sexta-feira, 30 de setembro de 2011
A EXPRESSÃO "EM FUNÇÃO DE" - Estudos Gramaticais
Tornou-se comum o uso da locução
[em função de]
em frases
como:
●
Não fui jogar bola em função do calor.
●
Cheguei atrasado em função do trânsito.
●
Maria não foi
trabalhar em função da dengue.
●
Ele morreu em função de um tétano.
Acontece que [em função de] equivale a finalidade e não causa . O certo é
escrever ou dizer :
●
Ele vivia em função da família. (ele vive
para a família)
●
Sandra vive em função do dinheiro. (para o
dinheiro)
●
O político agia em função de seus objetivos. (para seus
objetivos)
No caso de significar [causa],
use: porém, em virtude de, por causa de,
em consequência de:
●
Não fui jogar bola em virtude do calor.
●
Cheguei atrasado por causa do trânsito.
●
Maria não foi
trabalhar em consequência da dengue.
●
Ele morreu em consequência de um tétano. ®Sérgio.
ELA TEM ALGUMA COISA DE BOA ou DE BOM? - Estudos Gramaticais
Embora os falantes de nossa língua tenham popularizado o termo
"alguma coisa de boa", a gramática estabelece que o adjetivo que vem depois da preposição [de] não
varia:
● Ela tem alguma coisa de
bom (e nunca de boa).
●
A moça ocultava alguma coisa de misterioso (e não de misteriosa).
Mas, atenção: Se, por
acaso, não houver a preposição, faz-se a concordância normalmente:
● Ela tem alguma coisa
boa.
● A moça ocultava alguma coisa
misteriosa.
Observação: Seguem a
mesma concordância: nenhuma coisa de, qualquer
coisa de, algo de, nada de e tudo
de:
● Ela tem tudo de
bom.
●
A moça não tem nada de misterioso. ®Sérgio.
__________________________________
Informações
foram retiradas e adaptadas ao texto de: Prof. Sérgio Nogueira, O Português do Dia a dia – Rio de
Janeiro: Rocco, 2004. Eduardo Martins,
Manual de Redação e Estilo – São Paulo: Moderna, s.d.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
A TIA
Seleta de Poemas
representa as poesias que li e tocaram-me a alma. Assim, posso compartilhar com
vocês as minhas preferências poéticas, ou homenagear autores que admiro.
A TIA¹
Eu tive uma velha tia,
Que um velho livro possuía;
Dentro dele era guardada
Uma folinha mirrada.
Também está mirrada agora
A mão que a colheu outrora.
Não sei o que a velha tinha,
— Chorava ao ver a folinha.
Anastasius Grün, pseudônimo de Alexander, conde de Auersperg, poeta e
prosador austríaco.
____________________
1 – In O Livro de Ouro da Poesia Universal. Trad.
Ari de Mesquita (org.). Tecnoprint, 1988.
domingo, 18 de setembro de 2011
A LENDA DA FORMIGA SAÚVA - Recontando Lendas Populares
Diz a lenda, que no tempo de dantes, havia uma formiga que ganhava a
vida costurando. E para ajudá-la, nas muitas costuras, ensinava a filha a
coser. Quando saía, deixava deveres de costura para a filha. A formiguinha,
porém, ignorava o trabalho e ia para o mato juntar uma porção de folhas que
trazia para casa. Então pegava a tesoura e começava a cortá-las.
Quando a mãe chegava e encontrava aquele montão de folhas cortadas,
agarrava a filha e lhe dava umas boas chineladas. E isso era todo o santo dia.
A formiga já não sabia mais o que fazer para corrigir a filha. Até que um dia,
muito zangada, pegou uma corda, amarrou-a pela cintura e a outra extremidade da
corda ao pé da mesa. Em seguida saiu para entregar umas costuras, trancando a
porta.
Tanto fez a formiguinha, tanto esperneou, tanto espinoteou que o nó da
corda foi lhe apertando, arrochando-lhe a cintura que quase a corta em dois
pedaços.
Quando sua mãe chegou e a viu naquele estado, com a cintura tão fina
por causa do arrocho da corda, teve pena da filha e soltou-a.
Mal se viu solta, a formiguinha sem mais conversa correu para o mato, e
toca a carregar folhas para cortar em casa. Sua mãe vendo que não ia conseguir
corrigi-la do mau costume botou-a para fora de casa, dizendo:
— Arre! Vai-te embora! Tua sina há de ser cortar folhas, até o mundo se
acabar.
Por isso é que a formiga saúva tem cintura fina, uma tesoura na cabeça
e só vive cortando folhas. ®Sérgio.
A LEGÍTIMA ARGUMENTAÇÃO
A legítima argumentação, tal como deve ser
entendida, não se confunde com o bate-boca estéril ou carregado de animosidade.
Ela deve ser, ao contrário, construtiva na sua finalidade, cooperativa em
espírito e socialmente útil. Embora seja exato que os ignorantes discutem pelas
razões mais tolas, isto não constitui motivo para que os homens inteligentes se
omitam de advogar ideias e projetos que valham a pena. (J.R. Whitaker. Apud Garcia Othon M.
