quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ELA TEM ALGUMA COISA DE BOA ou DE BOM?

Embora os falantes de nossa língua tenham popularizado o termo "alguma coisa de boa", a gramática estabelece que o adjetivo que vem depois da preposição [de] não varia:
   Ela tem alguma coisa de bom (e nunca de boa).
   A moça ocultava alguma coisa de misterioso (e não de misteriosa).
Mas, atenção: Se, por acaso, não houver a preposição, faz-se a concordância normalmente:
   Ela tem alguma coisa boa.
   A moça ocultava alguma coisa misteriosa.
Observação: Seguem a mesma concordância: nenhuma coisa de, qualquer coisa de, algo de, nada de e tudo de:
   Ela tem tudo de bom.
   A moça não tem nada de misterioso. ®Sérgio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

FORMAS DE TEXTOS NARRATIVOS

Estes são os mais conhecidos tipos de textos narrativos:
Epopeia: longa narrativa em versos, que ressalta os feitos de um herói, ou envolvendo a história de um povo ou de uma nação. Três belos exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisséia, de Homero.
Fábula - narrativa curta, geralmente confundida com o apólogo e a parábola. As personagens principais são animais irracionais com comportamentos semelhantes aos dos seres humanos, ou objetos. A finalidade é transmitir uma lição de moral implícita ou explícita. Escrita em versos até o século XVIII, em seguida adotou a prosa.
Romance: é um texto de caráter verossímil, longo, tanto na quantidade de acontecimentos narrados quanto no tempo em que se desenrola o enredo, com espaço e personagens bem definidos.
Novela: muitas vezes confundida em suas características com o Romance e com o Conto, é uma narrativa intermediária entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. A narrativa acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
Conto: breve narrativa de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por reduzido número de personagens. Inicialmente, fazia parte da literatura oral e Boccaccio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.
Crônica: confundida com o conto. É uma narrativa breve, ligada à vida cotidiana, em linguagem coloquial e um toque de humor ou crítica.
Ensaio: texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo um ponto de vista pessoal e subjetivo a respeito de certo tema humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, etc.. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Parábola: diferencia-se da fábula por utilizar personagens humanas. A finalidade é também transmitir uma lição de moral implícita ou explícita.
Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode se utilizar as mais diversas personagens: animadas ou inanimadas, reais ou imaginárias, humanas ou não. Também transmite uma lição de moral.
Anedota: tipo de narrativa breve que tem o objetivo de provocar o riso. Utiliza-se, geralmente, da linguagem oral, mas pode ocorrer também em linguagem escrita.

Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais. A lenda é mantida por meio da oralidade, até torna-se conhecida, quando, então, é registrada através da escrita. Normalmente fala de personagens conhecidas, santas ou revolucionárias. ®Sérgio.

O TEATRO SALTICO

Em Roma havia um estilo pantomímico denominado fábula saltica, com aspectos comuns com a pantomima grega. A fábula saltica tinha uma forma mais definida, podendo ser considerada como mais um predecessor do balé moderno e, essencialmente, uma forma de dança, geralmente séria e, algumas vezes, cômica, mas que contava histórias. Na maioria das vezes apresentava um ator-dançarino e, às vezes, um ator-assistente, com tramas tiradas usualmente da mitologia ou da própria História. A ação do dançarino silencioso era acompanhada por um coro que cantava um texto explicatório e uma orquestra composta de flautas, flautas de pã e címbalos.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O MAR TENEBROSO

Por volta do século XV, o formato da Terra ainda não era um consenso entre os estudiosos da época. Muito a imaginavam plana como um disco, onde os mares terminariam em um abismo infinito. Se viajassem longe de mais encontrariam o fim do mundo e os barcos cairiam num abismo sem fundo.
Transmitida ou forjada pelos Árabes, a lenda do Mar Tenebroso descrevia um oceano Atlântico habitado por monstros terríveis que podiam afundar qualquer navio e mergulhado em uma escuridão constante, onde todos os navios naufragariam nas ondas medonhas ou nas águas ferventes.
Segundo - A.H. de Oliveira Marques. História de Portugal - "toda a classe de superstição afrouxava a curiosidade e refreava o desejo de presa. Durante muito tempo os Portugueses da Idade Média como os Europeus em geral, hesitaram entre a vontade de seguir além, para ocidente e para o sul, e o temor de não regressar mais. [...]."
Para o Sul, havia como que uma fronteira natural, o Cabo Bojador. A muitos quilômetros de distância do Cabo ouvia-se o rugido das vagas altas que batiam contra os penhascos; a costa era perigosa. Havia nevoeiros espessos... Os marinheiros pensavam que chegavam ao Mar Tenebroso e ao fim do mundo e quando avistavam o longo promontório do Cabo, penetrando com profundidade pelo mar, ficavam convencidos que ali era o limite, a barreira, o fim do mundo, o abismo. ®Sérgio.

sábado, 5 de outubro de 2013

A LENDA DO CUPIM

As lendas indígenas são lendas interessantes, geralmente de fundo histórico; algumas vezes reminiscências, restos de fatos verídicos, conservados parcialmente pela tradição histórica.
O conselho indígena obrigou uma formosa jovem a se casar com um rapaz, contra a sua vontade. Ela não gostava do marido de jeito nenhum. À noite, quando ele vinha se deitar, tentando abraçá-la, ela descia da rede e ficava de costas. Toda noite era assim. Para ver se aos poucos ela se acostumava, o pai convidou o genro para caçarem no mato, levando-a junto. Mas ela continuava a não querer dormir com o marido. O pai teve uma ideia. Pegou muitos vaga-lumes (bagapbagawa man, na língua indígena). Então, sem que a filha percebesse, pregou os de vaga-lumes nos cupins (txapô). Fez isso de dia. Atou a rede da filha bem pertinho do ninho de cupim (munduru), e a rede do marido do outro lado. Assim, fez uma cabana (tapiri) entre as duas redes.
Anoiteceu, jantaram, e a moça deitou na própria rede. Dormiu. Quando foi no meio da noite, acordou e viu aquele munduru alumiado. Assustou que só vendo e deitou com o marido. Nunca mais o largou, e até hoje é possível ver a luz do munduru. ®Sérgio.

