domingo, 7 de junho de 2009

SUPERSTIÇÕES E CRENDICES DE NOSSA TERRA

Venho de família campesina, de origem sulista, tanto paterna como materna. Cresci, portanto, ouvindo superstições, lendas e causos contados pelos meus avôs e pelos condutores de boiadas (comitivas) que passavam pelas nossas fazendas. De modo que a cultura popular tem raízes profundas em mim. Por isso, amo de coração as lendas e crendices de nossa gente. São tão incontáveis e lindas por sua cativante ingenuidade, que não consigo conter o desejo de expor a vocês as preferidas de minha antologia, todas colidas em diversas fontes. Aí vão elas, tal qual coletei-as:

• Pôr o chapéu em cima da cama traz azar.

Mulher que está amamentando não deve visitar pessoa mordida por cobra. Se o fizer a pessoa morrerá.

• Quando está ventando muito forte é que o diabo está zangado.

Criança que morre sem ser batizada vira serpente.

• Quando se vê uma pessoa muito preguiçosa, é costume se dizer: Coitado, aquele ali o diabo cruzou os braços.

• Não se deve pregar novamente um botão que cai de qualquer peça do vestuário, porque dá azar.

• Quando se empresta um canivete deve-se devolvê-lo aberto para não haver briga.

Não presta saltar por cima de criança: ela não crescerá mais.

• Quando a porta bate forte, após a nossa saída ou entrada em casa, foi o diabo que a fechou.

• Fazer a barba depois da comida produz congestão.

Apontar estrelas com o dedo faz nascer berruga na ponta do dedo.

• Quem quiser que lhe cresça logo a barba deve passar titica de galinha no rosto.

• Quando desaparece uma coisa qualquer, foi o diabo que levou. O jeito é esperar, porque quando ele não quiser mais, devolve.

Não presta comer cabeça de galinha: faz perder o juízo.

• Redemoinho de vento é diabo está dançando. E se no redemoinho entrarmos, o diabo nos carrega.

Não se deve passar a ferro as costas da camisa de um homem: este se tornará desmoralizado, sem-vergonha etc.

• Presente de lenço desfaz as amizades.

Cortar as unhas na segunda feira é bom remédio para dor de dentes

• Queimar chifre de boi e casca de coco no canto da casa, à noite, espanta o capeta.

Quando uma visita está demorando a ir-se embora e começa a aborrecer joga-se um punhado de sal no fogo. A visita vai-se embora logo.

• Pôr um chifre de boi estrepado na ponta de um pau, no terreiro, espanta o capeta.

• Quem quiser que lhe cresça logo a barba, deve passar titica de galinha no rosto.

• Cortar as unhas às segundas-feiras livra de dor de dentes. Às sextas-feiras evita nevralgias, unheiros.

• Raspa de dente de jacaré, tomada como chá, cura qualquer dor.
• Nas sextas-feiras, ao nos levantarmos, se virmos uma pessoa preta, o diabo vai nos atentar o dia inteiro.
Borboleta preta é sinal de que algo de mal vai acontecer.
Quando se perde alguma coisa e não se consegue encontrar, toma-se uma palha de milho e damos-se nela três nós, com o que se amarra o diabo, e o objeto perdido aparecerá. Mas, depois de encontrá-lo não se deve esquecer-se de desmanchar os nós, se não tudo de ruim acontecerá na casa.
• Quando a gente se despede de uma pessoa de quem não gosta, fala assim (alto no começo e baixinho no final): "Vai com Deus e Nossa Senhora... o diabo atrás tocando viola.
Segundo a crença de nossos sertanejos, a figueira é planta do diabo. A sexta-feira não se deve passar por baixo de figueiras. É tido como certo que nas figueiras, nesse dia da semana, há reunião de demônios que ali fazem suas orgias.
Alguém, por certo, ira pensar: "Mas isso é criancice".
Criancice? Deus me conserve as minhas criancices! ®Sérgio.

ADJETIVO POSPOSTO A DOIS OU MAIS SUBSTANTIVOS

Para o Adjetivo Posposto a Dois Ou Mais Substantivos haverá duas opções de concordância:
1ª. O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo:
   Encontramos uma jovem e um homem preocupado.
   Encontramos um homem e uma jovem preocupada.
Ou vai para o plural, concordando com os substantivos. Se os substantivos forem de gêneros diferentes prevalecerá sempre o masculino:
   Encontramos uma jovem e um homem preocupados.
   Encontramos uma jovem e uma mulher preocupadas.
As Exceções:
a) Se os substantivos forem sinônimos ou puderem ser considerados sinônimos, o adjetivo concordará com o mais próximo:
   Luís tinha ideia e pensamento fixo.
   Luís tinha pensamentos e ideias fixas.
b) Se os substantivos forem antônimos o adjetivo deverá ir obrigatoriamente para o plural: Passei dias e noites frios na Europa.
c) Se o adjetivo só puder referir-se ao último substantivo porque o sentido assim exige, só com ele fará a concordância:
   Comprei livros e pera madura (livros não amadurecem). ®Sérgio.

ADJETIVO ANTEPOSTO A DOIS OU MAIS SUBSTANTIVOS

O Adjetivo Anteposto a Dois ou Mais Substantivos concorda, por norma, com o substantivo mais próximo:
   Manifestou profundo respeito e admiração.
   Manifestou profunda admiração e respeito.
Se os substantivos forem nomes próprios, ou nome de parentesco, o adjetivo deverá ir ao plural, obrigatoriamente:
   Os esforçados Enéas e Luís.
   Os esforçados pai e mãe®Sérgio.

PENSAMENTOS DE UM DEPRESSIVO

"Aumenta meu sofrimento verificar que perdi aquilo que fazia o encanto de minha vida: a sagrada e tumultuosa força graças a qual podia criar mundos e mundos em torno de mim. Essa força não mais existe."

"Quando contemplo, de minha janela, o sol matutino rasgar a bruma sob a colina distante, iluminando a campina silenciosa no fundo do vale, e vejo o riacho tranqüilo correndo para mim serpenteando entre os salgueiros desfolhados, essa natureza me parece fria e inanimada como uma estampa colorida. Todos esses encantos não podem fazer subir do coração ao cérebro a menor sensação de felicidade, e todo o meu ser permanece perante Deus como uma fonte estancada, como um ânfora vazia."

Johann Wolfgang Von Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther.

PEENSAMENTOS DE UM DEPRESSIVO (2)

"Aumenta meu sofrimento verificar que perdi aquilo que fazia o encanto de minha vida: a sagrada e tumultuosa força graças a qual podia criar mundos e mundos em torno de mim. Essa força não mais existe."

"Quando contemplo, de minha janela, o sol matutino rasgar a bruma sob a colina distante, iluminando a campina silenciosa no fundo do vale, e vejo o riacho tranqüilo correndo para mim serpenteando entre os salgueiros desfolhados, essa natureza me parece fria e inanimada como uma estampa colorida. Todos esses encantos não podem fazer subir do coração ao cérebro a menor sensação de felicidade, e todo o meu ser permanece perante Deus como uma fonte estancada, como um ânfora vazia."

Johann Wolfgang Von Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther.