Você acreditaria que o
papel higiênico quando foi inventado encontrou resistência para ser aceito? É
um detalhe sórdido, porém verdadeiro. Pois a higiene pessoal, tal como a
concebemos hoje, só começou a se estabelecer no século XIX, antes disso, as
pessoas não só toleravam a sujeira como também, muitas vezes, nutriam certo
deleite pessoal com ela.
Pesquisadores famosos
contam que praticamente todas as civilizações da Antiguidade deram grande valor
à higiene pessoal e ao bem-estar físico. No entanto, alguns fizeram uma
constatação chocante e polêmica: o cristianismo representou um retrocesso na
história da higiene. Será?
Eles argumentam que na
Antiguidade os egípcios já fabricavam sabão; na Grécia o banho era uma instituição
cotidiana. Os romanos criaram aquedutos para abastecer suas principais cidades
e frequentavam diariamente banhos públicos, onde o corpo era lavado e esfregado
vigorosamente (não se usava sabão) para tirar a sujeira. Mas, que tudo isso
desapareceu com a queda do império e a ascensão dos cristãos. É claro que o
banho não desapareceu, assim, da noite para o dia. Porém, aos poucos, esses
locais de banhos, foram associados a costumes pagãos e, consequentemente, ao
pecado. Neste caso, vários registros históricos comprovam o fato. Por exemplo,
no século VI era regra da vida monástica a determinação de São Bento de que só
os monges doentes ou muitos velhos fossem autorizados a se banhar. Na maioria
dos monastérios da Europa medieval o banho era praticado três vezes, no máximo,
ao ano. E como a Igreja tinha grande influência entre a população que vivia
fora do claustro, supõe-se que o costume não fosse muito superior a esses três
dias.
Por muitos séculos a
higiene pessoal do cristão europeu não passou de lavar as mãos antes das
refeições e esfregar seus dentes com paninhos, até que a prática de lavar o corpo todo,
retorna-se ao seu cotidiano.
Anotei alguns fatos que
comprovam esse enunciado. Veja:
No palácio de
Versalhes, um decreto de 1715, estipulava que as fezes seriam retiradas dos
corredores uma vez por semana. Ora bem, se decretaram uma vez por semana; eu
suponho que o recolhimento antes do decreto demorava muito mais.
Atribuíam-se perigos ao
banho: lavar o corpo todo abriria os poros facilitando a infiltração de
doenças. Além disso, acreditava-se que a roupa absorvia a sujeira do corpo.
Portanto, era só trocar de roupa todos os dias para manter-se limpinho. No
entanto, Dom João VI, não acreditava muito nesse conceito. Ele detestava banho
e costumava a vestir a mesma roupa até que apodrecesse.
Relatos de palacianos
contam que a rainha espanhola Isabel (1451 – 1504) só tomou, em toda a sua
vida, dois banhos de corpo inteiro.
Hoje a higiene pessoal
parece ter chegado a extremos, especialmente entre os americanos. Alguns
cientistas já alertaram que essa superproteção higiênica está debilitando a
resistência imunológica das crianças e aumentando a incidência de doenças.
Pois bem, mas... e o
papel higiênico? Ainda, segundo os historiadores, o papel higiênico só surgiu
nos Estados Unidos, em 1857; e o produto demorou a vencer a resistência do
mercado pela palha de milho, pela esponja, entre outros. Certo mesmo é que
antes do papel higiênico, cada um se virava como podia. ®Sérgio.