segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

UM CASO DE HIGIENE

Você acreditaria que o papel higiênico quando foi inventado encontrou resistência para ser aceito? É um detalhe sórdido, porém verdadeiro. Pois a higiene pessoal, tal como a concebemos hoje, só começou a se estabelecer no século XIX, antes disso, as pessoas não só toleravam a sujeira como também, muitas vezes, nutriam certo deleite pessoal com ela.
Pesquisadores famosos contam que praticamente todas as civilizações da Antiguidade deram grande valor à higiene pessoal e ao bem-estar físico. No entanto, alguns fizeram uma constatação chocante e polêmica: o cristianismo representou um retrocesso na história da higiene. Será?
Eles argumentam que na Antiguidade os egípcios já fabricavam sabão; na Grécia o banho era uma instituição cotidiana. Os romanos criaram aquedutos para abastecer suas principais cidades e frequentavam diariamente banhos públicos, onde o corpo era lavado e esfregado vigorosamente (não se usava sabão) para tirar a sujeira. Mas, que tudo isso desapareceu com a queda do império e a ascensão dos cristãos. É claro que o banho não desapareceu, assim, da noite para o dia. Porém, aos poucos, esses locais de banhos, foram associados a costumes pagãos e, consequentemente, ao pecado. Neste caso, vários registros históricos comprovam o fato. Por exemplo, no século VI era regra da vida monástica a determinação de São Bento de que só os monges doentes ou muitos velhos fossem autorizados a se banhar. Na maioria dos monastérios da Europa medieval o banho era praticado três vezes, no máximo, ao ano. E como a Igreja tinha grande influência entre a população que vivia fora do claustro, supõe-se que o costume não fosse muito superior a esses três dias.
Por muitos séculos a higiene pessoal do cristão europeu não passou de lavar as mãos antes das refeições e esfregar seus dentes com paninhos, até que a prática de lavar o corpo todo retornou ao seu cotidiano.
Anotei alguns fatos que comprovam esse enunciado. Veja:
No palácio de Versalhes, um decreto de 1715, estipulava que as fezes seriam retiradas dos corredores uma vez por semana. Ora bem, se decretaram uma vez por semana; eu suponho que o recolhimento antes do decreto demorava muito mais.
Atribuíam-se perigos ao banho: lavar o corpo todo abriria os poros facilitando a infiltração de doenças. Além disso, acreditava-se que a roupa absorvia a sujeira do corpo. Portanto, era só trocar de roupa todos os dias para manter-se limpinho. No entanto, Dom João VI, não acreditava muito nesse conceito. Ele detestava banho e costumava a vestir a mesma roupa até que apodrecesse.
Relatos de palacianos contam que a rainha espanhola Isabel (1451 – 1504) só tomou, em toda a sua vida, dois banhos de corpo inteiro.
Hoje a higiene pessoal parece ter chegado a extremos, especialmente entre os americanos. Alguns cientistas já alertaram que essa superproteção higiênica está debilitando a resistência imunológica das crianças e aumentando a incidência de doenças.
Pois bem, mas... e o papel higiênico? Ainda, segundo os historiadores, o papel higiênico só surgiu nos Estados Unidos, em 1857; e o produto demorou a vencer a resistência do mercado pela palha de milho, pela esponja, entre outros. Certo mesmo é que antes do papel higiênico, cada um se virava como podia. ®Sérgio.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

MORREU MESMO - Recontando Contos Populares

Um dia, foi um jovem empregar-se na prefeitura de uma cidadezinha do interior. No seu primeiro dia de trabalho lhe mandaram podar as árvores da prefeitura. Como não tinha prática desse serviço e era um tanto tapado, apoiou a escada num dos galhos e pôs-se a serrá-lo. Deu de acontecer que passava por ali, numa mulinha avermelhada e troncha; breviário na mão e guarda-sol aberto, o vigário da freguesia. Ao ver o jovem, advertiu-o:

— Menino, serrando desse modo, vai cair daí!

