segunda-feira, 27 de julho de 2009

REFLEXÕES SOBRE A VIDA E A MORTE

"Existe outra escuridão, a escuridão da morte, a noite que nos pega a todos no final, a noite que nenhuma quantidade de luz elétrica poderá jamais iluminar." (Álvares de Azevedo)
"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina." (Charles Chaplin)
"Morrer... dormir... não mais! Termina a vida e com ela terminam nossas dores: Um punhado de terra, algumas flores, e, às vezes, uma lágrima fingida!" (Francisco Otaviano)
“A vida e a morte é tudo um breve sonho que se apaga no túmulo medonho.” (Bernardo Guimarães)
“Como as folhas que caem ressequidas quando entre os ramos sopra a aragem leve, vamos nós, um por um, na vida breve, caindo, folhas mortas, esquecidas...” (Mário de Alencar)
Tudo na criação definha e morre: Perecem as nações, também impérios, e a vida para os homens fulge rápida como o luzir de súbito relâmpago.(Rui Barbosa – A Humanidade)
“Morte, em teus sete palmos, se termina uma dor, outra começa.” (Belmiro Braga)
"Ninguém pode fugir ao amor e à morte." (Públio Siro)
"Nos seus últimos momentos, as pessoas que encaram a morte não pensam nos diplomas que conseguiram, nem nos cargos que ocuparam, nem na riqueza que acomularam. No final, o que realmente importa é quem você amou e quem amou você." (Bernadine Healy, médica)
"A morte deve ser como anestesia geral. Estamos aqui um dia e de repente apagamos. That’s all folks." (Paulo Francis)
"Prosperidade na terra é sonho que pouco dura: Tudo definha e fenece na lousa da sepultura." (Fagundes Varela) ®Sérgio.

sábado, 25 de julho de 2009

A REGÊNCIA DO VERBO ATENDER

Atender no sentido de dar atenção ou levar em consideração o que alguém nos diz, considerar, é transitivo indireto . Use-o com a preposição [a]:
Eles atenderam aos nossos conselhos.
O diretor não atendeu aos pedidos dos pais.
Não atendera aos amigos.
Atenda bem ao que lhe digo.
Vou atender ao que me pede.
Atender no sentido de acolher, receber, recepcionar é transitivo direto. Use-o sem preposição:
A professora atendeu os alunos.
Ela sempre os atende.
As meninas estão atendendo os visitantes.
O político não atendeu o repórter. ®Sérgio.

MENINA! NÃO TE RECONHECI!

Não dá para negar que estamos vivendo numa era de culto ao corpo. Não só no que diz respeito à saúde, mas, principalmente, a estética corporal. Os mais jovens e, por isso mesmo, buscam o corpo escultural nas academias e são muito comedidos, pela circunstância já observada, nas cirurgias estéticas. Mas..., quem já passou dos quarentas, ou dos cinquentas, a cirurgia estática é a solução, mais ainda, para quem tem a síndrome de Peter Pan. E assim, dá-lhe silicone ali e lá; botox no rosto, na boca, nas axilas; lipoaspiração; cirurgia corretiva do que dá, e até do que não dá, para corrigir.
Pois bem, conversava com um amigo a esse respeito quando ele me veio com uma historinha que é uma bem humorada sátira ao culto do corpo. Disse-me que donde a tirou não havia menção de autoria. Conto para vocês, porque vale a pena. Mas, vou logo explicando que não inventei nada, só estou contando do meu jeito e com minhas palavras.
Uma mulher foi levada às pressas para o CTI de um hospital. Lá chegando, verificou-se que ela já apresentava um quadro de pré-coma. Pois, foi neste estado que ela teve um encontro com Deus:
- Que é isso? Eu morri? - perguntou ao Criador.
- Não, ainda, não! Pelos meus cálculos, você morrerá daqui a 43 anos, 8 meses, 9 dias e 16 horas - respondeu o Eterno.
Saindo do pré-coma, nossa amiga passou a refletir no quanto tempo ainda iria viver e resolveu, no mesmo hospital, fazer uma lipoaspiração, uma plástica de restauração dos seios, plástica no rosto, cirurgia corretiva no nariz, na barriga, tirou as rugas e tudo o mais que podia lhe deixar linda e jovial. Após alguns dias de sua alta médica, ao atravessar uma rua, veio um veículo em alta velocidade e a atropelou, matando-a.
Ao encontrar-se de novo com Deus, ela lhe perguntou irritada:
- Pô, Senhor, sacanagem, você me disse que eu tinha mais 43 anos de vida! E agora eu morro, depois de toda aquela despesa com cirurgias plásticas!!??
Deus aproximou-se bem dela e, examinando-a melhor, respondeu-lhe:
— Menina! Não te reconheci!!!
Salve-se... quem puder! ®Sérgio.

