Em todas as
literaturas, iremos, sem dúvida, encontrar um número considerável de obras
anônimas, ou seja, cujo autor se desconhece. Especialmente as originárias de
tempos muito remotos, por terem um caráter oral e pertencerem culturalmente a
toda comunidade, e, por isso mesmo, não se atribuía importância à ideia de uma
autoria individual.
Não se conhece os nomes
dos autores das grandes epopeias populares da Idade Média, como, por exemplo, as
que relatam as lendas da mitologia germânica. Per Abbat, cujo nome aparece no
fim do Cantar de mio Cid, poema épico
espanhol, não é o autor da obra, mas sim copista dos manuscritos. Tampouco se
conhecem, nas literaturas orientais, os autores dos textos védicos (Sânscritos vedas) ou de As Mil e Uma Noites e, nas literaturas ocidentais, os de numerosos
hinos.
A partir do século XVI,
o anonimato visava não tornar conhecido o nome do autor; a intenção deliberada era
a de ocultar a origem da obra. O mesmo objetivo podia ser alcançado pela
atribuição da obra a um autor de nome livremente inventado - o pseudônimo.
Geralmente, um autor
principiante prefere o anonimato ou usa o pseudônimo, quando ainda não tem
coragem de se expor ao julgamento do público e da crítica, ou, então, quando
inicia novo estilo ou gênero, de cujo sucesso, ainda, não está seguro. Foi esse
o caso de Waverley, publicado
anonimamente por Sir Walter Scott (1771-1832), em 1814, dando origem a um novo gênero
de romance: o romance histórico.
Casos mais frequentes
de anonimato em literatura é a pressão da censura, da qual o autor espera
severas medidas. Um dos primeiros e mais famoso caso de anonimato por medo de
censura são as Letters of Junius
(Cartas de Junius), que, publicadas entre 1769 e 1772 no jornal londrino The
Public Advertiser, atacavam fortemente as tendências absolutistas do rei Jorge
III. Tais cartas são uma obra-prima de jornalismo político e um monumento da
prosa inglesa em sua fase classicista, do século XVIII. A identidade de Junius até
hoje não é conhecida e poderá nunca ser esclarecida, a menos que sejam
encontrados documentos que a estabeleçam de forma inequívoca. No entanto,
acredita-se que o autor das Cartas de Junius possa ter sido o político inglês
Sir Philip Francis (1740 – 1818).
Outra famosa obra
anônima é o Lazarillo de Tormes, primeiro exemplo de romance picaresco,
caracterizado por Benedetto Croce como uma espécie de epopeia da fome. ®Sérgio.
Magnífico o texto amigo, muito bom mesmo!
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