sábado, 25 de julho de 2009

A CORDINHA

— Sadija, não é preciso ficar segurando a cordinha; deixe-a solta. Entendeu?
— Entendi.
— No momento certo é só puxá-la.
— Entendi.
— Então, podemos ir.
Sadija Mubara e seu marido Ali Hussein deram os últimos retoques em suas roupas, e adentraram o Hotel Radisson, um dos mais elegantes de Amã, a capital da Jordânia. No salão de festas do hotel, onde se realizava uma festa de casamento, separaram-se. Sadija foi para um lado e seu marido para outro.
Enquanto caminhava, lentamente entre os convidados, Sadija repetia em pensamento: “A cordinha... é só puxar a cordinha... é só puxar...“ De repente, uma tremenda explosão irrompeu num dos lados do salão. O marido de Sadija havia puxado a cordinha dele e a bomba atada em sua cintura explodira junto com ele.
Hussein, o homem bomba, já era. O atentado havia se consumado!
A confusão no salão é total. Pessoas correm para um lado e outro, gritando, apavoradas, procurando sair, o mais rápido possível, do salão. Em meio às pessoas que fogem, apavoradas, quem se vê, também fugindo? Sadija, a esposa que jurou a Hussein ser fiel até na morte.
Ela havia entendido "tudinho" sobre a tal cordinha, porém, na hora de trocar sua santa "vidinha" aqui na terra pelo prometido paraíso celeste, ela resolveu ignorar o espírito da coisa e "deu no pé".
Com o poderoso explosivo, amarrado a cintura, por baixo de sua roupa, intacto, Sadija corria agora para sua casa quando foi presa. Na polícia ao ser interrogada, declarou, sem denotar arrependimento: "Meu marido se explodiu. Ele me ensinou como lidar com a cordinha para detonar o cinturão e me explodir como ele se explodiu, mas, talvez, eu tenha feito algo errado (amarelou) e a bomba não explodiu. Paciência. Todo mundo fugiu, e eu saí correndo também".
Salve-se quem puder! ®Sérgio.

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