A CORDINHA

— Sadija, não é preciso ficar segurando a cordinha; deixe-a solta. Entendeu?
— Entendi.
— No momento certo é só puxá-la.
— Entendi.
— Então, podemos ir.
Sadija Mubara e seu marido Ali Hussein deram os últimos retoques em suas roupas, e adentraram o Hotel Radisson, um dos mais elegantes de Amã, a capital da Jordânia. No salão de festas do hotel, onde se realizava uma festa de casamento, separaram-se. Sadija foi para um lado e seu marido para outro.
Enquanto caminhava, lentamente entre os convidados, Sadija repetia em pensamento: “A cordinha... é só puxar a cordinha... é só puxar...“ De repente, uma tremenda explosão irrompeu num dos lados do salão. O marido de Sadija havia puxado a cordinha dele e a bomba atada em sua cintura explodira junto com ele.
Hussein, o homem bomba, já era. O atentado havia se consumado!
A confusão no salão é total. Pessoas correm para um lado e outro, gritando, apavoradas, procurando sair, o mais rápido possível, do salão. Em meio às pessoas que fogem, apavoradas, quem se vê, também fugindo? Sadija, a esposa que jurou a Hussein ser fiel até na morte.
Ela havia entendido "tudinho" sobre a tal cordinha, porém, na hora de trocar sua santa "vidinha" aqui na terra pelo prometido paraíso celeste, ela resolveu ignorar o espírito da coisa e "deu no pé".
Com o poderoso explosivo, amarrado a cintura, por baixo de sua roupa, intacto, Sadija corria agora para sua casa quando foi presa. Na polícia ao ser interrogada, declarou, sem denotar arrependimento: "Meu marido se explodiu. Ele me ensinou como lidar com a cordinha para detonar o cinturão e me explodir como ele se explodiu, mas, talvez, eu tenha feito algo errado (amarelou) e a bomba não explodiu. Paciência. Todo mundo fugiu, e eu saí correndo também".
Salve-se quem puder! ®Sérgio.

REFLEXÕES DE LLOSA SOBRE LITERATURA

"Literatura é mais de que passatempo. É um meio indispensável para formar cidadãos críticos e livres."

"Nenhuma disciplina substitui a literatura na formação da linguagem."

"Uma sociedade sem uma literatura escrita se exprime com menos precisão, riqueza de nuances, clareza, correção e profundidade do que a que cultivou textos literários."

"A pessoa que nunca lê, lê pouco, ou lê apenas lixo pode falar muito, mas vai sempre dizer pouco porque dispõem de um repertório mínimo de palavras para se expressar. Não se trata de uma limitação somente verbal, mas também intelectual, uma indigência de idéias e conhecimento, [...]."

"Sem a literatura, a mente crítica – verdadeiro motor das mudanças históricas e melhor escudo da liberdade – sofreria uma perda irreparável."

"A literatura apazigua a insatisfação existencial apenas por um momento, mas nesse instante milagroso, nessa suspensão temporária da vida, somos diferentes: mais ricos, mais felizes, mais complexos e mais lúcidos."

"A literatura nos permite viver num mundo onde as regras inflexíveis da vida real podem ser quebradas, onde nos libertamos do cárcere do tempo e do espaço, onde podemos cometer excessos sem castigo e desfrutar de uma soberania sem limites."

"Como não nos sentirmos enganados depois de ler Guerra e Paz ou Em busca do tempo perdido e voltar a este mundo de detalhes insignificantes, obstáculos, limitações, barreiras e proibições que nos espreitam de todo o canto e em cada esquina corrompem nossas ilusões?"

"A vida imaginada dos romances é melhor: mais bonita e diversa, mais compreensível e perfeita. Talvez seja esta a maior contribuição da literatura ao progresso: lembrar que o mundo é malfeito e que poderia ser melhor, mais parecido com o que a imaginação é capaz de criar."

"Sem a insatisfação e a rebeldia, ainda viveríamos em estado primitivo, a história teria parado, o indivíduo não teria nascido, a ciência não teria alçado voo, os direitos humanos não teriam sido reconhecidos e a liberdade não existiria. Tudo isso nasce dos atos de desafio a uma vida que se mostra insuficiente ou intolerável."

