segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A MORTE DE AQUILES

 Durante nove anos os gregos estiveram envolvidos em escaramuças com os Troianos sem grandes consequências. Talvez, por isso, a Ilíada cobre apenas algumas poucas semanas do décimo ano da guerra, quando se deu as batalhas que levaram os gregos a conquista de Troia. A Ilíada, porém, não envolve a morte de Aquiles. De modo que surgiram versões diferentes sobre a morte do maior herói grego.
Segundo a tradição mais corrente, ele morreu em combate, ferido no calcanhar por uma flecha, lançada por Páris, mas guiada por Apolo, que, assim, vinga à morte do seu filho Tenes e o jovem arqueiro troiano, a de seu irmão Heitor.
Uma segunda versão diz que Aquiles apaixonou-se por Polixena, umas das princesas de Troia e teria pedido sua mão a Priamo, quando este esteve, secretamente, em sua choupana para pedir o corpo de Heitor. Priamo na espetativa de que essa união representasse o fim da guerra de Troia, consentiu a união. Entretanto, se Aquiles casasse com a irmã de Páris, este teria de abandonar Helena, causadora do cerco a Troia. Então, o príncipe troiano, incitado por Apolo que desejava vingar a morte de seu filho Tenes, atira, escondido por detrás de uns arbustos, uma flecha guiada por Apolo, que acerta o calcanhar de Aquiles e mata-o. Páris foi morto por Filoctetes, um dos argonautas e amigo de Hermes, com o arco e as flechas de Héracles (Hércules para os romanos).
A outra versão, um tanto mais romanesca, afiança que Aquiles se apaixonou por Polixena, a filha mais jovem do rei troiano e que, por ela, esteve por abandonar a causa Grega. Certo dia, por ocasião da trégua, Aquiles encontrou-se com a jovem no templo de Apolo (próximo de Troia), do qual ela era sacerdotisa. Páris, irmão de Polixena, sabendo do encontro, para lá se dirigiu, ferindo Aquiles, com uma flecha, no calcanhar, que acabou por matá-lo. O corpo de Aquiles foi resgatado por Ulisses e Ajax.
Os Gregos, convencidos de que Polixena tinha organizado uma cilada a Aquiles, ao apossarem-se da cidade de Tróia, foram a sua procura. Neoptólemo, filho de Aquiles, que os Gregos tinham ido buscar para que tomasse o lugar de seu pai no exército, encontrou-a e manteve Polixena cativa até que o fantasma de Aquiles apareceu para o filho, exigindo que ela fosse sacrificada. Neoptólemo assim fez, sacrificando também Príamo em honra de Zeus.
Argumentos de pesquisadores negam a Páris o feito de ter matado Aquiles. Dizem ser concepção comum de que ele era um covarde; não tinha, pois, a coragem de seu irmão Heitor. Afirmam que Aquiles nunca fora derrotado no campo de batalha, e mesmo, fora dele.
Verdadeiro ou não o feito de Páris, o fato é que, após a morte de Aquiles, Zeus - a pedido de Tétis - conduziu-o à ilha dos Bem-aventurados, onde ele casou com uma heroína (cita-se Medeia, Ifigênia). Da união com uma delas, teria nascido um filho alado, de nome Euforião, personificado como a brisa da manhã.
O túmulo de Aquiles, de acordo com a mitologia, encontra-se em Leuké, uma ilha do Mar Negro, também chamada de Aquileia.
São abundantes as obras literárias em que Aquiles personifica o herói grego. Só para exemplificar, destaco, além da Ilíada e da Odisseia, a tragédia de Eurípides, Ifigénia em Áulis, que foi imitada por Racine em 1674 e transformada em ópera por Gluck, em 1774, e Aquileide, poema épico de Stace. ®Sérgio.

sábado, 28 de agosto de 2010

A POLÊMICA SOBRE O "BOM LADRÃO"

O ritmo de vida das pessoas mudou muito. E sua relação com a escrita, principalmente na Web, foi na mesma direção. Palavras são abreviadas e, não raro, descaracterizadas, para acompanhar a velocidade de comunicação na Internet. Evidentemente, que falo das conversas instantâneas no Messenger e similares. O interessante é que esse modismo tem atingido muitos postulantes a escritores, seja por condicionamento, seja por opção.
A pontuação, por exemplo, é quase que ignorada porque leva o cérebro a fazer uma pausa mental, o que acaba por alongar a digitação e a leitura. Na verdade a pontuação em um texto, não é uma questão de alongar o tempo, mas sim, de certos preceitos lógicos e sintáticos. De maneira que existem orientações e normas a serem seguidas.
Veja você, a confusão que a ausência de uma vírgula em um trecho bíblico, tem causado a algumas religiões.
No Evangelho de São Lucas, capítulo 23, entre os versículos 39 e 43, narra-se a passagem em que Cristo é crucificado entre dois ladrões, passagem conhecida como o "bom ladrão". No versículo 43 temos a fala de Cristo em resposta ao bom ladrão:
E acrescentou: "Jesus, lembre-te de mim, quando vieres com teu reino". (42)
Ele respondeu: "Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso". (43)
(A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas. Mateus: 23. 39-43)
A pontuação utilizada na fala de Cristo não é de consenso entre as religiões cristãs. Há algumas, que apoiadas nos textos de outras versões bíblicas, alegam que a entrada no paraíso não se dá no dia da morte, mas no momento em que Cristo retornar a terra, ou seja, na sua segunda vinda. Para esses cristãos a fala ao bom ladrão foi: "Em verdade, eu te digo hoje, estarás comigo no paraíso".
Perceberam como o deslocamento da vírgula interferiu no sentido da frase? Pois é, a interferência está relacionada ao advérbio [hoje] e a vírgula.
Na primeira versão – Na verdade, eu te digo, hoje estarás [...]. - hoje é o tempo em que o bom ladrão estará com Cristo no Paraíso: no mesmo dia de sua morte. Na segunda versão – Na verdade, eu te digo hoje, estarás [...]. - indica que hoje é o tempo do dizer, não da entrada no paraíso.
Quem está certo?! Em que lugar ficará a alma do bom ladrão até sua entrada no paraíso?!
Aí está a consequência da não pontuação em um texto. Como a versão original da bíblia está redigida em escrita contínua: Em verdade eu te digo hoje estarás no paraíso - sem pontuação, cria-se a ambiguidade. Assim, podemos dizer, com razão, que ambas as interpretações são válidas. Você pode escolher a que mais lhe convém. ®Sérgio.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

