domingo, 11 de outubro de 2009

A INTRANSIGENTE VISÃO DO FREI AMADOR

Para muitos pregadores da verdade, não existe no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, criatura alguma que em si e por si mesma possua a sapiência e as virtudes divinas que eles propagam terem.
Tocar nesse assunto me fez recordar do Frei Amador Arrais, que tive a oportunidade de ler quando estudava Literatura Portuguesa no curso de Letras.
Frei Amador (1530-1600), ortodoxo cristão, pertencia à Ordem dos Carmelitas Descalços, e publicou, em 1519, a obra "Diálogos", um precioso documento da cultura portuguesa do Renascimento. A obra é composta de dez diálogos, numa prosa límpida, de qualidade e que se tornou clássica, travados entre Antíoco, um homem doente, e uma série de pessoas que o visitam.
O excerto que transcrevo abaixo, intitulado: "Em que consiste a verdadeira sapiência", acho que serviria, muito bem, para alguns "sapientes" de hoje:
"[...]. Se quiser conhecer o quanto tem de sábio volva os olhos atrás, lembre-se quantas vezes na carreira de sua vida haja tropeçado, quantas caído, quantas errado, quantas coisas vergonhosas, quantas dignas de dor e arrependimento haja cometido, e, sobretudo conheça, e confesse suas imperfeições e faltas. Poucos são os verdadeiros letrados e quase nenhuns os sábios; porque uma coisa é sabiamente falar, e outra sabiamente viver, uma é chamar-se sábio, e outra sê-lo: como também uma coisa é nomear-se de prudente, e outra sê-lo realmente."
Esta é a intransigente visão de Frei Amador Arrais. Cabe a você julgá-la e concordar comigo ou não. ®Sérgio.

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