As lendas indígenas são
lendas interessantes, geralmente de fundo histórico; algumas vezes
reminiscências, restos de fatos verídicos, conservados parcialmente pela
tradição histórica.
O conselho indígena
obrigou uma formosa jovem a se casar com um rapaz, contra a sua vontade. Ela
não gostava do marido de jeito nenhum. À noite, quando ele vinha se deitar,
tentando abraçá-la, ela descia da rede e ficava de costas. Toda noite era
assim. Para ver se aos poucos ela se acostumava, o pai convidou o genro para
caçarem no mato, levando-a junto. Mas ela continuava a não querer dormir com o
marido. O pai teve uma ideia. Pegou muitos vaga-lumes (bagapbagawa man, na língua
indígena). Então, sem que a filha percebesse, pregou os de vaga-lumes nos
cupins (txapô). Fez isso de dia. Atou a rede da filha bem pertinho do ninho de
cupim (munduru), e a rede do marido do outro lado. Assim, fez uma cabana (tapiri)
entre as duas redes.
Anoiteceu, jantaram, e a
moça deitou na própria rede. Dormiu. Quando foi no meio da noite, acordou e viu
aquele munduru alumiado. Assustou que só vendo e deitou com o marido. Nunca
mais o largou, e até hoje é possível ver a luz do munduru. ®Sérgio.
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