sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A LITERATURA ANÔNIMA

Em todas as literaturas, iremos, sem dúvida, encontrar um número considerável de obras anônimas, ou seja, cujo autor se desconhece. Especialmente as originárias de tempos muito remotos, por terem um caráter oral e pertencerem culturalmente a toda comunidade, e, por isso mesmo, não se atribuía importância à ideia de uma autoria individual.
Não se conhece os nomes dos autores das grandes epopeias populares da Idade Média, como, por exemplo, as que relatam as lendas da mitologia germânica. Per Abbat, cujo nome aparece no fim do Cantar de mio Cid, poema épico espanhol, não é o autor da obra, mas sim copista dos manuscritos. Tampouco se conhecem, nas literaturas orientais, os autores dos textos védicos (Sânscritos vedas) ou de As Mil e Uma Noites e, nas literaturas ocidentais, os de numerosos hinos.
A partir do século XVI, o anonimato visava não tornar conhecido o nome do autor; a intenção deliberada era a de ocultar a origem da obra. O mesmo objetivo podia ser alcançado pela atribuição da obra a um autor de nome livremente inventado - o pseudônimo.
Geralmente, um autor principiante prefere o anonimato ou usa o pseudônimo, quando ainda não tem coragem de se expor ao julgamento do público e da crítica, ou, então, quando inicia novo estilo ou gênero, de cujo sucesso, ainda, não está seguro. Foi esse o caso de Waverley, publicado anonimamente por Sir Walter Scott (1771-1832), em 1814, dando origem a um novo gênero de romance: o romance histórico.
Casos mais frequentes de anonimato em literatura é a pressão da censura, da qual o autor espera severas medidas. Um dos primeiros e mais famoso caso de anonimato por medo de censura são as Letters of Junius (Cartas de Junius), que, publicadas entre 1769 e 1772 no jornal londrino The Public Advertiser, atacavam fortemente as tendências absolutistas do rei Jorge III. Tais cartas são uma obra-prima de jornalismo político e um monumento da prosa inglesa em sua fase classicista, do século XVIII. A identidade de Junius até hoje não é conhecida e poderá nunca ser esclarecida, a menos que sejam encontrados documentos que a estabeleçam de forma inequívoca. No entanto, acredita-se que o autor das Cartas de Junius possa ter sido o político inglês Sir Philip Francis (1740 – 1818).
Outra famosa obra anônima é o Lazarillo de Tormes, primeiro exemplo de romance picaresco, caracterizado por Benedetto Croce como uma espécie de epopeia da fome. ®Sérgio.

A RAPOSA E A ONÇA

Certa vez, uma raposa caiu nas garras duma onça; mas, espertíssima como era, a raposa disse-lhe com toda a tranquilidade:
— Dona Onça deve certamente estar ciente de que Deus acaba de me nomear rainha desta floresta, com a missão de governar todos os animais... E quer a senhora comer-me?! Que ousadia! Quer desrespeitar o Todo-Poderoso?
A Onça não acreditou nessa conversa. Como é que animalzinho tão fraco e tão magro como a raposa poderia ser a rainha da floresta?
Percebendo a hesitação da Onça, disse então a raposa:
— Não acredita? Mas a ignorância não é crime, por isso não vou puni-la. Esta sua rainha sempre se fez respeitar pela sua generosidade. Vamos fazer o seguinte: vou passar revista aos meus súditos, e a senhora vai seguir-me e observar como eles me temem.
A Onça aceitou a proposta, e lá foram os dois - a raposa à frente, toda arrogante, e a onça atrás.
Vendo a onça, os outros animais puseram-se em fuga, foi um "salve-se quem puder".
Mas a onça, sem desconfiar de nada, acreditou no poder da raposa, pensando que todos fugiam com medo da "rainha".
De modo que foi assim que a raposa conseguiu livrar-se das garras da onça, e salvar-se da morte. ®Sérgio.