sábado, 25 de julho de 2009

O AFILIADO DO DIABO - Recontando Contos Populares

Conta-se que em um sítio do interior brasileiro, havia um pobre sitiante que tinha tantos filhos, que quando nasceu seu caçula, ele nem sabia mais quem convidar para ser padrinho do menino. Poucos dias antes do batizado, desesperado, o caboclo disse à mulher:
— Vou ver se acho alguém que queira ser padrinho de nosso filho.
Montou o cavalo, fincou as esporas e partiu a todo o galope para a cidade. Enquanto galopava pensava: “Arranjar padrinho para o quinto filho já tinha sido difícil, quem ia querer ser compadre de um pé-rapado como ele?” E quanto mais pensava mais inconformado e triste ficava.
O dia passou, e ele ainda não tinha encontrado ninguém que aceitasse ser padrinho do seu filho. Voltava para casa desanimado, quando num entroncamento, deu de cara com uma figura muito bem vestida, montada num belo cavalo.
— Se quiser, posso ser padrinho de seu filho – ofereceu-se a figura, com uma voz estranha.
Um tanto espantado com o cavaleiro que lhe adivinhara o pensamento, mas necessitando de um padrinho para o filho, o caboclo nem cogitou de fazer pensamento do caso:
— Aceito. Você me parece ser rico e culto, que seja meu compadre, padrinho de meu filho!
O cavaleiro abriu um estranho sorriso e respondeu:
— Então faço questão de dar uma festa enorme para celebrar o batizado!
E assim foi. Festa farta e alegre. No final, o estranho homem disse ao compadre:
- Meu compadre, quero lhe fazer um pedido. Quando o menino crescer, vou levá-lo comigo para lhe dar uma boa educação.
O caboclo não gostou da idéia, mas acabou concordando, afinal tratava-se de um homem importante e talvez isso fosse bom para seu menino.
Quando o garoto completou quinze anos, o compadre apareceu e o levou para uma casa imensa, isolada no interior duma floresta. Como passava grande parte do tempo sozinho, o jovem resolveu distrair-se lendo os muitos livros do padrinho. Descobriu então que eram todos livros de magia e bruxaria. Assustado, decidiu fugir antes que o pior acontecesse. Antes, porém, estudou alguns feitiços e aprendeu como poderia transformar-se em animais.
Assim, virou um cavalo e saiu de lá galopando. Mas o padrinho, que era o diabo, foi atrás dele montado em seu cavalo e logo o encontrou no pasto. A perseguição foi longa, e no fim o diabo conseguiu alcançá-lo. Porém, quando o diabo estava para pôr-lhe os arreios, o rapaz disse bem rápido:
— Quero, agora, ser um passarinho!
Imediatamente ele virou um passarinho e voou pelos céus.
E o diabo disse:
— Quero, agora, ser um gavião!
Transformou-se num gavião e saiu outra vez em perseguição ao afilhado. Foi então que, do alto do céu, o garoto viu uma linda jovem sentada na varanda de uma casa. E disse:
— Quero, agora, ser um anel!
Transformou-se num anel e foi parar no dedo da moça. Logo em seguida, virou o belo jovem que de fato era, e pediu à garota:
— Por favor, nunca se separe deste anel em que vou me transformar. Se você o tirar do dedo, eu morrerei. Se alguém quiser comprá-lo, não o venda, atire o anel rapidamente no chão.
Em seguida, virou anel de novo.
Nesse instante apareceu o diabo para comprar o anel. Mas a garota atendeu ao pedido do rapaz e atirou o anel no chão. O anel se transformou no rapaz, e este disse:
— Quero virar grão de milho.
O jovem transformou-se em vários grãos de milho, e o diabo virou um galo para comê-los. Esperta, a jovem pisou nos grãos e espantou o galo. Nisso, o rapaz disse:
— Quero, agora, virar uma raposa.
Transformou-se numa raposa e mordeu o galo. O galo saiu correndo, depois virou um cavalo e sumiu no pasto. A garota deu um beijo na raposa, a raposa virou um rapaz, os dois jovens se casaram e viveram felizes para sempre. ®Sérgio.
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