segunda-feira, 25 de junho de 2012

O BODE E A ONÇA - Recontando Contos Populares

Caminhando pelo mato, o bode descobriu um bom lugar para fazer uma casa. Como o terreno estava coberto pelo capim duro do cerrado, capinou-o, deixando-o limpinho para dar início à construção. Cansado, preferiu ir embora e começar no dia seguinte.
A onça também procurava um terreno para erguer sua casa. Deparando com o lugar que o bode capinara, achou que estava com muita sorte. Cortou e empilhou as madeiras para fazer a estrutura de uma casa. Depois foi embora, pois precisava dormir.
No dia seguinte, ao ver a madeira à sua disposição, o bode ergueu a estrutura da casa. “Que sorte que estou dando!”, pensou ao fim do trabalho, quando já se retirava do terreno.
Mais tarde foi a vez de a onça chegar ao terreno e ver a estrutura pronta. “Que sortuda eu sou!”, disse, enquanto cobria a madeira com taipa (barro amassado). Terminado o trabalho, foi buscar seus móveis e, ao voltar, deu de cara com o bode, sentado numa poltroninha, embrulhando um cigarro, muito à vontade. Os dois não custaram a perceber que haviam dividido o trabalho da construção. Quem havera de supor! Decidiram, então, morar juntos.
A convivência ia bem, entretanto, viviam desconfiados um do outro e não lhes faltava uma boa razão para isso. Um dia, a onça voltou da caçada, arrastando um cabrito entre os dentes. O bode, assustado, saiu de fininho para o mato, certo de que, mais dia menos dia, aquele seria o seu destino.
Naquele mesmo dia, porém, o bode encontrou uma onça morta por um caçador e levou-a para casa, deixando seu corpo estendido na porta de entrada. Vendo a companheira morta, a onça quis saber do bode como é que ele a tinha matado. O bode explicou que era dono de um anel mágico. Bastava colocá-lo no dedo e apontar alguém para matá-lo. A onça fingiu não acreditar, então o bode, colocando o anel no indicador, perguntou:
— Quer que eu lhe mostre?
Travou um medo e a onça disparou mato adentro, apavorada, voando que nem um corisco e, sem olhar pra aqui nem pra acolá. Nunca mais voltou. O bode, feliz da vida, ficou vivendo sozinho na sua casa, sem motivo para preocupações. ®Sérgio.

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