O novato que era, além de estúpido, teimoso; fingiu não ter escutado o padre, e continuou o trabalho.

O vigário, então, prosseguiu seu caminho. Não passou muito tempo... zás! Vem ao chão tanto a escada, como o jovem podador, que ficou com um braço em petição de miséria. Quando voltou do desmaio e retomou os sentidos, ficou muito admirado do certo que saiu o conselho do reverendo; pensou lá consigo que o padre era um adivinhão e como tinha profetizado sua queda, podia acertar o dia de sua morte.

Foi ter com ele:

— A bença, seu vigário.

— Deus te abençoe.

— Vossa Reverendíssima me falhou que eu havia de cair da árvore e, dito e feito, caí mesmo. Bem... queria que agora adivinhasse o dia de minha morte.

Bonachão, o padre achou muita graça no pedido que o jovem lhe fazia e resolveu zombar um pouco dele.

— Olhe, sei quando você há de morrer. Será na hora em que, indo para sua casa, montado em sua mula, a ouça dar três zurros seguidos.

O jovem podador agradeceu muito e foi-se embora.

Toda vez, que voltava para casa, montado em sua mula, ia muito atento a fim de ouvir quando ela dava os tais zurros. E foi que, certo dia, ao chegar numa volta do caminho, a mula preparou-se toda e soltou um, dois, três zurros.

O jovem, que os havia contado com o coração aos pulos e crente na previsão do reverendo, julgou chegada sua hora. De imediato, atirou-se da sela abaixo e soltou um grito:

— Morri!

Não se moveu mais, certo de que estava morto. Vai daí que, logo depois, passaram por ali uns trabalhadores e deram, de cara, com ele estendido no meio do caminho. Acreditando-o morto, foram buscar uma rede no vizinho mais próximo, puseram-no dentro e o conduziram para sua casa, rezando um terço.

Não muito adiante, havia duas encruzilhadas. Os trabalhadores ficaram bestando: qual delas seria o caminho mais curto para chegarem à casa do morto.

Começaram a teimar entre si, até que o defunto ergueu a cabeça do fundo da rede e lhes disse:

— Olhem, amigos, no tempo em que eu era vivo o caminho mais curto era à esquerda.

Assombrados, os trabalhadores atiraram a rede ao chão, com o defunto dentro, e fugiram a toda disparada.

Com a queda o moço veio a morrer mesmo. E a adivinhação do padre saiu certa. ®Sérgio.

AS FIGURAS FONÉTICAS

Onomatopeia do grego onomatopoiía (= ação de inventar nomes) é a criação de uma palavra a partir da imitação ou reprodução aproximada (nunca exata) de um som natural a ela associado. A onomatopeia transforma-se, assim, num processo de formação de palavras. As onomatopeias têm sua carga significativa na sonoridade e não no conceito, ou seja, velem apenas pelo que significam. Fazem parte do universo da onomatopeia: ruídos, gritos, canto de animais, som de instrumentos musicais ou o barulho que acompanha os fenômenos da natureza:

=> Ergue a voz o tique-taque estalado das máquinas de escrever. (F. Pessoa)

Numa leitura em voz alta, você perceberia, facilmente, os estalos do [t] e [q].

As Onomatopeias Puras - serão puras quando procuram - com os recursos que a língua dispõe - reproduzir, imitar o mais aproximado possível os sons que representam; por exemplo: bip, clic, toc-toc, brrr, atchim, etc. Estas onomatopeias não representam palavras, apenas imitam os sons que representam. São, muitas vezes, formadas apenas por consoantes (zzzz), facilmente pronunciadas, porém difícil de serem representadas ortograficamente. Muitos dos ruídos e sons representados por onomatopeias acabam por se incorporar à língua. Algumas vão até motivar a criação, por derivação, de novas palavras.

