quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

APOLO E JACINTO: UM CASO DE AMOR

Apolo - deus do Sol, filho de Zeus e da ninfa Leto, irmão de Artemis (Diana) deusa da caça - apaixonou-se por um jovem mortal chamado Jacinto. É verdade! Como isso aconteceu? Bem... o que eu sei é que:
Jacinto era um jovem de rara beleza e muito apreciado pelos deuses do Olimpo. Segundo a lenda, ele nasceu em Esparta, fruto da união de Clio, uma das musas, e de um mortal. Além de belo, Jacinto também era musculoso e forte, predicados que chamaram a atenção de Apolo. Apaixonado pelo jovem, o seguia aonde quer que ele fosse.
Entretanto, Jacinto também era cortejado pelo poeta Tamiris e por Zéfiro (o vento oeste), que o conhecera antes do deus do Sol. Podiam, eles se colocaram contra Apolo? Tamires acreditava que sim. Então, para se livrar do poeta, Apolo diz às musas que ele se gabava de cantar melhor do que elas. As musas, iradas e vingativas, lhe retiraram a voz, a visão e a memória. Foi o fim de Tamires. Zéfiro, que muito bem conhecia os poderes de Apolo, permaneceu contrariado. Porém, um ódio surdo crescia em sua alma, despertando-lhe a vingança.
Aconteceu, pois, que num belo dia, quando os amantes se divertiam com um jogo - Jacinto se distinguia em todos os esportes –, Apolo lançou o disco de tal maneira, que Jacinto, entusiasmado com o lançamento, correu adiante para pegá-lo e ao mesmo tempo medir a distância percorrida pelo disco. Era a oportunidade que Zéfiro - amargurado pela preferência de Jacinto por Apolo - aguardava. O Vento Oeste, escondido em meio à folhagem de uma árvore, agarrou o disco em pleno voo, e lançou-o contra o crânio¹ de Jacinto, que caiu morto no mesmo instante. Apolo, cheio de profundo e íntimo desespero, correu até ele, levantou-o nos braços, mas a cabeça do jovem sem vida tombou sobre os ombros do deus do Sol. Eis a crueza medonha da morte. Eis o choque. Apolo era a própria imagem da tristeza infinita e do desespero inenarrável. O que era desejo se trocou subitamente em dor.
Sentindo-se o único culpado pela morte de Jacinto, Apolo jura que ele viverá para sempre na sua lira e como uma flor que renascerá em cada primavera. Dito e feito, no mesmo instante que o sangue de Jacinto chegou ao chão, se transformou numa flor do mais belo colorido; muito semelhante ao lírio, porém, roxa. Jacinto, a flor que renasce toda Primavera, relembrando o destino do jovem.
Afirmam estudiosos e pesquisadores, que a flor mitológica, não tem nada a ver com a flor do jacinto que conhecemos; a do mito, dizem, talvez se trate de alguma espécie de íris, de esporinha ou de amor-perfeito.
Wolfgang Amadeus Mozart compôs, em referência a esse mito, a ópera (em latim) Apollo et Hyacinthus seu Hyacinthi metamorphosis (Apolo e Jacinto ou metamorfose de Jacinto)  baseado no texto de R. Widl. Estreou em 13 de maio de 1767 na Aula Magna da Universidade de Salzburgo. ®Sérgio.
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1 – Em outra versão, Zéfiro não é responsável pela morte de Jacinto. Apolo atingiu-o sem querer.
Ajudaram na elaboração deste texto: Bulfinch, Thomas, O Livro de Ouro da Mitologia: Histórias de Deuses e Heróis, 26. Ed., Rio de Janeiro, 2002, Ediouro. / Gandon, Odile. Deuses e Heróis da Mitologia Grega e Latina. 1. São Paulo: Martins Fontes, 2000. / http://wikimediafoundation.org
Imagem: A Morte de Jacinto, 1801, óleo sobre tela de Jean Broc (1771-1850).

Um comentário:

  1. Tempo bom aquele em que as aulas magnas das Universidades eram oportunidade para se apresentar músicas inéditas de valor; tempo bom também teria sido aquele em que se acreditava em muitos deuses e eles eram mortalzinhos como nós. E ainda tem gente que massacra os gays da vida.

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