segunda-feira, 16 de maio de 2011

COMO MALASARTE IMPEDIU QUE O MUNDO DESABASSE

Vinha Pedro Malasarte viajando por uma estrada, quando lhe deu vontade de verter água. Encostou-se a um paredão pertencente a uma bonita chácara. E quando estava no melhor, apareceu o dono da chácara, de bota e espora, alumiando raiva nos olhos, armado de uma baita espingarda, a perguntar-lhe quem tinha lhe autorizado fazer aquilo ali. Malasarte disfarçou e respondeu:
— Ah! Meu senhor, desde manhã que estou aqui encostado, sem comer, nem beber, só por causa dos outros.
— Por causa dos outros? Como, assim, por causa dos outros?
— Estou escorando o mundo.
— Ara sô, você está doido!
— Pois é verdade, seô patrão, vinha eu caminhando com meus pensamentos, no meu quieto, mas, quando cheguei neste lugar, me apareceu a figura de um anjo que veio descendo do céu, envolto em luz muito brilhante, que me disse estas palavras:
— Por ordem do senhor Deus o mundo vai acabar à meia-noite de hoje.
Imagine o susto que não levei! Mas o anjo me aquietou:
— Há um remédio para se evitar isso: é encontrar alguém que escore este muro, desde este momento até depois da meia-noite. Se é só isso, não tem problema, respondi ao anjo, vou cortar uma estaca...
— Não, não há tempo. Antes de um minuto o muro deve estar escorado. E me empurrou para aqui onde me acho sem poder arredar o pé, pois, se saio, o mundo vem abaixo.
— Deveras! Então, é melhor você escorar bem esse muro.
— Ah! Se o patrão me fizesse o favor de tomar um bocadinho meu lugar enquanto eu vou ali ao mato cortar uma escora para o muro, tudo estará arranjado, mesmo porque se eu ficar aqui por mais tempo, não vou resistir e o mundo virá abaixo. Ninguém escapará, a morte é certa.
O chacareiro pensou e resolveu tomar o lugar de Pedro que prometeu voltar logo com a escora, e até hoje ele está esperando. ®Sérgio.

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