As Onomatopeias Vocalizadas estão no campo da gramática e da linguística e constituem palavras como outras quaisquer. Seguem as regras de construção ortográficas e possuem uma classificação sintática e morfológica, como é o caso de roncar e mugir (verbos), que correspondem às onomatopeias puras “ronc e muuu”, respectivamente. Quase todas as onomatopeias puras são passíveis de lexicalização, bastando para tal antepor-se um artigo, por exemplo: o tic-tac, um toc-toc.

Neste fragmento do poema Vozes dos Animais de Pedro Dinis, temos uma boa ilustração das onomatopeias vocalizadas:

Muge a vaca, berra o touro

Grasna a rã, ruge o leão,

O gato mia, uiva o lobo

Também uiva e ladra o cão.

Relincha o nobre cavalo

Os elefantes dão urros,

A tímida ovelha bala,

Zurrar é próprio dos burros.

É de se esperar que as formações nitidamente onomatopaicas fossem, em geral, de caráter universal. Contudo, têm poucas semelhanças nos diferentes idiomas quando se traduzem graficamente. Cada língua convencionou a onomatopeia de uma maneira própria. Por exemplo: auuu (latido de cães) em francês é wou, ou, ouuuu; em russo vau, ou, oouu; beee (ovelhas) é baa em inglês e bäh em alemão.

A onomatopeia é um dos recursos expressivos mais comuns usados na prosa e na poesia para produzir um efeito especial e reforçar a capacidade comunicativa do texto Na poesia tem grande importância estilística e poética, pois nela se concentram a melodia, a harmonia e o ritmo da frase. Os valores sonoros da onomatopeia podem ser reforçados pela aliteração (repetição do mesmo som). Daí a sensível aproximação da poesia a esta figura fonética, como se pode verificar neste fragmento de Vicente de Carvalho:

Ouves acaso quando entardece

Vago murmúrio que vem do mar,

Vago murmúrio que mais parece

Voz de uma prece

Morrendo no ar?

Nestes versos há um conteúdo onomatopaico criado pelo termo murmúrio e reforçado pela aliteração (repetição do termo).

A onomatopeia tornou-se moda durante o Simbolismo, a ponto de atribuir-se a cada vogal uma carga sonora, correspondente a um instrumento: A > órgão — E > harpa — I > violino — O > metais — U > flauta.

Nas histórias em quadrinhos, podemos encontrar inúmeros exemplos de onomatopeias. ®Sérgio.

Neste link há uma lista de onomatopeias puras para o seu texto:

http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1186781

___________________________________________

Ajudaram na elaboração deste texto:

Helio Seixas Guimarães, Ana Cecília Lessa - Figuras de Linguagem – Atual Editora

Rocha Lima – Gramática Normativa da Língua Portuguesa – José Olympio.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

CASOS DE “PULIÇA” (2)

O segundo caso de "puliça" vem lá da China. Se você acha que somos campeões dos crimes hediondos, veja este:
A polícia chinesa prendeu cinco homens acusados de matar mulheres jovens para vendê-las como “noivas fantasmas”. Segundo a tradição de camponeses do norte do país, homens que morrem solteiros têm a linhagem comprometida na próxima vida. Para evitar o mau agouro na eternidade e para quebrar o galho do solteirão, os familiares tentam arranjar um minghun, “casamento após a morte”, enterrando uma noiva fantasma ao lado do solteirão. Segundo a polícia, o preço dos corpos varia, geralmente, de acordo com a idade da noiva: as mais jovens chegam a ultrapassar dois mil dólares.
Fique agora você sabendo o porquê do velho clichê: “Nem morto eu me caso”.

Salve-se... quem puder! ®Sérgio.

