sexta-feira, 4 de maio de 2012
LIMA BARRETO: ABSOLUTO ANIQUILAMENTO
O carioca Afonso
Henriques de Lima Barreto (1881 – 1922), uma das figuras mais fascinantes e
controvertidas da literatura brasileira, entregou-se à bebida o que o levou a
constantes crises de depressão, de modo, que teve de internar-se por duas vezes no Hospício Nacional (em 1943
em 1919). Na segunda estadia, obrigado a varrer, em público, o pátio do
manicômio, confessa:
"Veio-me repentinamente,
um horror à sociedade e à vida; uma vontade de absoluto aniquilamento, mais
daquele que a morte traz; um desejo de perecimento total da minha memória na
terra; um desespero por ter sonhado e terem me acenado tanta grandeza, e ver
agora, de uma hora para outra, sem ter perdido de fato a minha situação, cair
tão, tão baixo, que quase me pus a chorar que nem uma criança." ®Sérgio.
RETRATO DO PARADOXO
Miguel de Cervantes Saavedra é o retrato do paradoxo. É pobre e rico,
nobre e plebeu. É síntese de seu tempo, de seu país, intolerante e libertário,
poeta e louco. E paradoxal é também (o herói de sua obra principal) Dom Quixote
da Mancha. Ambos vivem e meditam, descompassados, ora sonhos altos e nobres de
almas generosas, ora mesquinhas realidades de vida agarrada e ridícula. Cervantes
é o repórter de Quixote, diz Lourenço.
Professor José Lourenço de
Oliveira (1904 – 1984), humanista, filólogo, linguista e filósofo da linguagem.
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