quarta-feira, 20 de maio de 2009

O ESPLENDOR DA MEDIOCRIDADE LITERÁRIA

Afirmam alguns literatos que, regra geral, a obra total de um escritor de fama é uma série de livros que vão da mediocridade ao esplendor literário. Há exemplos que confirmam essas afirmações; um deles é a obra de Cervantes. Se formos verificar, veremos que a glória inteira de sua obra está na cúpula de uma enorme pirâmide literária: D. Quixote; o resto ficou para sempre mergulhado na sombra, como um grande casarão que só conserva iluminado, no meio da noite, o andar mais alto.
Certos ou não, o fato é que nem sempre obtemos o êxito que esperamos. Um dos melhores autores da recente safra inglesa, David Mitchell, viu um trecho de seu romance Black Swan Green, ser considerado a pior cena de sexo em um romance:
 "Ela ofegou e o abraçou com as pernas, batraquiamente. E então as solas sujas dela se encontraram, como se ela estivesse rezando. E então a pele dele brilhou com um suor de leitão assado. E então ela fez um ruído como um Smurf torturado."
Pior que o trecho de David é o de Irvine Welsh, no seu Bedroom Secrets of de Master Chefs:
 "Deitada na cama, a velha era monstruosa, com rugas de carne flácida se espalhando pelo lençol. Um aroma pútrido subiu do suor acumulado nas suas dobras de pele. — Pensei que você era maior — ela disse quando Skinner tirou sua calça Calvin Klein."
É incrível como Welsh, autor do famoso Trainspotting, consegue transformar o sexo em uma experiência grotesca.
Renomados críticos afirmam que é uma tolice comum aos escritores contemporâneos, a idéia de que o sexo representa um rompimento de convenções. E ainda, que nada mais batido do que descrever o momento do êxtase como uma explosão. Pois, foi o que fez Ian Hollingshead:
 "Ela abre meu cinto. A expectativa me faz gemer. E então estou dentro dela, e tudo é branco puro quando nos perdemos em um êxtase de grunhidos e guinchos, imagens rápidas, desconexas, e explosão de pequenas partículas."
Salve-se quem puder! ®Sérgio.

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