"A literatura, por sua vez, foi e, enquanto existir continuará sendo um denominador comum da experiência humana. Aquele de nós que leram Cervantes, Shakespeare, Dante ou Tolstoi entendem uns aos outros e se sentem indivíduos da mesma espécie porque, nas obras desses escritores, aprenderam o que partilhamos como seres humanos, independentemente de posição social, geografia, situação financeira e período histórico."

"O elo fraternal que a literatura estabelece entre os seres humanos transcendem todas as barreiras temporais. A sensação de ser parte da experiência coletiva através do tempo e do espaço é a maior conquista da cultura, e nada contribui mais para renová-la a cada geração do que a literatura."

"A literatura é a própria fonte que estimula a imaginação e a insatisfação, que refina a nossa sensibilidade e nos ensina a falar com eloqüência e precisão, que nos torna livres e nos garante uma vida mais rica e intensa, então devemos agir. Precisamos ler bons livros e incitar à leitura aos que vem depois de nós."

Mario Vargas Llosa (nascido Jorge Mario Vargas Llosa) ( Arequipa, Peru, 28 de março de 1936), é um dos maiores escritores de língua espanhola, reconhecido, em nível mundial, como romancista, jornalista, ensaista e político. ®Sérgio.

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O AFILIADO DO DIABO - Recontando Contos Populares

Conta-se que em um sítio do interior brasileiro, havia um pobre sitiante que tinha tantos filhos, que quando nasceu seu caçula, ele nem sabia mais quem convidar para ser padrinho do menino. Poucos dias antes do batizado, desesperado, o caboclo disse à mulher:
— Vou ver se acho alguém que queira ser padrinho de nosso filho.
Montou o cavalo, fincou as esporas e partiu a todo o galope para a cidade. Enquanto galopava pensava: “Arranjar padrinho para o quinto filho já tinha sido difícil, quem ia querer ser compadre de um pé-rapado como ele?” E quanto mais pensava mais inconformado e triste ficava.
O dia passou, e ele ainda não tinha encontrado ninguém que aceitasse ser padrinho do seu filho. Voltava para casa desanimado, quando num entroncamento, deu de cara com uma figura muito bem vestida, montada num belo cavalo.
— Se quiser, posso ser padrinho de seu filho – ofereceu-se a figura, com uma voz estranha.
Um tanto espantado com o cavaleiro que lhe adivinhara o pensamento, mas necessitando de um padrinho para o filho, o caboclo nem cogitou de fazer pensamento do caso:
— Aceito. Você me parece ser rico e culto, que seja meu compadre, padrinho de meu filho!
O cavaleiro abriu um estranho sorriso e respondeu:
— Então faço questão de dar uma festa enorme para celebrar o batizado!
E assim foi. Festa farta e alegre. No final, o estranho homem disse ao compadre:
- Meu compadre, quero lhe fazer um pedido. Quando o menino crescer, vou levá-lo comigo para lhe dar uma boa educação.
O caboclo não gostou da idéia, mas acabou concordando, afinal tratava-se de um homem importante e talvez isso fosse bom para seu menino.
Quando o garoto completou quinze anos, o compadre apareceu e o levou para uma casa imensa, isolada no interior duma floresta. Como passava grande parte do tempo sozinho, o jovem resolveu distrair-se lendo os muitos livros do padrinho. Descobriu então que eram todos livros de magia e bruxaria. Assustado, decidiu fugir antes que o pior acontecesse. Antes, porém, estudou alguns feitiços e aprendeu como poderia transformar-se em animais.
Assim, virou um cavalo e saiu de lá galopando. Mas o padrinho, que era o diabo, foi atrás dele montado em seu cavalo e logo o encontrou no pasto. A perseguição foi longa, e no fim o diabo conseguiu alcançá-lo. Porém, quando o diabo estava para pôr-lhe os arreios, o rapaz disse bem rápido:
— Quero, agora, ser um passarinho!
Imediatamente ele virou um passarinho e voou pelos céus.
E o diabo disse:
— Quero, agora, ser um gavião!
Transformou-se num gavião e saiu outra vez em perseguição ao afilhado. Foi então que, do alto do céu, o garoto viu uma linda jovem sentada na varanda de uma casa. E disse:
— Quero, agora, ser um anel!
Transformou-se num anel e foi parar no dedo da moça. Logo em seguida, virou o belo jovem que de fato era, e pediu à garota:
— Por favor, nunca se separe deste anel em que vou me transformar. Se você o tirar do dedo, eu morrerei. Se alguém quiser comprá-lo, não o venda, atire o anel rapidamente no chão.
Em seguida, virou anel de novo.
Nesse instante apareceu o diabo para comprar o anel. Mas a garota atendeu ao pedido do rapaz e atirou o anel no chão. O anel se transformou no rapaz, e este disse:
— Quero virar grão de milho.
O jovem transformou-se em vários grãos de milho, e o diabo virou um galo para comê-los. Esperta, a jovem pisou nos grãos e espantou o galo. Nisso, o rapaz disse:
— Quero, agora, virar uma raposa.
Transformou-se numa raposa e mordeu o galo. O galo saiu correndo, depois virou um cavalo e sumiu no pasto. A garota deu um beijo na raposa, a raposa virou um rapaz, os dois jovens se casaram e viveram felizes para sempre. ®Sérgio.
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sexta-feira, 17 de julho de 2009

