domingo, 17 de maio de 2009

EU COMPUTO, TU COMPUTAS?

Não é correto, nem recomendável expressar-se assim, tanto na escrita quanto na fala. Irão, com certeza, entender outra coisa. O verbo computar é defectivo, isto é, tem conjugação incompleta (não apresenta todas as pessoas). Portanto, no presente do indicativo, só tem forma [plural]:
Nós computamos
Vós computais
Eles computam
No fundo, no fundo, eu acho que eles decidiram torná-lo defectivo, ou seja, proibir a conjugação das pessoas do singular, para evitar mal-entendidos mais ou menos desagradáveis com essas pessoas.
O Pretérito e o futuro, no entanto, são regulares.
Se não há no presente do indicativo a forma singular, diga ou escreva:
Eu estou computando.
Ele está computando. ®Sérgio.

TRISTEZA DO INFINITO - Seleta de Poemas

Seleta de Poemas representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas e homenagear os autores que admiro.
TRISTEZA DO INFINITO
Anda em mim, soturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como...
flor mortal, que dentro esconde
sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
diversa de outras tristezas,
nem da vida nem da morte
gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços,
de outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
com volúpias tão sombrias
que as nossas almas alagam
de estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
sem origens prolongadas,
sem saudades deste mundo,
sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
e acabam na Realidade,
através do mar tristonho
desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
abstrata, como se fosse
a grande alma do Sensível
magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!
João da Cruz e Sousa, Dante Negro ( 1861 — 1898). ®Sérgio.