terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AS DUAS MÃES

Seleta de Poemas representa as poesias que li e me tocaram a alma. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas e homenagear os autores que admiro.
AS DUAS MÃES
Numa igreja se encontraram
Duas mães em certo dia;
Uma entrava, e nesse instante,
Toda cheia de alegria,
Orgulhosa e triunfante,
Levava, chegando ao peito,
Um filhinho a batizar.
Outra, a infeliz que saía
Levava um filho também...
Oh! Mas essa pobre mãe
Levava um filho a enterrar!
Cruzaram-se, a poucos passos,
A que trazia nos braços
Cheio de vida e conforto,
O filho dos seus encantos,
E a triste, lavada em prantos,
Que seguia o filho morto!
Trocaram ambas o olhar...
Nisto a mãe afortunada
Foi que rompeu a chorar;
Enquanto a desventurada
Que o filho tinha perdido
— Oh! Maravilha do amor –
No meio de sua dor
Sorriu ao recém-nascido!
Soulary (1815-1891), poeta francês (tradução de Bulhão Pato). ®Sérgio.

O ENTERRO DA CIGARRA

Seleta de Poemas representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com vocês as minhas preferências poéticas e homenagear os autores que admiro.
O ENTERRO DA CIGARRA
As formigas levaram-na... Chovia...
Era o fim... Triste outono fumarento!
Perto uma fonte, em suave movimento,
Cantigas de água trêmula fazia.
Quando eu a conheci, ela trazia
na voz um triste e doloroso canto.
Era a cigarra de maior talento,
Mais cantadeira desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas...
Que tristeza nas folhas... Que tristeza!
Que alegria nos olhos das formigas!
Pobre cigarra! Quando te levavam,
Enquanto te chorava a natureza,
Tuas irmãs e tua mãe cantavam...
• Olegário Mariano Carneiro da Cunha (1889 - 1958). ®Sérgio.