Aí
vai uma história de Pedro Malasarte; história tão certa como ela se passou, que
nem contada em letra de forma, ou pregada de púlpito, seria tão verdadeira.
Chegando,
certa vez, Pedro Malasarte à cidade, logo se meteu em divertimentos e gastou
todo o dinheiro. Mas antes que ficasse de todo limpo comprou uma panelinha de
ferro, com três pés para apoiar sobre o fogo, uma matula e seguiu viagem.
Já era por umas onze da manhã, quando avistou um rancho desocupado.
Apertado de fome, resolveu descansar ali. Fez fogo, pôs a panela de três pés
com a matula a aquecer.
Mal acabara de aquecer a matula, vem chegando uns tropeiros. Pedro
Malasarte mais que depressa pôs um monte de terra sobre o fogo, de modo que não
ficou um graveto a vista, e ficou muito quieto diante da panelinha que
fumegava.
Os tropeiros vendo aquilo ficaram muito espantados e perguntaram:
— Que moda é essa, caboclo, de cozinhar sem fogo?
Pedro respondeu logo:
— Isto não é para todos. Pois não vêem que minha panela é mágica?
— Então, ela cozinha sem fogo?
— É como estão vendo, e a qualquer hora. Mas como o médico me disse que
estou por poucos dias e precisando de dinheiro para encomendar o corpo, posso
negociá-la.
Os tropeiros viram na panela um verdadeiro achado; provaram da comida e
acharam tudo muito bom.
Compraram a panela, pagando por ela o preço que Pedro Malasarte lhes
pediu.
Vinha caindo à noite, quando os tropeiros foram cozinhar sem fogo e
deram com a trapaça de Malasarte, que já tinha sumido nesse mundo de Deus.
Pois foi assim que aconteceu e já lá vão quarenta e cinco anos ou
talvez cinqüenta, que nisto de contagem de anos não sou nenhum sábio da Grécia. ®Sérgio.
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