quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O TEATRO MELODRAMÁTICO

No princípio do século XVI, o melodrama indicava a tentativa de reproduzir as características do teatro greco-latino, ou seja, buscava a união da ação teatral e a música. Dessa tentativa, no final do mesmo século, o melodrama passou a ser considerado sinônimo de «ópera»; e assim permaneceu até meados do século XVIII. A seguir, passou a designar a declamação de qualquer texto com acompanhamento musical. De 1790 em diante, finalmente o melodrama perde o suporte musical e passa a ser um tipo de peça autônoma, em prosa e de caráter eminentemente popular, visto que o intelectualismo das classes mais elevadas deixa as pessoas muito racionais e menos emocionáveis.

Para ser mais preciso, o melodrama teatral surge oficialmente como gênero em 1800 com a obra «Coeline» de René-Charles Guilbert de Pixérécourt (1773-1844), autor de sessenta e três melodramas, definindo um tipo de espetáculo cênico em torno de ingredientes fáceis, explorados ilimitadamente: o sentimentalismo (não raro beirando o patético), o suspense, assassínios, mistérios, incêndios, cenas de medo, equívocos que se desfazem por milagre, ritmo ofegante, sem obediência à verossimilhança, epílogos felizes, linguagem despojada e de imediato entendimento. Daí seu caráter popular; é a oportunidade de purificação (catarse) dos mais pobres, menos intelectualizados, pois esse era o objetivo do melodrama: impressionar e comover cada espectador.

O melodrama teatral surgiu com grande sucesso de público em temporadas que, pela primeira vez na história do teatro, ultrapassaram as mil representações, isto o fez o primeiro gênero teatral de características internacionais do século XIX; e, posteriormente, fez com que o melodrama teatral fosse absorvendo e exportando elementos a todos os estilos, formas e gêneros artísticos que surgiram durante este período, como o Drama Romântico e, principalmente, o Folhetim.

Uma das vertentes do melodrama foi o gótico, onde o autor apresentava como personagens, espíritos que retornavam de outra dimensão para exigir justiça, fantasmas, acontecimentos sobrenaturais.

Ao final do século XIX, as novas propostas estéticas que surgiam, passaram a considerar as formas de interpretação do melodrama antinaturais, ou melhor, sinônimo de uma interpretação exagerada, de apelo fácil à platéia.

Não obstante, ter sido substituído pelo drama romântico, o melodrama deixou marcas permanentes no teatro e na própria ficção, e chegou até nossos dias. Além de eventuais representações que lembram o velho estilo, é visível a sua presença nas novelas, mini-séries, seriados, tele-comédias, programas de auditórios, entre outros. Todos buscando uma linguagem popular para um o telespectador comum. ®Sérgio.

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Informações foram extraídas e adaptadas ao texto de:

BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. Editora Perspectiva, São Paulo, 2001.

VASCONCELLOS, Luiz Paulo. Dicionário de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2001.

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