sábado, 24 de abril de 2010

AULA NO CAMPO

O professor de geografia chamou-me, à porta de minha sala de aula. Interrompi a exposição que fazia aos alunos e fui atendê-lo.
— Pois não!
— Ricardo! Vou levar meus alunos para uma aula de campo na chácara do diretor; escalei você para me ajudar a controlar a meninada no mato! - Explicou o professor.
Luís Carlos, professor de geografia, era um dos bons amigos que fiz naquela escola; não havia como não aceitar o pedido. Concordei com um, OK!
Retornei ao centro da sala, notifiquei e dispensei os alunos, que levaram menos de um minuto para arrumarem suas mochilas, e fui reunir-me com Luís, que já me aguardava no micro ônibus que levaria a molecada para o campo. Antes, porém, fui até a sala dos professores e guardei no meu armário todos os objetos que porventura poderia derrubar ou perder na mata.
Seguíamos, vagarosamente, por uma trilha, com o professor Luís explicando aqui e ali os acontecimentos geográficos, quando nos deparamos com um riacho e uma ponte estreita feita com dois troncos de árvore, presos ao solo em cada uma das margens. Tipo de ponte que aqui se dá o nome de pinguela.
— Ricardo!... Temos de atravessar!... Vou atravessar primeiro e você só depois que o último aluno atravessar! - Grita-me Luís em meio à algazarra da meninada.
Fiz-lhe um positivo e ele partiu, não sem antes advertir os alunos para tomarem cuidado com os objetos pessoais e, principalmente, com as mochilas. Caso elas caíssem no riacho, seria difícil de recuperá-las, devido à correnteza.
Logo após os primeiros passos, na pinguela, o professor Luís, perde o equilíbrio e, se não agarra a um dos troncos, cairia inteiro, no riacho. Depois desse incidente, atravessamos a garotada normalmente.
Eu, sem noção do tempo, ali no meio da mata, pois tinha deixado meu relógio na escola, perguntei ao professor Luís quanto tempo faltava para retornamos:
— Não sei mesmo – respondeu-me, constrangido, olhando para a ponte – deixei cair meu relógio, no riacho, ao atravessá-la.
Salve-se..., quem puder! ®Sérgio.