sábado, 19 de março de 2011

O HOMEM QUE FAZIA SAL - Recontando Contos Populares

Este causo se deu no tempo de Reis e Rainhas. Nesse tempo, que já se foi, havia no mundo uma carestia de sal. Não havia lugar onde se pudesse encontrar um torrãozinho sequer; nem mesmo no mar.
Pois bem, vivia numa certa cidade um cozinheiro que tinha uma máquina capaz de produzir sal. Vai daí que esse mestre de cozinha ficou famoso, pois era o único capaz de temperar o alimento de seu restaurante, com sal. Apesar de muita gente tentar descobrir a origem do sal, ele mantinha severo segredo.
O Rei, certo dia, recebeu, de um dos seus súditos, uma amostra da comida temperada com o sal. Gostou tanto, que resolveu adquirir de qualquer maneira a fórmula, única, de produzir o sal. Mas, o famoso cozinheiro não tinha a intenção, nem para um Rei, de revelar o seu segredo, que era o principal sustento da família. O Rei então prometeu ao cozinheiro real uma fortuna se conseguisse descobrir o segredo daquele homem. 
O cozinheiro real então tratou de viajar até a cidade do mestre de cozinha que produzia sal. Com muita conversa e fingida amizade, conseguiu que o mestre de cozinha, cheio de inocência, revelasse que o sal era produzido por uma máquina toda vez que ele dizia determinada palavra mágica; e fez pior, demonstrou o funcionamento da máquina. Não deu outra, durante a noite, enquanto o mestre de cozinha dormia com a família, o cozinheiro real foi até ao restaurante, roubou a máquina e perna pra que te quero.
Chegando a casa real, anunciou ao Rei que descobrira o segredo e para prová-lo prepararia um jantar especial. O Rei, então, para comemorar, resolveu realizar o jantar no seu luxuoso navio. Para tanto, convidou todos os nobres de seu reino.
O cozinheiro real preparou a máquina e pronunciou a palavra mágica, e ela desandou a produzir sal e o jantar ficou espetacular. Mas enquanto os nobres se divertiam, o cozinheiro real viu-se diante de um problema. A máquina não parava de produzir o sal, pois a palavra mágica que a fazia funcionar não era a mesma para desligá-la. Não demorou muito e o navio estava coberto de sal e, com o peso, afundou, arrastando para o fundo, o Rei, os nobres, o cozinheiro real e a máquina que continua ligada até hoje, enchendo o mar de sal. ®Sérgio.