sábado, 16 de junho de 2012
O APÓLOGO
A origem do apólogo (do Grego apólogos = narrativa
detalhada.) é remota e um tanto obscura, acredita-se que tenha surgido
no oriente, porém, está presente na literatura de todos os povos.
É uma narrativa em
prosa, curta e alegórica, comumente confundida com a fábula e a parábola, em
razão do conteúdo moral explícito ou implícito, ou seja, um conceito moral que
sempre encerra a narrativa e à estrutura dramática a qual se fundamenta. No
entanto, estudiosos do assunto afirmam que a distinção se faz pelas
personagens.
Apólogo é protagonizado
por coisas inanimadas (plantas, pedras, rios, relógios, montanhas, relógios,
estátuas, etc.) que adquirem certos dotes humanos: a fala, por exemplo. Ao
passo que a fábula conteria de preferência animais irracionais, e a parábola
seres humanos. Eis um exemplo de apólogo:
Havia no alto de uma
montanha três árvores, que cresciam e sonhavam juntas. Sonhavam,
principalmente, o que seriam depois de grandes. E assim, todo dia, repetiam
entre si, seus sonhos.
A primeira, olhando as
estrelas, dizia: "Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de
tesouros. E, para tanto, até me disponho a ser cortada".
A segunda, sempre que
olhava o riacho a correr, suspirava: "Eu quero ser um navio grande para
transportar reis e rainhas".
A terceira que amava
aquele vale, que pulsava em vida, anunciava: "Quero ficar aqui, no alto da
montanha, e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem os
olhos e pensem na grandiosidade de Deus".
Passado muitos anos, um
dia, três lenhadores subiram a montanha e as cortaram. As duas primeiras,
vibravam, ansiosas, em serem transformadas naquilo que sonhavam, porém a
terceira, nem tanto. Mas os lenhadores não costumavam ouvir ou entender sonhos
de árvores. E a primeira acabou sendo transformada em um cocho, aonde os
animais vinham comer. A segunda virou um simples barco de pesca, carregando
pessoas, carga e peixes. A terceira, foi cortada em grossas vigas, e quase
todas, usadas na construção um estábulo para os animais, somente duas foram
guardadas num depósito à espera de utilização.
Desiludidas e tristes
as três irmãs árvores se perguntavam: Por quê?
Eis que, numa noite,
uma jovem mulher, prestes a dar à luz, e seu marido José não encontrando lugar nas
hospedarias, colocou seu bebê recém-nascido naquele cocho de animais. A
primeira árvore, então, percebeu que abrigava o maior tesouro do mundo e que
Deus não só realizara o seu sonho como ainda a privilegiara entre todas as árvores
do mundo. E deu glória a Deus.
Anos mais tarde esse
menino, agora homem, entrou num barco - o mesmo em que a segunda árvore havia
se transformado-, e nele acabou dormindo, quando uma tempestade abateu-se sobre
a embarcação. O homem levantou-se e disse: "Que se faça a bonança"! E
veio a calma e a tranquilidade no mar revolto; e a árvore, compreendeu que
estava transportando o rei do céu e da terra, que estava recebendo de Deus
muito mais do que pedira.
Outros três anos se
passaram. E numa fatídica sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando
suas vigas foram unidas em forma de cruz e nela um homem foi deitado e pregado.
A princípio, a terceira árvore, sentiu-se horrível e cruel. Mas, dois dias
depois, aquele que em suas vigas tinha sido crucificado, ressuscitava dos
mortos para subir ao céu. E a terceira árvore percebeu que nela havia sido
pregado um homem para a salvação da humanidade e que as pessoas sempre se
lembrariam de Deus e de seu Filho ao olharem para aquela cruz.
As árvores haviam tido
sonhos e desejos... E os julgaram perdidos. Porém eles aconteceram, e foi maior
do que haviam imaginado. Assim, digo-lhes: nunca deixe de acreditar em seus
sonhos, mesmo que, aparentemente, eles sejam impossíveis de se realizar.
Na Literatura
Brasileira o apólogo encontrou adeptos em: D. Francisco Manuel de Melo, Apólogos Dialogais (1721); João Vicente
Pimentel Maldonado, Apólogos (1820); Machado
de Assis, Um Apólogo (também conhecido
por A Agulha e a Linha), pertencente ao volume Várias Histórias (1896); Coelho Neto, Apólogos (1904). ®Sérgio.
A ALUSÃO
Está sendo feita uma alusão ao
célebre general grego Pirro. Você só poderá entender essa alusão, se conhecer a
história do general; que é a seguinte: seu exército após uma difícil vitória
sofreu tantas baixas que o levou a dizer: "Mais uma vitória como esta e
estou perdido". De modo que a alusão à vitória de Pirro passou a ser, em
qualquer contexto, uma conquista difícil.
Camões, ao
dizer que "Cessem do sábio Grego e Troiano / As navegações grandes que
fizeram" (Os Lusíadas, c. I, est. 3), alude a Ulisses e Enéias.
Percebe-se,
sem dúvida, que a alusão é a leve menção de outros textos dentro de um texto,
pela inserção do autor. A alusão não transcreve um texto preexistente, apenas o
referencia. Por outro lado, nem sempre o leitor, ainda que culto e atento, reconhece
a alusão encerrada numa passagem.
Segundo
estudiosos de literatura como Earl Miner e outros, podemos distinguir os
seguintes tipos de alusão:
1. Alusão Tópica ou Histórica, quando se
refere a acontecimentos passados ou recentes. É o caso do general Pirro.
2. Alusão Pessoal, quando o escritor
menciona fatos relativamente notórios de sua própria existência. Como é o caso
do poeta e dramaturgo William Butler Yeats, cuja obra está repleta de alusões
restritas à sua vida privada.
3. Alusão Nominal, quando se refere a um
nome próprio do conhecimento geral. Homero, Platão, Ulisses, Enéias, James
Joyce.
4. Textual, quando se refere a textos
preexistentes na tradição literária. Uma obra literária pode ser, no seu todo,
uma alusão de uma obra anterior, como no caso de Osman Lins, que transpôs para
o sertão pernambucano, em O Fiel e a Pedra, a Eneida de Virgílio. ®Sérgio.
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Para saber mais:
E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia.
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