Comunicação em prosa moderna)
sábado, 17 de setembro de 2011
OS ARISTOCRATAS E A PEBLE
Basta lembrar que os poetas líricos
elegíacos, os que cantavam liricamente a angústia e a tristeza na Antiga
Grécia, já dividiam os homens em duas categorias: os aristocratas, belos,
justos e virtuosos e a plebe, vil e feia. ®Sérgio.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
A LITERATURA ANÔNIMA
Em todas as
literaturas, iremos, sem dúvida, encontrar um número considerável de obras
anônimas, ou seja, cujo autor se desconhece. Especialmente as originárias de
tempos muito remotos, por terem um caráter oral e pertencerem culturalmente a
toda comunidade, e, por isso mesmo, não se atribuía importância à ideia de uma
autoria individual.
Não se conhece os nomes
dos autores das grandes epopeias populares da Idade Média, como, por exemplo, as
que relatam as lendas da mitologia germânica. Per Abbat, cujo nome aparece no
fim do Cantar de mio Cid, poema épico
espanhol, não é o autor da obra, mas sim copista dos manuscritos. Tampouco se
conhecem, nas literaturas orientais, os autores dos textos védicos (Sânscritos vedas) ou de As Mil e Uma Noites e, nas literaturas ocidentais, os de numerosos
hinos.
A partir do século XVI,
o anonimato visava não tornar conhecido o nome do autor; a intenção deliberada era
a de ocultar a origem da obra. O mesmo objetivo podia ser alcançado pela
atribuição da obra a um autor de nome livremente inventado - o pseudônimo.
Geralmente, um autor
principiante prefere o anonimato ou usa o pseudônimo, quando ainda não tem
coragem de se expor ao julgamento do público e da crítica, ou, então, quando
inicia novo estilo ou gênero, de cujo sucesso, ainda, não está seguro. Foi esse
o caso de Waverley, publicado
anonimamente por Sir Walter Scott (1771-1832), em 1814, dando origem a um novo gênero
de romance: o romance histórico.
Casos mais frequentes
de anonimato em literatura é a pressão da censura, da qual o autor espera
severas medidas. Um dos primeiros e mais famoso caso de anonimato por medo de
censura são as Letters of Junius
(Cartas de Junius), que, publicadas entre 1769 e 1772 no jornal londrino The
Public Advertiser, atacavam fortemente as tendências absolutistas do rei Jorge
III. Tais cartas são uma obra-prima de jornalismo político e um monumento da
prosa inglesa em sua fase classicista, do século XVIII. A identidade de Junius até
hoje não é conhecida e poderá nunca ser esclarecida, a menos que sejam
encontrados documentos que a estabeleçam de forma inequívoca. No entanto,
acredita-se que o autor das Cartas de Junius possa ter sido o político inglês
Sir Philip Francis (1740 – 1818).
Outra famosa obra
anônima é o Lazarillo de Tormes, primeiro exemplo de romance picaresco,
caracterizado por Benedetto Croce como uma espécie de epopeia da fome. ®Sérgio.
A RAPOSA E A ONÇA
Certa vez, uma raposa
caiu nas garras duma onça; mas, espertíssima como era, a raposa disse-lhe com
toda a tranquilidade:
— Dona Onça deve
certamente estar ciente de que Deus acaba de me nomear rainha desta floresta,
com a missão de governar todos os animais... E quer a senhora comer-me?! Que
ousadia! Quer desrespeitar o Todo-Poderoso?
A Onça não acreditou
nessa conversa. Como é que animalzinho tão fraco e tão magro como a raposa
poderia ser a rainha da floresta?
Percebendo a hesitação
da Onça, disse então a raposa:
— Não acredita? Mas a
ignorância não é crime, por isso não vou puni-la. Esta sua rainha sempre se fez
respeitar pela sua generosidade. Vamos fazer o seguinte: vou passar revista aos
meus súditos, e a senhora vai seguir-me e observar como eles me temem.
A Onça aceitou a
proposta, e lá foram os dois - a raposa à frente, toda arrogante, e a onça
atrás.
Vendo a onça, os outros
animais puseram-se em fuga, foi um "salve-se quem puder".
Mas a onça, sem
desconfiar de nada, acreditou no poder da raposa, pensando que todos fugiam com
medo da "rainha".
De modo que foi assim
que a raposa conseguiu livrar-se das garras da onça, e salvar-se da morte. ®Sérgio.
domingo, 4 de setembro de 2011
O HOMEM QUE AMPUTOU O TEMPO
Na noite de quatro de outubro de 1582, os
romanos foram dormir como sempre faziam, porém, na manhã seguinte, acordaram em
quinze de outubro, onze dias depois.
Entenda bem, os romanos não dormiram
"onze dias"; eles dormiram apenas uma noite e acordaram onze dias
depois.
