sexta-feira, 8 de maio de 2009

AFORISMO: O LIVRO DE UMA LINHA

 Há, em Grego, duas palavras muito semelhantes: aphórisma = "posto à parte", e aphorismós que, entre outras acepções, significa "definição curta, sentença", que deu ao Latim o vocábulo aphorismu, que por sua vez, originou o "aforismo" na língua portuguesa.
O filósofo alemão Friedrich Von Schlegel, um dos grandes teóricos do romantismo, definiu-o como "a maior quantidade de pensamento no menor espaço". O americano Mark Twain chegou a uma definição parecida: "Um mínimo de som para um máximo de sentido". O aforista Karl Kraus em uma definição mais inspirada: "O aforismo jamais coincide com a verdade: ou é meia verdade ou verdade e meia". Por fim, Leonid S. Sukhorukov: "Um aforismo é um romance de uma linha".
O termo foi empregado inicialmente por Hipócrates (século V a. C.) em sua obra Aforismos, que reúne 413 máximas agrupadas em sete seções, resumindo todos os conhecimentos da medicina, baseadas na experiência e observação da época. O termo significava toda proposta ou sugestão sucinta, ou seja, encerrava um saber medicinal baseado na experiência e que pode ser considerada norma ou verdade dogmática (com caráter de certeza absoluta).
A obra de Hipócrates inicia com um aforismo que se tornou célebre e exemplar: "ars longa, vita brevis". Esta é mais uma daquelas raras frases em que o significado é mais do que discutido. O que geralmente é entendido por "ars longa, vita brevis" é algo na linha de: "a arte é longa, a vida breve”; ou "a arte dura eternamente, mas os artistas morrem e são esquecidos".
Com o tempo o termo se estendeu para outros ramos do conhecimento, como as Leis, as Políticas e as Artes; geralmente relacionadas a uma reflexão de natureza prática ou moral.
Desse alargamento de sentido resultou uma relação de significado muito próxima e quase completa entre os vocábulos aforismo e máxima. Além da máxima, tem suas fronteiras pouco definidas com o aforismo, o provérbio, o dito, o ditado, o adágio, a sentença e o apotegma.
Thomas Jefferson, famoso presidente americano, manteve por décadas um caderno para anotar suas máximas favoritas. O francês Michel de Montaigne gravou pensamentos de autores antigos, como Sócrates, Sófocles e São Paulo, no teto de seu quarto. Obras de ficção também contêm sua cota de aforismo; Machado de Assis incluiu um capítulo de aforismo em Memórias Póstumas de Brás Cubas onde se lê o célebre "antes cair das nuvens que de um 3º andar".
Alguns aforismos famosos:
"A Sociedade se compõem de duas grandes classes: aqueles que têm mais refeições do que apetite e aqueles que têm mais apetite do que refeições." (Nicolas Chamfort)
"A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude." (Rochefoucauld)
"O patriotismo é o último refúgio do canalha." (Samuel Johnson)
"A maioria dos colecionadores de versos e provérbios age como se estivesse comendo cerejas ou ostras, escolhendo primeiro as melhores e acabando por comer todas." (Nicolas Chamfort) ®Sérgio.

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