domingo, 10 de maio de 2009

CHORANDO - Seleta de Poemas

Seleta de Poemas representa as poesias que li e me emocionaram. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas e homenagear os autores que admiro.
CHORANDO (à Júlia)
(Tradução Ary de Mesquita)
Se alguma dor te atormenta,
E por isso choras tanto,
Vem a mim, experimenta,
Eu farei cessar teu pranto.
Mas se choras mesmo quando
Risonha a vida te apraz...
És tão bela assim chorando...
Pedirei que chores mais.
       • Thomas Moore, poeta inglês (1779-1852) –. ®Sérgio.

SAUDADES E DESALENTO - Fragmentos Poéticos

SAUDADES (fragmento)

Pálida sombra dos amores santos!

Passa quando eu morrer no meu jazigo,

Ajoelha ao luar e entoa um canto...

Que lá na morte eu sonharei contigo.

DESALENTO (fragmento)

Feliz daquele que no livro d’alma

Não tem folhas escritas

E nem saudade amarga, arrependida,

Nem lágrimas malditas!

Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 1831 — Rio de Janeiro, 1852) poeta da segunda geração romântica (Ultra Romântica, Byroniana ou Mal do Século), contista, dramaturgo, escritor e ensaísta brasileiro. ®Sérgio.

SELETA DE PENSAMENTOS

"Raros são os homens dotados de bastante caráter para se regozijarem com os sucessos de um amigo sem uma sombra de inveja." (Esquilo)
"Qualquer um de nós pode compadecer-se do sofrimento de um amigo, mas é preciso uma 'natureza muito elevada' para compartilhar do seu sucesso." (Oscar Wilde)

A CAÇADA - Recontando Contos Populares

Havia em Rio Negro, um caboclo muito trabalhador que, nos dias de folga, gostava de uma boa caçada.
Foi então que esse caboclo convidou seu amigo, que era muito medroso, para uma caçada em um lugar onde diziam haver onças.
— Nessa eu não caio – respondeu o convidado. Dizem que por lá há cada pintada que é mesmo um perigo...
— Que perigo nada! Não aparece onça nenhuma! É tudo conversa fiada!...
— E se aparecesse uma onça macha e viesse para nosso lado? Onça é bicho doido; mal percebe no caçador qualquer sinal de vacilação, ela vem feito gato querendo pegar passarinho: deitada, escorregando, devagarzinho, com a barriga no chão, numa maciota, só com o rabo balançando... Os olhos alumiando verde e as presas enormes começando a brotar dos cantos da boca...
— Se ela aparecesse, bicho doido ou não, fosse o que fosse, engatilhava minha espingarda de dois canos, e esperava... Quando a onça apanhasse certa distância, tacava-lhe fogo, e ela já era...
— E se o tiro falhasse?
— Disparava o outro cano.
— E se negasse fogo?
— Então, ora essa! Num pronto arrancava meu facão de mato, e esperava a "bicha", e não tinha talvez...
— E se o facão não estivesse na bainha? Como às vezes acontece à gente perder na mata ou esquecer em casa, com a pressa de sair...
— Ah! Mano velho! Vou lhe dizer, nesse caso, não há outro remédio: pernas para que te quero...
— E se a onça, vai que vai, estivesse quase nos apanhando?
— Sem mais demora, ia para perto de um angico novo, trepava mais que depressa e ali ficava, chamando a onça de todo o nome feio que tem, até ver que a pintada alisasse a cara e fosse embora. Onça não sobe em árvore fina – se diz – porque ela não tem poder de abraçar com as munhecas.
— E me deixava no perigo, não é?! O que eu estou vendo é que você é mais "amigo da onça" do que meu! Nada de caçada! ®Sérgio.

A ARTE DE VIAJAR NO TEMPO E NO ESPAÇO

“Depois de ter mergulhado com Dafne no lago que Narciso mirou-se; depois de ter chamuscado os pés em Pompéia; depois de ter corrido no vácuo com os átomos de Epicuro; depois de haver calculado números com Pitágoras e ouvido sua música; depois de ter percorrido as muralhas da China e de ter passado por algumas regiões da metafísica e da loucura; quis, enfim, adormecer”.

Condenados a uma existência que nunca está à altura de nossos sonhos, tivemos de inventar um subterfúgio para escapar do nosso confinamento: a «ficção». Ela nos permite viver mais e melhor, sermos outros sem deixar de sermos o que somos; deslocarmos-nos no espaço e no tempo sem sairmos do nosso lugar nem da nossa hora, e vivermos as mais ousadas aventuras do corpo, da mente e das paixões, sem perdermos o juízo ou trairmos o coração.

Depois de haver vivido, nem que seja de modo fugaz, a outra vida (a fictícia, criada pela nossa imaginação à medida de nossos desejos), você irá compreender que ela é a compensação e consolo pelas muitas limitações e frustrações que fazem parte de todo destino individual. ®Sérgio.

"O Sonho nos dá o que a realidade nos nega."