José Abreu Albano (1882 – 1923), é um poeta quase desconhecido em nossa literatura. Cearense, mas, educado em colégios da Inglaterra, Áustria e França, esteve inteiramente fora de nossa poesia.
Albano foi um homem triste. Uma crise mais forte de melancolia exigiu seu internamento por um ano em uma casa de saúde. Ele confessa, no mais famoso de seus sonetos, essa melancolia:
Poeta fui e do áspero destino
Senti bem cedo a mão pesada e dura
Conheci mais tristeza que ventura
E sempre andei errante e peregrino.
Vivi sujeito ao doce desatino
Que tanto engana, mas tão pouco dura;
E ainda choro o rigor da sorte escura,
Se nas dores passadas imagino.
Como agora me vejo isento
Dos sonhos que sonhava noite e dia
E só com saudades me atormento;
Entendo que não tive outra alegria
Nem nunca outro qualquer encantamento
Senão de ter cantado o que sofria.
No entanto, os versos que me tocaram a alma são estes em que ele diz coisas tristes e suavíssimas, e, conforme M. Bandeira, “versos que pareciam cantiga para adormecer a sua loucura”:
Há no meu peito uma porta
A bater continuamente:
Dentro a esperança jaz morta
E o coração jaz doente.
Em toda parte onde eu ando
Ouço este ruído infindo:
São as tristezas entrando
E as alegrias saindo.
José Abreu Albano faleceu em Montauban (França), onde estão seus restos mortais, a 11 de julho de 1923. ®Sérgio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário