sábado, 16 de maio de 2009

DIGNO DE NOTA

Só Deus sabe o quanto gosto de bisbilhotar arquivos de jornais. Tem coisas que achamos neles que não "dá" para deixar em branco. Foi o que me passou aos olhos ao "xeretar", dia desses, uma antologia de publicações jornalísticas curiosas, para não dizer desastrosas. No dia 14 de maio de 1999, um cidadão pelotense mandou publicar (a postagem saiu no dia 16), no Diário Popular, a seguinte nota de esclarecimento:
Esclarecimento
Torno público, a quem interessar possa, que a intimação que me foi feita pelo Serviço Notorial e Registral Rocha Brito, relativa a protesto de título do Banco General Motors S.A., no valor de R$ 178,00, com vencimento para o dia 7/4/1999, deveu-se a extravio do carnê de pagamento e descuido da pessoa encarregada de pagar a dita prestação, "sendo que a mesma foi, de pronto, liquidada".
Pelotas, 14 de maio de 1999.
W.S.R. (firma reconhecida)
Para fugir dessas armadilhas do texto, Graciliano Ramos, numa entrevista concedida em 1948, nos dá a recita como se deve escrever:
“Deve-se escrever, da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem o seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa." [...]
Para "arrematar" a conversa, veja este trecho (de quem não levou a sério a receita de Graciliano) retirado de uma reportagem  do Jornal Estado de Minas de 28 de novembro de 1999:
"Há cerca de dez anos, uma família paranaense desafia a polícia do Sudeste brasileiro, acusada de cometer repetidos sequestros..."
Salve-se quem puder! ®Sérgio.