CASOS DE “PULIÇA” (1)

Nestes últimos dias, descobri, através da leitura de periódicos, alguns acontecimentos inusitados. Dois deles me deixaram surpreso. O primeiro se passou aqui, na minha terrinha.
No meu bairro, ou em qualquer outro da cidade, se você sair a passear, em cada cinco casas que passar, quatro tem um pit bull, a outra um cãozinho qualquer. As autoridades no assunto dizem que tal fato se deve a incidência de assaltos a residências. Tá certo. Os pit bulls seriam, além das cercas elétricas e outras parafernálias, mais uma forma de proteção, e, diga-se, pelos sustos que se toma nos passeios, bem barulhenta.
Foi com o intuito de se proteger dos amigos do alheio que dona Adelina Correia da Silva comprou aquele cachorrinho, que se transformou num enorme pit bull, guardião da casa.
Não dizem os estudiosos que para cada regra há uma exceção. Pois é! O pit bull de dona Adelina é a exceção. Explico:
No início desta semana, dona Adelina compareceu a uma delegacia para registrar uma ocorrência: o furto do enorme pit bull dela. Segundo o boletim de ocorrência, ela saiu de casa para umas compras no supermercado e quando retornou notou que a casa tinha sido invadida e que seu enorme pit bull, de pelagem caramelo, fora roubado; levado embora, no mínimo, por um ladrão conquistador.
Pois é, hoje em dia, não dá mais para se confiar nem nos pit bulls! É ou Noé, dona Adelina?
Salve-se quem puder! ®Sérgio.

O AMIGO DA ONÇA - Recontando Contos Populares

A Onça estava quietinha no seu canto quando lhe apareceu o compadre Lobo, que logo foi lhe dizendo:

— Comadre Onça, com o perdão da palavra, você não é o bicho mais valente e destemido que existe neste mundo, nem o Leão, com toda a sua prosa dos reis dos animais.

— Como assim? Berrou a Onça enfurecida. Quem é esse bicho mais valente e poderoso que eu?

O Lobo amaciando a voz respondeu:

— Ó comadre, me perdoe. Já estou arrependido de dizer tal coisa... Mas minha intenção era apenas preveni-la de um bicho terrível que apareceu nesta paragem.

— Bem... Você não deixa de ter alguma razão, retrucou a Onça, mais sossegada. Mas quero saber o nome desse bicho. Como se chama?

— Esse bicho, comadre, chama-se homem, conforme me disse o papagaio. Em toda a minha vida, nunca vi um bicho mais valente. Ele sim e mais ninguém é o rei dos animais. Basta dizer, que de longe, o vi matar, com dois espirros, nada menos do que um jacaré dos grandes. Ih! Comadre, com o estrondo dos espirros parecia que tudo ia pelos ares. Deus me livre!

— Oh! Compadre, não me diga!

— É como lhe conto. E o que mais me deixa admirado é o bicho-homem ser tão baixinho que parece ser fraco; além disso, é mal servido de unhas e dentes.

— Pois bem, compadre, fiquei curiosa. Quero que me leve, sem demora, ao lugar onde se encontra tal animal.

— Ah, comadre, peça-me tudo menos isso. Você nem imagina os estragos que ele fez com seus malditos espirros. Não me atreveria a tal aventura.

— Pois queira ou não queira, vai me mostrar o bicho, ou então não sairá daqui com vida.

— Está certo, disse o Lobo amedrontado. Iremos. Mas temos de tomar todo o cuidado possível. Eu — com sua licença — posso correr mais que a senhora. Assim, levaremos um cipó, daqueles que não arrebentam nunca. Amarro uma das pontas no pescoço da comadre e a outra em minha cintura. Em caso de perigo, se for preciso fugir, a comadre e eu corremos...

— Fugir! Veja lá o que diz! Você já viu, seu “cagão”, alguma vez onça fugir?

— Não me expliquei bem. Eu é que fugirei. A comadre será apenas arrastada por mim. Isso não é fugir. Está certo?

— Está bem. Faremos como quer.

Partiram. A Onça com o cipó atado no pescoço, e o Lobo muito respeitoso e tímido, a puxá-la.

Quando chegaram ao destino, o “bicho-homem”, surpreendido, ao avistá-los, tirou da cinta a garrucha e lascou fogo, isto é, espirrou, uma, duas vezes, foi um estrondo dos diabos.

