terça-feira, 6 de julho de 2010

A TRADIÇÃO DO SANTO ROUBADO

Tenho um amigo cuja leitura favorita é antigos livros dos mais variados assuntos. Uma noite dessas, conversava com meu amigo e não me lembro, mais, de como a conversa recaiu em um antigo costume do interior da Paraíba. Não sei se esse costume ainda é praticado por lá, mas, com toda certeza, era.
Há uma frase filosófica que diz que a qualidade mais preciosa da arte, do costume, da tradição popular é a ingenuidade. E a tradição do santo roubado para que chova é mais um ato da magia popular que vem comprovar essa filosofia.
Um grupo de paraibanos combina com certa antecedência o roubo de uma imagem de santo. Escolhem o ladrão do santo e a casa onde deve o padroeiro ser tirado. De acordo com o combinado o plano é executado. Roubado, fica o santo em poder da pessoa que o roubou, até que ele (o santo) resolva fazer chover, quando, então, é devolvido.
Aqui, no meu Mato Grosso do Sul, chuva não falta. E, ao contrário do costume paraibano, há uma tradição muito antiga para fazer cessar a chuva, da qual, eu, na minha meninice, fiz uso muitas vezes. Vou lhe ensinar direitinho: Para fazer cessar uma chuva incômoda e inoportuna faça no chão o olho do sol, também chamado de olho de boi. Finque o calcanhar no chão e curve fortemente o dedão do pé para baixo; rode o pé, de modo a obter um círculo perfeito pelo dedão, com o sinal do calcanhar no meio. Assim, o sol é invocado e, rapidamente, a chuva cessa e ele aparece.
Fora cessar a chuva, tem uma simpatia muito boa para aquela visita que está demorando a ir embora e você não aguenta mais fazer sala. Peça para alguém de casa jogar um pouquinho de sal no fogo do fogão. A visita logo vai embora.
Você costuma (como eu costumo) perder alguma coisa em sua casa e não consegue encontrar? Pegue uma palha de milho e dê nela três nós, com o que se amarra o diabo que está escondendo o objeto; e o perdido aparecerá. Mas, depois de encontrá-lo não se esqueça de desmanchar os nós, se não tudo de ruim acontecerá na casa.
Têm outras, como chamar o vento, como impedir a chuva, como ter boa pescaria, para só citar essas. Outra hora eu lhe ensino, porque agora tenho de ir até a cozinha fazer uma simpatia para acabar com as formigas doceiras.
Inté! ®Sérgio.

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