sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PEGO ou PEGADO?

Aprendi quando estudante que o particípio do verbo pegar era somente pegado:
       ●   Tinha pegado os documentos. (e não: pego)
       ●   Ele foi pegado em flagrante. (e não: pego)
O problema é que, independente de qualquer reforma oficial, o português falado no Brasil está sempre sendo modificado, moldado no dia-a-dia pelas necessidades dos usuários. De modo que, por analogia com verbos que têm duas formas de particípio, uma regular e outra irregular (pagar= pagado e pago), criou-se a forma irregular pego (pêgo em algumas regiões e pégo em outras). Essa inovação concorreu com a forma regular, até enfim substituí-la amplamente. Encontramos registros destas substituições em várias obras da nossa literatura e nos estudos de muitos especialistas.
Hoje, no Brasil (em Portugal, somente a forma pegado é usada), a forma irregular pego está consagrada entre nós e já é aceitável na língua padrão. Pode ser usada com qualquer verbo auxiliar (ser, estar, ter ou haver):
   Ele foi pego em flagrante.
   Ele tinha pego (ou pegado) os documentos.
   Ele foi pego, ela está pega, ele será pego.
A forma pegado só pode ser usada quando antecedida dos verbos ter ou haver:
   Ele tem pegado, ele havia pegado, ele terá pegado.
   Ele tinha (ou havia) pegado os documentos.
Entretanto, há gramáticos ainda que defendem só o uso de pegado. Pego é tão inaceitável quanto chego (particípio de chegar), que já se usa Dizem que ao usarmos a forma pegado, estamos falando ou escrevendo corretamente. A forma pego é aceitável na fala coloquial e incorreta em textos que exijam a língua culta formal. Segundo o professor Cláudio Moreno¹, um dos defensores: "A língua que a gente usa é como nossa vestimenta: bermuda também é roupa, e atende às necessidades básicas do decoro; numa recepção, contudo, o paletó e a gravata sempre serão a opção de quem quer se vestir bem". ®Sérgio.
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1 - O Professor Cláudio Moreno é formado em Letras com ênfase em Português e Grego pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desde 1969 é professor de Português e Redação nos principais colégios de Porto Alegre.

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