Do vão do outro olho, escorria pela face um fio de sangue. Isso já durava por mais de uma hora e divertia muito o povo. Mas o vento soprava rijo do poente, da banda do rio e, arrastava consigo as chamas; e por não ter fumos (fumaça) que o afogassem, o condenado ficou três horas, vivo, a torrar, agonizando, contorcendo-se, em caretas, e gritando: "ai... ai... ai..."
Cenas degradantes como esta, e outras ainda mais cruéis, iriam se repetir milhares de vezes, desde que a Inquisição ou Santo Ofício foi instaurado. Entre as vítimas da intolerância religiosa, não estariam apenas os conversos, os heréticos, os cristãos-novos e os feiticeiros anônimos, mas figuras do porte de um Galileu, de um John Huss, de um Giordano Bruno ou de uma Joana d’Arc. ®Sérgio.
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Nota: Fiz adaptações linguísticas no texto de Oliveira Martins, para melhor situá-lo no vernáculo de nossos dias.