É complicado não é?! Não dá nem para acreditar!
Porém aconteceu, mesmo. Quer saber como aconteceu?!
Pois bem, vamos à cidade de Roma no ano de
46 a.C. Por essa época, o calendário romano estava na maior bagunça. Tanto estava
que a primavera romana começava em novembro. Daí, o ditador romano Júlio César,
resolveu consertar a bagunça. Para começar, decidiu que o ano 46 teria 90 dias
a mais, criando um ano excepcional de 446 dias, numa tentativa de pôr as
estações em sincronia. Criou o ano bissexto - onde fevereiro, a cada quatro
anos, teria 30 dias, em vez de 29.
Tudo teria funcionado
muito bem, se os sacerdotes, interpretando incorretamente as determinações de
César, não tivessem resolvido criar um ano bissexto a cada três, em vez de a
cada quatro. Resultado: o calendário começou, novamente, a acumular uma
distorção de onze minutos a cada ano em relação ao ano solar.
Daí, por volta do
século XVI, como era de se esperar, o débito era de dez dias. A bagunça no
calendário era total. O início da primavera já estava quase coincidindo com o
Natal.
Isso incomodou demais a
Igreja Católica, pois a Páscoa (comemorada sempre no início da primavera que no
hemisfério norte começa a 21 de março) estava sendo empurrada no calendário,
porque, segundo as Escrituras, Cristo teria sido crucificado por volta de 21 de
março, e não próximo ao Natal. Alguém tinha que fazer alguma coisa!
É nesse ponto, que
entra em cena o papa Gregório XIII. Na ambiciosa tentativa de controlar o tempo
e o Dia da Páscoa, reuniu uma comissão, da qual fazia parte o renomado
matemático e astrônomo Cristóvão Clávio, e editou a bula papal que criou o atual
calendário cristão gregoriano.
Resumindo a história:
além das medias anunciadas, como por exemplo, a mudança do Ano-Novo de 25 de
março para 1º de janeiro, o papa simplesmente amputou 11 dias do mês de outubro
de 1582.
Assim, quem dormiu em
quatro de outubro acordou em 15 de outubro.
Não vá pensando você,
que o tempo foi controlado. Ainda há uma pequena diferença em relação ao ano
solar, de modo, que o início das estações continua a se afastar, lentamente,
das datas ideais. Até que alguém resolva nos envelhecer outros 15 dias. ®Sérgio.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
A QUADRILHA
A denúncia afirmava que, todas as
sextas-feiras, no edifício Minas Gerais, aptº. 99, por volta das 10 horas da
noite, várias pessoas de aparência suspeita entravam no apartamento e ficavam
até de madrugada. Que os sons que vinham de dentro do apartamento, eram os mais
discretos possíveis. As conversas eram quase murmuradas. Tudo era muito
suspeito.
Tendo em mente, apanhar a possível quadrilha
em fragrante, a polícia - em uma viatura - chegou de mansinho e encostou a uma
quadra do prédio, para não ser identificada; os componentes da patrulha
desceram da viatura, adentraram o edifício e seguiram para o apartamento
suspeito.
Foi tudo muito fácil.
A tropa de ataque, protegida pelas suas metralhadoras, subiu ao andar onde ficava
o apartamento; o chefe da patrulha bateu a porta, devagarzinho, para que não
desconfiassem. Abriram a porta e lá dentro estavam alguns casais jogando biriba
(buraco).
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
MUITO OBRIGADOS / OBRIGADAS?
O homem deve agradecer dizendo "obrigado",
e a mulher, "obrigada". Isto porque "obrigado/a"
varia de acordo com o sexo da pessoa que agradece e não de acordo com a pessoa
a quem dirigimos o agradecimento. Se o agradecimento partir de vários
homens ou de várias mulheres, usamos o plural:
●
Ficamos-lhe
obrigados / obrigadas por tanta gentileza.
●
Vamos
bem obrigados / obrigadas.
O plural de obrigado/a
(registrado, inclusive, no Houaiss)
segue a norma de qualquer substantivo terminado em [o/a]: obrigados / as.
Apesar do uso correto de obrigado/a no
plural, seu uso fica, realmente, estranho porque raramente empregamos
"obrigados/as". Para sair dessa estranheza, a solução é empregarmos
outras fórmulas, por exemplo:
●
Ficamos-lhe
gratos / gratas
por tanta gentileza.
●
Ficamos-lhe
agradecidos / agradecidas
por tanta gentileza.
●
Estamos reconhecidos / reconhecidas
por tanta gentileza.
Outra maneira de evitarmos
obrigados/as é substantivar o adjetivo, neste caso, "obrigado"
fica apenas no masculino e no singular (homem e mulher, homens ou mulheres): o
meu obrigado, o meu muito obrigado, o nosso muito obrigado.
●
O nosso muito
obrigado por tanta
gentileza.
●
A todos,
o nosso muito obrigado.
●
O meu muito obrigado, a todos. ®Sérgio.
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