A REGÊNCIA DO VERBO ANSIAR

Ansiar no sentido de desejar ardentemente é transitivo indireto Use-o com a preposição [por]:
Ansiou por ir ao seu encontro.
Ansiava por me ver fora de casa.
Ansiava por me ver fora daquele bar.
Ansiava pelo novo dia.
Ansiar no sentido de causar mal-estar, angustiar é transitivo direto. Use-o sem preposição:
O cansaço ansiava o trabalhador.
A espera ansiava o noivo. ®Sérgio.

UMA HISTORIETA BEM CRETINA

Esta semana "correu" aqui, pela minha cidade, uma historieta bem cretina; tanto é cretina, que poderíamos classificá-la como "humor negro" - um gênero frequente na cultura popular brasileira. Fora a cretinice, tem um enredo bem desenvolvido e bem ao estilo do conto, onde tudo chama, tudo convoca, a um final bastante inspirado. Quanto à autoria, é de costume quando se narra oralmente uma historieta, ninguém perguntar pelo autor. De maneira que uns vão passando aos outros sem se preocupar com nome do "inventor"; e, foi assim, que ela chegou até minhas orelhas:
Um rapaz ganhara um reality show, e como prêmio, foi contratado para filmar um comercial com a Gisele Bündchen. Ao eufórico rapaz fora marcado o dia 15 de determinado mês, para o embarque rumo ao local da filmagem. No entanto, esta viagem poderia ser cancelada caso acontecesse algum imprevisto com a Gisele; neste caso ele seria comunicado via telegrama. Se não recebesse, embarcaria no dia determinado para iniciar as filmagens com a nossa famosa modelo.
O rapaz combinou com os colegas que se não viesse o telegrama até a véspera, daria, nesse dia, uma grande festa de despedida. E assim aconteceu. Na noite de 14, a casa se encheu e haja farra. Música e dança, comes e bebes, entre outras coisas. Como o dia 14 só terminaria à meia-noite, a angústia do rapaz era imensa. Por volta das 10 horas, alguém toca a campainha. Faz-se um silêncio de morte. Como se marchasse para a cadeira elétrica, o jovem se encaminha à porta, tentando convencer-se de que era algum convidado atrasado; de lá, porém, traz pálido e ansioso, o envelope do cabograma. Nervoso, tremulo, abre-o, para depois berrar numa imensa e não contida alegria:
— Pessoal, não é nada, não! Foi minha mãe que morreu!
Que falta de vergonha desse filho da mãe que morreu. ®Sérgio.

QUANDO EU MORRER... - Seleta de Poemas

Seleta de Poemas representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas e homenagear os autores que admiro.
Quando Eu Morrer...
Quando eu morrer o mundo continuará o mesmo,
A doçura das tardes continuará a envolver as coisas todas.
Como as envolve agora neste instante.
O vento fresco dobrará as árvores esguias
E levantará as nuvens de poesia nas estradas...
Quando eu morrer as águas claras dos rios rolarão ainda,
Rolarão sempre, alvas de espuma
Quando eu morrer as estrelas não cessarão de acender-se
no lindo céu noturno,
E nos vergéis onde os pássaros cantam as frutas
continuarão a ser doces e boas.
Quando eu morrer os homens continuarão sempre os mesmos.
E hão de esquecer-se do meu caminho silencioso entre eles,
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão.
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer a humanidade continuará a mesma.
Porque nada sou, nada conto e nada tenho.
Porque sou um grão de poeira perdido no infinito.
Sinto porém, agora, que o mundo sou eu mesmo
E que a sombra descerá por sobre o universo vazio de mim
Quando eu morrer...
Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), poeta da segunda geração modernista, obcecado
com a ideia da morte, cujo sentimento escapa em muitos de seus poemas.