sexta-feira, 8 de maio de 2009

AS LENDAS POLITICAMENTE INCORRETAS

O Branco e o Negro
Deus fez o homem perfeito à sua imagem e semelhança.
O diabo entendeu que podia conseguir obra igual ou ainda melhor.
Tomou um pouco de barro como vira Deus fazer, e começou a trabalhar. Quando terminou a figura, reparou que estava toda ela enegrecida, porque feita pelas mãos dele que são de fogo, saíra cor de carvão e com o cabelo todo chamuscado.
O diabo ficou indignado por não ter podido conseguir uma figura tão perfeita como a que saíra das mãos de Deus e, contemplando enfurecido o boneco, deu-lhe tamanho murro no nariz que o esborrachou.
Deus tinha feito o branco e o diabo fizera o negro, preto como carvão, de cabelo encarapinhado e nariz esborrachado.
O Branco, o Índio e o Negro
Deus criou o branco, o índio e o negro. Quis depois testar as qualidades de inteligência, coragem e destreza de cada um.
Atirou-os a um poço de certa profundidade.
O branco vendo-se em perigo pensou logo no que devia fazer e, aproveitando-se das fendas da terra, agarrou-se as paredes do buraco e, assim, saiu do poço; salvando-se.
O índio, que lhe observara todos os movimentos e expedientes, procurou imitá-lo, mas só pode conseguir o que desejava, subindo as costas do negro.
Mas este, indolente, nada tentou para salvar-se, e deixou-se ficar inativo, sem pedir socorro, sem procurar qualquer recurso, até que veio morrer.
E aí está como Deus, na sua grande sabedoria, fez o negro inferior ao índio e o índio inferior ao branco.
Não menos digna de observação, esta quadrinha popular que pode, também, ser julgada como politicamente incorreta:
Deus quando fez o negro
Começou no calcanhar,
Quando chegou ao nariz
Deu ao diabo para acabar.
O diabo tinha preguiça,
Não queria trabalhar;
Deu um soco no nariz
E o acabou de esborrachar. ®Sérgio.

AFORISMO: O LIVRO DE UMA LINHA

 Há, em Grego, duas palavras muito semelhantes: aphórisma = "posto à parte", e aphorismós que, entre outras acepções, significa "definição curta, sentença", que deu ao Latim o vocábulo aphorismu, que por sua vez, originou o "aforismo" na língua portuguesa.
O filósofo alemão Friedrich Von Schlegel, um dos grandes teóricos do romantismo, definiu-o como "a maior quantidade de pensamento no menor espaço". O americano Mark Twain chegou a uma definição parecida: "Um mínimo de som para um máximo de sentido". O aforista Karl Kraus em uma definição mais inspirada: "O aforismo jamais coincide com a verdade: ou é meia verdade ou verdade e meia". Por fim, Leonid S. Sukhorukov: "Um aforismo é um romance de uma linha".
O termo foi empregado inicialmente por Hipócrates (século V a. C.) em sua obra Aforismos, que reúne 413 máximas agrupadas em sete seções, resumindo todos os conhecimentos da medicina, baseadas na experiência e observação da época. O termo significava toda proposta ou sugestão sucinta, ou seja, encerrava um saber medicinal baseado na experiência e que pode ser considerada norma ou verdade dogmática (com caráter de certeza absoluta).
A obra de Hipócrates inicia com um aforismo que se tornou célebre e exemplar: "ars longa, vita brevis". Esta é mais uma daquelas raras frases em que o significado é mais do que discutido. O que geralmente é entendido por "ars longa, vita brevis" é algo na linha de: "a arte é longa, a vida breve”; ou "a arte dura eternamente, mas os artistas morrem e são esquecidos".
Com o tempo o termo se estendeu para outros ramos do conhecimento, como as Leis, as Políticas e as Artes; geralmente relacionadas a uma reflexão de natureza prática ou moral.
Desse alargamento de sentido resultou uma relação de significado muito próxima e quase completa entre os vocábulos aforismo e máxima. Além da máxima, tem suas fronteiras pouco definidas com o aforismo, o provérbio, o dito, o ditado, o adágio, a sentença e o apotegma.
Thomas Jefferson, famoso presidente americano, manteve por décadas um caderno para anotar suas máximas favoritas. O francês Michel de Montaigne gravou pensamentos de autores antigos, como Sócrates, Sófocles e São Paulo, no teto de seu quarto. Obras de ficção também contêm sua cota de aforismo; Machado de Assis incluiu um capítulo de aforismo em Memórias Póstumas de Brás Cubas onde se lê o célebre "antes cair das nuvens que de um 3º andar".
Alguns aforismos famosos:
"A Sociedade se compõem de duas grandes classes: aqueles que têm mais refeições do que apetite e aqueles que têm mais apetite do que refeições." (Nicolas Chamfort)
"A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude." (Rochefoucauld)
"O patriotismo é o último refúgio do canalha." (Samuel Johnson)
"A maioria dos colecionadores de versos e provérbios age como se estivesse comendo cerejas ou ostras, escolhendo primeiro as melhores e acabando por comer todas." (Nicolas Chamfort) ®Sérgio.

COISAS DA VIDA CONJUGAL

Não inventei o que vou lhes contar, nem inventou o amigo que me contou o fato com todas as circunstâncias e um dia em conversa, fez resumidamente a narração que me ficou na memória e aqui vai tal qual.

Na noite da véspera de Natal, meu amigo ganhou duas belas camisas de sua sogra.

No dia seguinte, Natal, o almoço era na casa da sogra. Para agradá-la, ele resolveu vestir uma das camisas que ganhara.

Vestia a camisa quando sua mulher entrou no quarto e observou:

— Por que você está usando essa camisa, não gostou da outra?

Lembrei-me do Caco Antibes, em “Sai de Baixo”:

— Cala a boca, Magda!!!

Depois de ouvir o relato de meu amigo disse-lhe:

— Se lhe servir de consolo, também passei por coisa semelhante.

Certa ocasião, tentava consertar, sem sucesso, o vazamento do cano de escoamento da pia da cozinha - aquele cano que fica naquele cubículo embaixo da pia. Pois então, estava eu, lá, naquele cubículo, com parte do corpo espremido, molhado e minha mulher a assistir o trabalho, quando soltou este conselho:

— É melhor arrumarmos um homem para esse serviço!

Salve-se quem puder!!!

Em Tempo: Se você já passou por situação parecida, não é o único, console-se. ®Sérgio.

EM DEUS MEU CRIADOR

Em Deus, meu Criador (fragmentos)
[...]
Não há coisa segura.
Tudo quanto se se vai passando.
A vida não tem dura.
O bem se vai gastando.
Toda a criatura passa voando.
[...]
Contente assim minh'alma,
do doce amor de Deus toda ferida,
o mundo deixa em calma,
buscando a outra vida,
no qual deseja ser absorvida.
[...]
• José de Anchieta (1534-1597), no poema "Em Deus, meu Criador", traduz a sua visão do mundo arredia em relação aos bens terrenos. ®Sérgio.