NOÉ E A CRIAÇÃO DO VINHO

Esta é a lenda Armênia de Noé e da Criação do Vinho, contada Hovanés Tumanian, um dos maiores poetas de todos os tempos na Armênia. Fiz pequenas adaptações, por julgá-las necessárias.
Após quarenta dias e quarenta noites de chuvas torrenciais, a Arca de Noé se deteve na mais alta montanha da Armênia: o Monte Ararat, ponto de partida de um novo mundo perdoado e purificado.
O primeiro trabalho de Noé, ao sair da Arca, foi plantar a vinha para criar o Vinho, pois, cansado estava de ver tanta água durante o dilúvio.
 Ao começar a plantar as primeiras ramas da vinha, o diabo aparece e diz:
– O que está fazendo aí?
– Estou plantando uma vinha.
– Para que?
– Seu fruto é doce e gostoso. Quando espremido dá um suco que reconforta o coração do Homem.
– Quero te ajudar, diz o diabo.
– Como quiser, responde Noé.
Plantada a vinha, o diabo vai buscar na arca, um cordeiro, um leão, um macaco e um porco. Degola-os e rega a planta com o sangue deles.
É por isso que quando alguém bebe vinho, fica primeiro dócil tal qual cordeiro, depois se sente forte como leão, a seguir começa a fazer caretas, feito macaco e, por fim, quando bêbado, torna-se um porco. ®Sérgio.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

MEIA NOITE OU ZERO HORA?

A meia-noite e a zero hora se equivalem, mas a primeira pertence ao dia anterior e a segunda, ao posterior.
Assim, um aumento, por exemplo, entra em vigor à meia-noite da sexta-feira ou à zero hora do sábado (prefira zero hora, neste caso).
A madrugada vai da zero às 6 horas; a manhã, das 6 ao meio-dia; a tarde, do meio-dia às 18 e a noite, das 18 às 24 hor
as. ®Sérgio.

A PEDRA DE DIAMANTE - Contos Populares

Já faz muito tempo, numa roda de boteco, nego João, velhaco como ele só, se gabava de que fazia somente aquilo que queria. Vai daí que um dos formavam a roda, querendo desmascarar a gabolice de João disse-lhe assim:
— Já que você é tão esperto, quero ver se é capaz de ir à casa do Dr. Glacindo e almoçar com ele na mesa. Se conseguir fazer isso, ganhará dez mil réis como prêmio pela esperteza.
Esse Dr. Glacindo era um sujeito bonachão, orgulhoso, muito cheio de si, e muito rico. Não tirava o chapéu a ninguém. Tratava a todos com pouco caso.
Nego João tomou um gole de cachaça, guspiu grosso, limpou os beiços com as costas da mão e respondeu:
— Eh! Nego João vai almoçá na mesa cum seu doutô. Num prometo o que num cumpro. Tô com esses mil réis na mão. Vou mostra a vancês tudo cumo se ganha dinheiro à toa...
No dia seguinte, justamente na hora do almoço de seu doutor, João foi rondar a casa e, quando viu que “seu” doutor já estava na mesa com a família e com dois manda-chuvas do lugar, bateu na porta com força. E, quando veio o criado abrir foi entrando muito tal e qual, com ar de importância, como se ninguém pudesse com ele.
Enveredou pela sala de jantar, encarou o doutor que olhava para ele carrancudo e espantado, e disse-lhe assim, baixinho, com jeito de quem pergunta:
— Eh, doutô, uma pedra de diamante deste tamanho quanto é que vale? E apontou para o bolso onde, supostamente, tinha a dita pedra do tamanho de um limão.
O doutor pensando que de verdade nego João havia encontrado algum diamante tão grande, não querendo revelar o segredo às outras pessoas daquele achado, mudou de conversa:
— Então João, você como vai? Já almoçou? Senta. Mariquinha traga prato e talher para o João.
O malandro do João que estava todo elegante, no terno branco que emprestou de um amigo, sentou-se à mesa e pôs-se a comer limpando o prato.
O doutor fez com que o almoço acabasse depressa tão aflito estava para ver a tal pedra de diamante.
Não demorou muito, levantaram-se todos da mesa e o doutor carregou João para o escritório e lhe perguntou, muito baixinho:
— Então, meu nego, que é da pedra?
— Pedra, que pedra...
— A pedra de diamante...
— Nego João não tem pedra de diamante nenhuma... Quem sou eu para possuí pedra de diamante!...
— Pois você, nego do diabo, não disse que achou um diamante?...
— Ieu!...
— Então, patife, porque é que perguntou quanto vale uma pedra de diamante deste tamanho?...
— Eh, doutô, ieu queria sabê que é pra quando ieu achá, ozoutros não mi lográ no preço...
O doutor, bufando de raiva, correu com ele pela porta fora. E nego João foi ao encontro do pessoal que o esperavam no boteco. O apostador lhe pagou os dez mil réis e depois fizeram uma grande bebedeira. ®Sérgio.