Diz a lenda, que no tempo de dantes, havia uma formiga que ganhava a
vida costurando. E para ajudá-la, nas muitas costuras, ensinava a filha a
coser. Quando saía, deixava deveres de costura para a filha. A formiguinha,
porém, ignorava o trabalho e ia para o mato juntar uma porção de folhas que
trazia para casa. Então pegava a tesoura e começava a cortá-las.
Quando a mãe chegava e encontrava aquele montão de folhas cortadas,
agarrava a filha e lhe dava umas boas chineladas. E isso era todo o santo dia.
A formiga já não sabia mais o que fazer para corrigir a filha. Até que um dia,
muito zangada, pegou uma corda, amarrou-a pela cintura e a outra extremidade da
corda ao pé da mesa. Em seguida saiu para entregar umas costuras, trancando a
porta.
Tanto fez a formiguinha, tanto esperneou, tanto espinoteou que o nó da
corda foi lhe apertando, arrochando-lhe a cintura que quase a corta em dois
pedaços.
Quando sua mãe chegou e a viu naquele estado, com a cintura tão fina
por causa do arrocho da corda, teve pena da filha e soltou-a.
Mal se viu solta, a formiguinha sem mais conversa correu para o mato, e
toca a carregar folhas para cortar em casa. Sua mãe vendo que não ia conseguir
corrigi-la do mau costume botou-a para fora de casa, dizendo:
— Arre! Vai-te embora! Tua sina há de ser cortar folhas, até o mundo se
acabar.
Por isso é que a formiga saúva tem cintura fina, uma tesoura na cabeça
e só vive cortando folhas. ®Sérgio.