terça-feira, 17 de abril de 2012

COMO PESSOAS ACORDADAS

" Às vezes sinto necessidade de morrer, como pessoas acordadas sentem necessidade de dormir."
Mme. Du Deffand (1697 – 1870)

O FIM DE UMA VIAGEM...

"O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."
José Saramago (1922 – 2010), escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.

VELHAS ÁRVORES

Não sei se Olavo Bilac gostaria de ver sua poesia exposta assim em meu blog, mas não posso deixar de postar meus poemas preferidos de vez em quando...
 Seleta de Poemas representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas e homenagear os autores que admiro.
Velhas Árvores
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem.
Olavo Bilac (1865 – 1918), artífice do verso.

A LENDA SIOUX - Versão da Lenda Americana

Há uma lenda dos índios Sioux que, com a devida licença, não poderia deixar de contar-lhes. Mas vou avisando que apesar da narrativa ser minha, a essência da lenda não foi modificada.
Conta-se que, certa vez, os jovens índios Sioux Touro Bravo e Nuvem Azul, foram à tenda do velho feiticeiro fazer um pedido:
— Sábio senhor, eu amo Nuvem Azul e ela a mim e vamos nos casar. Nosso amor é tanto que viemos lhe pedir um conselho: há algo que possamos fazer que nos garanta ficarmos para sempre juntos, um ao lado do outro até a morte?
 O velho feiticeiro, ao ver aqueles  jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse emocionado:
— Há uma coisa que podem fazer, porém é uma tarefa muito difícil e exige muito sacrifício. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte, ao norte da aldeia, levando consigo apenas uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono e também levar apenas uma rede; quando chegares lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Deves apanhá-la e trazê-la para mim, viva!
Touro Bravo e Nuvem Azul abraçaram-se com ternura, agradeceram o velho feiticeiro e partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, os jovens, com as aves, voltaram à tenda do feiticeiro. O velho tirou as aves dos sacos de couro e constatou que eram verdadeiramente os exemplares dos formosos animais que ele tinha pedido.
— E agora, o que faremos? Perguntaram os jovens, tomados de expectativa.
— Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.
Touro Bravo e Nuvem Azul fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas, o que conseguiram foi apenas saltar pelo terreno. Após várias tentativas, as aves, irritadas pela impossibilidade de voarem, arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucarem. Então o velho disse:
— Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se, um ao outro, estiverem amarrados, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucarem-se. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, porém, jamais amarrados. Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas.
“A única verdadeira segurança não se encontra em ter ou possuir, nem em exigir ou prever; e sim na fluidez, na libertação.” ®Sérgio.