VIA CRUCIS - Seleta de Poemas

Seleta de Poemas representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas, ou homenagear autores que admiro.
VIA CRUCIS
A Via Crucis foi uma selvageria,
A Crucifixão uma brutalidade;
mas em três, quatro horas, acabou a agonia,
baixou a eternidade.
Eu vivo aqui, crucificada noite e dia,
carrego da manhã à tarde
o meu lenho de opróbrio¹ e a noite me excrucia,
lenta, fria, covarde.
Ah, como eu preferia
que me crucificassem de uma vez, sem o alarde
de algum terceiro dia!
Mas toca-me seguir nessa monotonia,
a agonia de alçar-me do catre
e abrir de novo os braços vazia.
Bruno Tolentino (1940-2007) in As Horas de Katharina.Tolentino ,foi poeta brasileiro, professor de literatura nas universidades de Oxford, Essex e Bristol e tradutor-intérprete junto à Comunidade Econômica Europeia. As Horas de Katharina foi escrito durante o período de 22 anos (1971-1993), e é composto de 166 poemas. Bruno ganhou, com essa obra, o Prêmio Jabuti de melhor livro de poesia. ®Sérgio.
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1- Opróbrio: grande desonra pública; degradação social; ignomínia, vergonha, vexame.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

AS LENDAS DO CICLO TROIANO - Estudo e Notas Literárias

A Ilíada (composta entre -750 e 725 a.C.) é a mais antiga e mais extensa das obras atribuídas a Homero; é também a mais antiga obra literária da literatura europeia e uma das obras mais apreciadas da Antiguidade.
O nome do poema deriva de Ílion, nome alternativo da lendária cidade de Tróia.
Acredita-se que a Ilíada tenha sido originalmente uma composição oral, memorizada e recitada em ocasiões especiais. Somente no fim do século VI a.C., dois séculos mais tarde, os versos foram, por fim, assentados na forma escrita.
O assunto do poema, retirado das lendas do Ciclo Troiano, cobre apenas alguns dias do décimo ano da Guerra de Tróia.
Significativa parte da poesia grega foi recolhida pela tradição antiga sob o nome de Ciclo Épico. Esse ciclo compunha-se, entre outros, do Ciclo Troiano que englobava: Cantos Cíprios, Etiópida, Pequena Ilíada, Iliupérsis, Retornos e Telegonia. Por razões que desconhecidas, nenhuma dessas obras chegou inteira aos dias atuais. O que conhecemos foram retirados de resumos feitos por autores antigos e de fragmentos citados em suas obras. ®Sérgio.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

COMO ANDEI MORRENDO ATÉ HOJE

"E um dia hei de morrer eu também... Totalmente.
Não como andei morrendo até hoje, sozinho,
por minha própria conta como um Rilke mesquinho
com sua rosa seca, um fantasma, um demente."
Bruno Lucio de Carvalho Tolentino ((1940—2007) foi poeta brasileiro. ®Sérgio.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

RECEITA PARA FAZER CHOVER

O Efeito estufa anda atazanando sua vida?
Sua casa virou um forno de cozinha?
O aquecimento global está esquentando sua cabeça?
A água está racionada?
Você anseia por uma boa chuva, mas há tempo ela não vem?
Seus problemas acabaram!
Eu tenho uma simpatia infalível para fazer chover!
Telefone para um/uma amigo/amiga e lhe diga sonoramente:
— Que dia lindo amanheceu hoje! O sol está brilhando; acho que vou para o clube "pegar" uma piscina!
Você não frequenta clube?
Diga que vai a praia.
Aí não tem praia?
Então, diga que vai passear no parque.
Se você seguir a risca a simpatia, logo depois que disser que vai "pegar" uma piscina, ou que vai a praia, ou ainda que vai passear no parque, nuvens negras e grandes aparecerão, depois raios e trovões e, enfim, cairá um pé d’água que você jamais esquecerá.
Boa chuva! ®Sérgio.