quinta-feira, 16 de maio de 2013

O TROVADOR

Trovador (trouvère em francês) designava na lírica trovadoresca, o poeta completo, que compunha a letra e a melodia das cantigas e também as executava acompanhado de instrumento musical.
O mais das vezes, o trovador pertencia à aristocracia ou era um fidalgo decaído. É precisamente sua condição de nobre que lhe explica a múltipla capacidade, pois ao talento individual acrescentava o estudo apurado das regras da Retórica, da Poética e da Música. Era igualmente de nobres, na sua grande maioria, o público ouvinte. Reis e outros membros da família real partilhavam esse dom da composição poética: tal foi o caso de D. Dinis (chamado o Rei-trovador) a quem se creditam umas cento e trinta e nove canções.
Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.®Sérgio.

A FRITADA DO JOÃO

Era uma vez um fazendeiro que resolveu fazer uma grande criação de galinhas num rancho que tinha lá nas suas terras.
O fazendeiro tinha como capataz um preto velho chamado João e entendeu de encarregá-lo desse serviço, pois, com a idade que tinha, devia ter uma boa prática de criações. Entretanto, receando que João lhe passasse a perna e fosse um gambá de galinheiro, embora morasse há tanto tempo na fazenda, o fazendeiro usou de manha para ver se ele gostava de ovos. Perguntou-lhe:
— João, você gosta de ovos cozidos?
— Eh! Eh! João não gosta nem um pouquinho disso não!
— E de ovos assados na brasa?
— Não sinhô.
— E de ovos estrelados?
— Não, não, sinhô. Eh! Eh!
— E de ovos crus, você gosta João.
— Não, não. Antão João é gambá pra modo de gostá de comê zovo cru?!
Depois dessas respostas do velho, o fazendeiro cegou a conclusão de que João não gostava de ovos de modo nenhum; assim, achou que ele estava no ponto para cuidar do rancho das galinhas e deu-lhe a empreitada.
O velho João tratava muito bem das galinhas e a criação prosperava que dava gosto.
O fazendeiro aparecia por lá de vez em quando e ficava para lá de satisfeito.
Certa vez, João que era um perfeito gambá de galinheiro, estava fritando ovos para o seu almoço quando, de repente, o fazendeiro apontou na porteira que rangeu: rim... ri... im... Depois, dobrou e deu o baque de aviso: blaaaam...
João ficou todo atrapalhado e não tendo mais tempo, nem onde esconder os ovos, que estralavam na frigideira, e vendo que o senhor chegava, despejo-os dentro do chapéu de couro que logo pôs na cabeça.
Muito vexado, correu ao encontro do fazendeiro, que olhando para ele, viu a gordura da fritada escorrendo pela cara abaixo de João. Além do mais, era a primeira vez que o velho lhe falava de chapéu na cabeça. Desconfiado o fazendeiro gritou:
— João, que é isso! Falando de chapéu na cabeça?! Tire o chapéu, João!
O nego velho abobou.
— Vamos tire o chapéu!
João não teve outro remédio senão tirá-lo. Em cima do cabelo da cabeça apareceu a fritada.
— Então, João, que é isso. Mentiu para mim? Pois não me disse que não gostava de ovos?
— Eh! Eh! Senhor! João disse que não gostava di zovo cuzido, di zovo assado, di zovo estrelado, di zovo cru; mas não disse que não gostava di zovo fritangado. João não minte! ®Sérgio.

NA ÉPOCA DAS CAVERNAS