Paradoxo é a reunião de idéias
contraditórias e aparentemente inconciliáveis, num só pensamento, o que nos
leva a expressar uma verdade com aparência de mentira. Quando falamos, por
exemplo:
● Eles
são ricos pobres.
Tanto
"rico" quanto "pobre" são adjetivos que se referem ao
sujeito [eles]. Os dois adjetivos pertencem a uma mesma unidade da frase, ambos
qualificam um mesmo ser. Mas estes dois adjetivos têm sentidos opostos. Estamos
a conciliar dois julgamentos distintos: pensamos na riqueza deles porque têm
dinheiro, mas simultaneamente na pobreza, por sabermos do vazio de vida que
vivem, ou da aridez de alma.
Todo o paradoxo, em última análise,
encerra uma antítese, porém uma antítese especial, que em vez de opor, enlaça
idéias contrastantes: Antítese: Eu sou velho, você é moço. Paradoxo: Eu sou um velho moço.
O paradoxo revela-nos que a conciliação de
contrários é possível e, por vezes, indispensável para se exprimir a verdade. Exemplos
de paradoxos modernos: Inocente
culpa / lúcida loucura / silêncio eloquente / ditadura democrática / ilustre
desconhecido / um silêncio ensurdecedor / um supérfluo essencial / boatos
fidedignos / espontaneidade calculada / mentiras sinceras / É proibido proibir.
/ Foi sem querer, querendo.
Quando Camões em célebre soneto sobre as
contradições do amor, disse que esse sentimento:
“Amor
é fogo que arde sem se ver, / É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento
descontente, / É dor que desatina sem doer.”
Criou um dos mais bonitos paradoxos do
lirismo português. O contrário do paradoxo é o pleonasmo. ®Sérgio.