— Sou filho de um escravo , e que tem isso ? Onde está a mancha indelével ?… O Brasil é uma terra de cativeiro . Sim todos aqui são escravos . O negro que trabalha seminu , cantando aos raios do sol ; o índio que por um miserável salário é empregado na feitura de estradas e capelas ; o selvagem , que , fugindo a colonização, vaga de mata em mata ; o pardo a quem apenas se reconhece o direito de viver esquecido; o branco , enfim , o branco , que sofre de má cara a insolência dos mais ricos e o desdém do governo . Oh ! Quando caírem todas essas cadeias , quando esses cativos todos se resgatarem, há de ser um belo e glorioso dia ! (Ato II, cena 12, da peça Sangue Limpo de Paulo Eiró¹)
Sangue Limpo é um drama que tem por cenário São Paulo nos dias da Independência e situa um caso de amor entre um jovem da burguesia e uma jovem parda . O preconceito é vencido pelo rapaz que se rebela contra o pai , ao mesmo tempo em que este é assassinado por Rafael, um negro que jurara nunca mais "ajoelhar-se aos pés de um senhor".
Na cena 12 do ato II, temos a fala em que Rafael, irmão da jovem mestiça , responde ao "Senhor" que lhe perguntara se corria sangue escravo em suas veias . ®Sérgio.
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1 - Paulo Eiró (1836-1871), foi poeta e dramaturgo.
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1 - Paulo Eiró (1836-1871), foi poeta e dramaturgo.