Há, em Grego, duas palavras muito semelhantes: aphórisma = "posto à parte", e aphorismós que, entre outras acepções, significa "definição
curta, sentença", que deu ao Latim o vocábulo aphorismu, que por sua vez, originou o "aforismo" na
língua portuguesa.
O filósofo alemão Friedrich Von Schlegel, um dos grandes teóricos do
romantismo, definiu-o como "a maior quantidade de pensamento no menor
espaço". O americano Mark Twain chegou a uma definição parecida: "Um
mínimo de som para um máximo de sentido". O aforista Karl Kraus em uma
definição mais inspirada: "O aforismo jamais coincide com a verdade: ou é
meia verdade ou verdade e meia". Por fim, Leonid S. Sukhorukov: "Um aforismo é um romance de uma
linha".
O termo foi empregado inicialmente por Hipócrates (século V a. C.) em
sua obra Aforismos, que reúne 413
máximas agrupadas em sete seções, resumindo todos os conhecimentos da medicina,
baseadas na experiência e observação da época. O termo significava toda proposta
ou sugestão sucinta, ou seja, encerrava um saber medicinal baseado na
experiência e que pode ser considerada norma ou verdade dogmática (com caráter
de certeza absoluta).
A obra de Hipócrates inicia com um aforismo que se tornou célebre e
exemplar: "ars longa, vita brevis". Esta é mais uma daquelas raras
frases em que o significado é mais do que discutido. O que geralmente é
entendido por "ars longa, vita brevis" é algo na linha de: "a
arte é longa, a vida breve”; ou "a
arte dura eternamente, mas os artistas morrem e são esquecidos".
Com o tempo o termo se estendeu para outros ramos do conhecimento, como
as Leis, as Políticas e as Artes; geralmente relacionadas a uma reflexão de
natureza prática ou moral.
Desse alargamento de sentido resultou uma relação de significado muito
próxima e quase completa entre os vocábulos aforismo e máxima. Além da máxima,
tem suas fronteiras pouco definidas com o aforismo, o provérbio, o dito, o
ditado, o adágio, a sentença e o apotegma.
Thomas Jefferson, famoso presidente americano, manteve por décadas um
caderno para anotar suas máximas favoritas. O francês Michel de Montaigne
gravou pensamentos de autores antigos, como Sócrates, Sófocles e São Paulo, no
teto de seu quarto. Obras de ficção também contêm sua cota de aforismo; Machado
de Assis incluiu um capítulo de aforismo em Memórias
Póstumas de Brás Cubas onde se lê o célebre "antes cair das nuvens que
de um 3º andar".
Alguns aforismos famosos:
● "A Sociedade se compõem de duas grandes
classes: aqueles que têm mais refeições do que apetite e aqueles que têm mais
apetite do que refeições." (Nicolas Chamfort)
● "A hipocrisia é a homenagem que o vício
presta à virtude." (Rochefoucauld)
● "O patriotismo é o último refúgio do
canalha." (Samuel Johnson)
● "A maioria dos colecionadores de versos
e provérbios age como se estivesse comendo cerejas ou ostras, escolhendo
primeiro as melhores e acabando por comer todas." (Nicolas Chamfort) ®Sérgio.
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