terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A FARSA

A farsa - principal forma de teatro cômico medieval -, despontou no crepúsculo da Idade Média francesa, por volta do século XVI. A princípio consistia numa breve peça cômica, apresentada, a modo de intervalo, no meio dos mistérios (peça de longa duração sobre a história da religião); mais tarde passou a desenvolver existência autônoma. Por sua origem cômica, a farsa tende para a comédia de costumes e de caracteres.
Dentre todas as peças curtas do teatro profano, este tipo pretende provocar o riso sem intenção didática ou moralizante; mas sim, a partir de exageros tirados da observação da vida quotidiana. A farsa depende mais da ação do que do diálogo; mais dos aspectos externos (cenários, roupas, gestos, etc.) do que do conflito dramático. É simples (não usa alegorias), é maliciosa, grosseira e direta (vai diretamente as coisas). Mostra gente do povo em seu ambiente familiar. Seus personagens, em número restrito, são tirados da vida urbana em desenvolvimento. Não estão investidos de requintes psicológicos, mas representam "condições" (marido, mulher, amante, patrão, empregado), ou tipos facilmente reconhecíveis tomados à burguesia (o comerciante, o advogado, o louco, o médico, o tolo, etc.). Seu esquema repousa no trapalhão, enganado por alguém mais esperto.
A farsa se distingue da comédia propriamente dita por não observar regras de verossimilhança e difere da sátira ou da paródia por não pretender questionar valores. Também é possível definir a farsa como o oposto da fábula, na medida em que a farsa, ao contrário da fábula, apresenta o que se pode denominar de uma falso moral.
Dentre os numerosos exemplares desse gênero (mais de cento e cinquenta) produzidos entre 1440 e 1560, época de seu florescimento, destaca-se La Farce de Maîte Pathélin,  composta entre 1460 e 1470. Após exercer notável influência sobre o teatro seiscentista (Molière, Shakespeare, Commedia Dell'arte) a farsa continou até nossos dias com Labiche, Tristan Bernard, para citar apenas dois nomes. A comédia romântica, não raro, utilizou expedientes peculiares a farsa. ®Sérgio.

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