sábado, 26 de novembro de 2011
OS CABOCLOS QUE SE INVEJAVAM
Conta o povo, que viviam num lugar pequeno, muito
afastado dos centros mais civilizados, dois homens que se queriam muito mal. Os
moradores da região tentaram de tudo para fazê-los amigos; porém, como o ódio
era de coração, não durava neles a amizade que prometiam. Esse ódio, cada vez
mais forte, acabou incomodando o Criador. De maneira, que ele resolveu enviar a
Terra um de seus assistentes, a fim de inquirir ambos os homens, o melhor que
pudesse, para saber a causa de tanto ódio; porque sabendo o princípio do mal,
mais fácil se faria a paz.
O Criador logo tomou ciência de que era pura inveja
que cada um tinha dos bens e da fazenda do outro, porque nisto eram quase
iguais e abastadamente ricos; porém, cada um desejava ver-se acima do outro,
ainda que fosse à custa de ver o outro perdido e destruído. O mesmo mal que um
queria ao outro, lhe queria o outro a ele.
Desejoso de levar a paz a ambos, o Criador envia
outro emissário, que os encontra em pleno bate-boca e lhes diz:
— Sejam amigos e nosso Pai terá o prazer de lhes dar
tudo o que quiserem pedir do Reino dele. Porém, com uma condição: o que um
pedir, para não haver inveja, ao outro ele dará em dobro.
Eles, a primeira vista, aceitaram e agradeceram ao
emissário, crendo que cada um ficaria avantajado ao outro; porém quando caíram
na conta que, ainda que um pedisse muito, o outro receberia dobrado; nenhum
queria ser o primeiro a pedir, para não ficar com menos que o vizinho.
Tal situação irritou o Criador que desceu a Terra e
lhes ordenou que sorteassem a quem coubesse pedir primeiro. Feito o sorteio,
àquele que coube pedir, ficou um instante a meditar e depois prosseguiu, nestes
termos:
— Senhor, eu já sei o que hei de pedir e se cumprir
a sua palavra, ficarei contente e amigo do meu vizinho.
O Criador prometeu cumprir sem falta; então, ele se
pôs de joelhos, beijou-lhe a mão, e logo pediu:
— Senhor, tire-me um de meus olhos!
O Pai Eterno, espantado com o pedido, lhe diz:
— Jesus! E por quê?
E o homem tornou a dizer:
— Porque, conforme a sua promessa se me tirarem um
olho, hão de tirar os dois olhos dele; e assim, vendo este dano, eu me contento
e serei amigo do meu vizinho.
Pois é, a inveja é o diabo! ®Sérgio.
____________________
Nota Sobre o
Texto: Este conto foi inspirado em um “caso” que circulava na tradição popular
lusitana.
CASAS DE MADEIRA OU DE MADEIRAS
Raramente, mas muito raramente se
pluraliza o adjunto adnominal ligado por preposição:
●
Casas de madeira.
●
Árvores da praça.
●
Anéis de noivado.
●
Noites de tempestade.
●
Eram noites de inverno.
●
Os jogos de futebol foram suspensos até segunda
ordem.
●
Havia muitas casas de sapê.
●
Sabia muitas canções de natal.
●
Adoro pastéis de forno. ®Sérgio.
A SER OU A SEREM? - Verbos & Dúvidas
A forma correta é [a ser]. A razão é que, quando temos dois ou mais verbos se
referindo a um mesmo sujeito (locução verbal), só o primeiro deles deve
flexionar-se para concordar com o sujeito, ou seja, só ele é conjugado. É por
isso que se diz “Eles precisam ser mais humildes” e não “Eles precisam serem
mais humildes”. A flexão do infinitivo seria supérflua, já que está claro que
seu sujeito é o mesmo do verbo anterior:
● Os
débitos devem ser corrigidos.
● Eles
tendem a ser teimosos.
● Os
compromissos não podem deixar de ser
cumpridos.
● O
caixa separou os produtos a ser
substituídos.
● O
filme veio a ser transformado num trunfo
valioso para todos.
● Estudou as obras a ser
utilizadas no exame do ENEM. ®Sérgio.
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