O Lobo, então, mais que depressa, disparou numa corrida desabalada, empenhando um enorme esforço para arrastar a Onça pelo cipó “que tinha atado no pescoço dela”.

De repente, já muito distante, sentiu que a Onça estava mais pesada. Então parou, e contemplou a companheira estendida no chão, com os dentes arreganhados, sem o mais leve movimento.

O Lobo sem perceber que a Onça tinha morrido enforcada no laço do cipó, mas pensando que apenas estivesse cansada, disse-lhe tremendo que nem vara verde:

— Eh, comadre! Não ri, não, que o negócio é sério. ®Sérgio.

______________________________________________________

• Esse é um causo com inúmeras variantes em diversos Estados. Em alguns deles, em vez de Lobo figuram outros animais. Lindolfo Gomes, em Contos Populares Brasileiros, já o havia registrado em 1931. É provável que deste conto, advenha à frase: “Amigo da Onça”. Quanto à origem do conto, prevê Lindolfo, ser de uma antiga historieta que tinha como título a expressão: “Não ri, não, que o negócio é sério”.

NOTAS CURIOSAS (4)

O enigma do prisioneiro da Máscara de Ferro jamais foi decifrado. Quando a Bastilha caiu em 1789, nada se encontrou que provasse sequer a própria existência do prisioneiro. A lembrança do misterioso personagem estava apenas na memória dos carcereiros.

Victor Hugo teve – até a idade mais avançada – diversas amantes. A mais famosa delas foi Juliette Drovet, atriz sem talento que lhe dedica sua vida, e a quem ele escreveu diversos poemas. Ambos passavam juntos os aniversários de seu encontro e preenchiam, nestas ocasiões, um caderno comum que nomearam o "livro do aniversário".

Quando Victor Hugo morreu as prostitutas de Paris ficaram de luto.

Sócrates, que costumava começar o dia, com uma prece agradecendo aos deuses por ter nascido homem, mandou embora suas mulheres, ao ingerir a cicuta, para que seus últimos minutos na terra não fossem preenchidos com as incômodas demonstrações emocionais. ®Sérgio.

MOLIÈRE: DO PALCO PARA A MORTE - Notas Biográficas

Da biografia de Molière (1622-1673), um dos mais marcantes momentos foi sua morte, que se tornou lenda.

É dito que ele morreu em 17 de janeiro de 1673, aos cinquenta e um anos, durante a encenação de uma comédia de sua autoria, ironicamente intitulada, Malade Imaginaire (O doente imaginário), em que representava o papel principal. Na verdade, Molière apenas desmaiou no palco, ou melhor, tuberculoso, teve um ataque de hemoptise, expectoração sanguinolenta através da tosse, em cena aberta. Molière, porém, insistiu em terminar seu desempenho. Mas, em seguida, desabou de novo. O público imaginou tratar-se apenas de mais uma interpretação brilhante do grande ator e aplaudiu estrondosamente, enquanto Molière se curvava de sofrimento e perdia sangue pela boca. Depois de o pano cair, Molière foi levado agonizante para a sua casa de Paris, morrendo horas mais tarde, sem tomar os sacramentos já que dois padres se recusaram a dar-lhe a última visita, e o terceiro já chegou tarde. No momento de sua morte, Molière estava vestido de amarelo, o que gerou a superstição de que esta cor traz má sorte para os atores.

Para piorar as coisas, os atores (comediantes) da época não podiam, por lei, serem sepultados no solo sagrado de um cemitério, já que o clero considerava a profissão como mera "representação do falso". No entanto, a viúva de Molière, Armande, pede a Luís XIV que interceda em favor de seu cônjuge para que lhe seja permitido um funeral normal. O rei consegue obter do arcebispo a autorização para que o enterrem, durante a noite, na parte do cemitério reservado para crianças não batizadas.

Em 1792, os seus restos mortais são levados para o Museu dos Monumentos Franceses e, em 1817, transferidos para o cemitério do Père Lachaise, em Paris, ao lado da sepultura de La Fontaine. ®Sérgio.